As picapes médias normalmente aparecem por aqui em suas versões topo de linha ou, no máximo, intermediárias. Por isso, desta vez trouxemos algo diferente: a nova Nissan Frontier em sua versão de entrada, a S. Ela tem vocação para o trabalho, por isso não é um problema ser a menos potente e única da linha com câmbio manual.
Logo de cara é possível perceber que a Frontier S, de R$ 245.090 (mesma faixa de preço de uma Ram Rampage, que parte dos R$ 239.990), não é uma configuração focada em passeio. Ela tem aparência despojada, com grade, retrovisores, maçanetas e para-choque traseiro em plástico preto fosco, rodas de ferro de 17 polegadas (os pneus são 255/65), e ausência de itens como estribo, protetor de caçamba e capota marítima.
Faróis e lanternas recebem iluminação comum, halógena, o que não seria um problema caso os faróis fossem de dupla parábola. No caso da Frontier S, são de parábola simples, pouco eficiente para um carro de trabalho que está sujeito a enfrentar rodovias dia e noite, e acessar locais mais difíceis. Ainda na dianteira, o que parecem faróis de neblina são luzes diurnas, também halógenas.
É possível corrigir algumas faltas do modelo, como estribos, protetor de caçamba e capota marítima, oferecidos como acessórios. O mesmo vale para sensores de estacionamento, já que não há nenhum auxílio para manobras, como sensores ou câmera de ré.
Na caçamba, apesar da ausência de proteções, as capacidades são boas. Ela pode levar 1.054 litros, mais do que os 1.000 litros da Hilux, mas menos que os 1.061 litros da S10. Já na carga, são 1.032 kg, considerando ainda a capacidade de reboque de 2.800 kg com freio ou 750 kg sem freio. Neste ponto, a S10 leva a melhor, com 1.108 kg de capacidade e possibilidade de rebocar até 3.500 kg.
O interior da Frontier S é igualmente simples, mas mais agradável ao toque e aos olhos do que o exterior. O painel remete ao de um carro de passeio (olá, antigo Sentra) e tem bom acabamento, apesar de utilizar materiais simples e não ter variações de texturas. Os bancos têm espumas de boa densidade e tecidos suaves.
Mesmo sendo uma configuração de entrada, a picape tem o mesmo quadro de instrumentos das versões mais caras, com mostradores analógicos laterais e uma tela de 7 polegadas colorida ao centro. Por outro lado, não há central multimídia (que está disponível como acessório). No lugar, há um rádio à moda antiga, com reprodução de música via entrada auxiliar e Bluetooth, e apenas 2 alto-falantes.
Ainda entre os equipamentos, há ar-condicionado (analógico), volante multifuncional, luzes diurna (DRL), 6 airbags, assistente de partida em rampas, piloto automático e assistente de descida.
O espaço é outro bom atributo interno da Frontier, que consegue levar três pessoas no banco traseiro sem apertos. Quem for na posição central poderá se incomodar com o console (que, inclusive, tem saídas de ar-condicionado), mas não se preocupará com a acomodação dos pés, já que o assoalho é praticamente plano.
Menos potente e única manual
O motor da Nissan Frontier S é o mesmo das demais versões, um 2.3 biturbo a diesel com injeção direta. Porém, é o mais fraco com seus 163 cv de potência e 43,4 kgfm de torque – nas demais versões são 190 cv e 45,9 kgfm. Por outro lado, ela também é a mais leve, o que compensa na hora do desempenho.
Em nossos testes, a picape foi de 0 a 100 km/h em 12,8 segundos, pouca diferença para os 12,2 da versão Platinum, topo de linha. Isso acontece pelas relações curtas do câmbio manual de seis marchas, que acaba por dar uma dirigibilidade até divertida para a picape, com rápido aparecimento do torque.
Os únicos poréns do câmbio ficam para seu posicionamento, longe da mão direita do motorista, e para a distância entre as marchas, o que pode atrapalhar em uma necessidade de troca mais rápida e cansar no dia-a-dia. Ao engatar as quinta e sexta marchas, possivelmente o motorista encostará na perna esquerda do passageiro.
No consumo, algumas curiosidades. A Frontier de entrada fez as médias de 9,7 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. Ou seja, é mais econômica do que a automática na cidade, mas gasta mais na estrada. Esse maior consumo rodoviário pode ser explicado pela alta rotação em velocidades mais altas, enquanto a versão automática tem sete marchas, jogando o giro mais para baixo.
A direção tem peso correspondente ao tamanho do carro, com ajuste mais leve para manobras, enquanto a suspensão é típica de uma picape e transmite robustez.
Vale destacar que a Frontier tem uma suspensão traseira diferente das concorrentes. Ela diz ser multilink, e pode até ser, porque é ligada ao chassi por múltiplos braços. Só que ela não é independente, é de eixo rígido. Ou seja, o eixo rígido é ligado por múltiplos braços ao chassi, deixando o eixo mais estável. Ela também usa molas helicoidais no lugar das semi-elípticas. A tração é 4×4 com opção de reduzida.
Ficha técnica – Nissan Frontier S
Preço: R$ 245.090
Motor: diesel, dianteiro, 4 cil., biturbo, 1.598 cm3, 163 cv a 3.750 rpm, 43,3 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: manual, seis marchas, tração 4×4
Suspensão: McPherson (diant.) / eixo rígido (tras.)
Freios: discos vent. (diant.) e tambor (tras.)
Direção: hidráulica
Rodas e pneus: 255/65 R17
Dimensões: comprimento, 526 cm; largura, 185 cm; altura, 183 cm; entre-eixos, 315 cm; peso, 2.157 kg; tanque, 73 litros; caçamba, 1.032 kg; capacidade de reboque, 2.800 kg (com freio), 750 kg (sem freio)
Teste Quatro Rodas – Nissan Frontier S
Aceleração
0 a 100 km/h – 12,8 s
0 a 1.000 m – 34,5 s – 150,68 km/h
Velocidade máxima- n/d
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 5,2 s
D 60 a 100 km/h – 7 s
D 80 a 120 km/h – 9,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 14,6/26,3/59,8 m
Consumo
Urbano – 9,7 km/l
Rodoviário – 12,1 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – 44,7/70,3 dBA
80/120 km/h – 65/69,7 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h – 94 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 6a marcha – 2.000 rpm
Volante – 3 voltas