Mesmo sem Dodge Charger e Maverick GT, os anos 1980 foram incríveis para quem gostava de carros: o Opala seis-cilindros começou a década como o nacional mais rápido do mercado, mas logo perdeu o título para o Gol GT.
Era 1984. E o Volks apresentava-se estável e agressivo, do ponto de vista dinâmico, mas tinha visual discreto frente ao comportamento nervoso – falha que seria sanada com o GTS.
Apresentado em 1987, o Gol GTS acompanhou a reestilização da família: frente 5 cm mais baixa, para-choques envolventes e lanternas traseiras maiores.
Os faróis mais largos eram os mesmos utilizados no Voyage e Parati. Por fora, uma decoração exclusiva incluía refletores auxiliares (de neblina e longo alcance), molduras laterais, novas rodas (apelidadas de “pingo d’água”) e aerofólio.
Feroz, a nova versão manteve o status de automóvel mais rápido do Brasil: ia de 0 a 100 km/h em 10,8 s – era o único esportivo a completar a prova em menos de 11 s.
O ronco do escapamento (pouco abaixo do limite permitido), os freios eficientes, a direção rápida e o câmbio de engates curtos eram alguns de seus traços merecedores de elogios.
O elevado desempenho tinha explicação: o motor 1.8 dotado do comando de válvulas 049G (oriundo do Golf GTi). Gerava tanta energia que, por razões tributárias, a potência declarada era de 99 cv – um valor incompatível com o desempenho.
A potência estimada ficava entre 105 e 110 cv. Sobre os concorrentes, apenas o Monza S/R (motor 2.0) e o Passat GTS Pointer chegavam perto.
Além de potente, o GTS era carismático ao ponto de amenizar defeitos: o painel era igual ao do GT e tinha freios subdimensionados. Por outro lado, os retrovisores tinham comando interno, o volante era o “quatro bolas” do Santana e os bancos Recaro vinham de série.
Como opcional, havia rádio com toca-fitas e ar-condicionado – quase sempre dispensado por roubar potência.
O acabamento melhorou na linha 1988. O painel de instrumentos passou a ser o mesmo do Fox (versão do Voyage exportada para os EUA), os vidros elétricos e espelhos retrovisores eram iguais aos do Santana e a manopla do câmbio agora era uma bola de golfe estilizada (herança do Golf alemão). E o melhor: estava mais rápido, com 0 a 100 km/h em 10,6 s.
Embora tenha perdido o posto de nacional mais rápido para o GTI (em 1989), o GTS manteve seu público. Era 56% mais barato que o topo de linha e o preferido dos preparadores, que abusavam da dupla carburação horizontal ou instalavam um turbo.
Reestilizado, o GTS 1991 enfrentava Escort XR3 1.8 e Uno 1.6R, mas continuava imbatível na relação custo-desempenho. Em números absolutos, perdia apenas para o Kadett GSi e o irmão caçula (o Gol GTi), ambos com motor 2.0.
E o GTS 1991 mantinha o ronco e a estabilidade inalterados, mas a queda no desempenho era sensível: ia de 0 a 100 km/h em 11,8 s.
A concorrência evidenciava um ponto negativo do GTS: a ausência de discos ventilados nos freios dianteiros. Mesmo sendo campeão de frenagem, a perda de eficiência em uso severo era sensível e perigosa.
Apesar das boas vendas em vida, poucas unidades permaneceram originais. Um deles é este GTS 1990, que pertence ao colecionador Deivis Felix Martins.
Em fim de carreira, o GTS 1994 trazia direção hidráulica, mas despediu-se com a chegada da segunda geração do Gol. Em 1996, o Gol TSi foi uma tentativa de repetir seu sucesso, mas faltavam itens de série que o “irmão do meio” tinha de sobra: carisma e desempenho.
Ficha técnica – VW Gol GTS
Motor | longitudinal, 4 cilindros, 1.781 cm³, 8V, comando de válvulas simples, alimentação por carburador de corpo duplo; 99cv a 5.600 rpm;14,9 mkgf a 3.600 rpm |
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Câmbio | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Dimensões | Comp., 384,6 cm; larg., 160,1 cm; alt., 137,5 cm; entre-eixos, 235,8 cm; peso, 940 kg |
Desempenho | 0 a 100 km/h em 10,65 segundos, velocidade máxima de 168 km/h |