Clique e Assine QUATRO RODAS por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Clássicos: VW Gol com “motor de Fusca” frustrou mercado – e Ayrton Senna

Ele chegou fraquinho, com o motor 1300 a ar do Fusca, e logo passou ao 1600. Mas o Gol, agora quarentão, só deu certo com motor a água

Por Hairton Ponciano Voz
Atualizado em 25 ago 2020, 14h59 - Publicado em 21 ago 2020, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Gol Copa 1600, modelo 1982, série especial da Volkswagen, em homenagem à Copa do Mundo de Futebol na Espanha. (Marco de Bari/Quatro Rodas)
    Gol Copa 1600, modelo 1982, série especial da Volkswagen, em homenagem à Copa do_1
    Gol Copa 1600, modelo 1982, série especial da Volkswagen, em homenagem à Copa do Mundo de Futebol na Espanha. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Final dos anos 70. A Volkswagen preparava o lançamento de um substituto para o Fusca. Seria um carro bem mais moderno, de tração e motor na frente, com melhor aproveitamento de espaço. O veículo estava quase pronto, mas faltava definir o nome. Entre as opções, Angra era a mais forte. Afinal, na época o assunto energia atômica estava em voga, e o Brasil construía a usina em Angra dos Reis.

    O assunto, porém, era polêmico, porque o medo rondava as usinas. Se algo desse errado em Angra, o problema poderia cair como uma bomba no carro, que não tinha nada a ver com o tema. Na edição de maio de 1980, quando o primeiro teste foi publicado na QUATRO RODAS, a revista dizia que o jornalista Nehemias Vassão, repórter especializado em segredos, havia sugerido o nome Gol ao diretor de pesquisa da VW, Philipp Schmidt. Pegou.

    Quer ter acesso a todos os conteúdos exclusivos de Quatro Rodas? Clique aqui e assine com 64% de desconto.

    O jornalista Claudio Carsughi foi para o teste exclusivo atrás de respostas. Era preciso saber se a Volks havia logrado êxito. Afinal, a missão do carro não era nada fácil: pelas premissas estabelecidas pela montadora, o substituto do Fusca teria de ser “mais moderno do que o Fiat [147], mais espaçoso, se possível mais bonito, tão econômico quanto ele ou mais. E mais barato que a versão mais barata do 147”.

    Continua após a publicidade
    Gol Copa 1600, modelo 1982, série especial da Volkswagen, em homenagem à Copa do
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Inicialmente, o Gol deveria receber motor refrigerado a água, do Passat, mas isso teve de ser adiado. A demanda pelo Passat era grande, e não haveria como abastecer as duas linhas com o motor a água. Por isso, o Gol nasceu com o 1300 a ar do Fusca, com várias modificações.

    Funcionando “de cara para o vento”, a refrigeração melhorou e o radiador de óleo pôde ser dispensado. Além disso, a adoção de uma nova ventoinha economizou potência do motor. O modelo também dispensou o platinado, adotando no lugar a ignição eletrônica.

    Continua após a publicidade

    Com as diversas alterações mecânicas, o motor perdeu peso (14 kg menos que o do Fusca) e ganhou potência: saltou de 46 cv no Sedan para 50 cv. Visualmente, chamava atenção o prosaico saco plástico envolvendo o distribuidor, para evitar infiltração de água.

    Interior do Gol Copa 1600, modelo 1982, da Volkswagen.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O texto elogiava o estilo, “baseado no Scirocco”, além da suspensão dianteira McPherson, semelhante à do Passat. A distribuição de peso (49% na frente, 51% atrás) também foi aprovada, assim como os freios a disco na frente. Mas, na hora das medições, o modelo mostrou limitações.

    O desempenho era superior ao do Fusca, claro, mas menos do que se esperava para um projeto novo. O hatch precisou de 30,3 segundos para chegar a 100 km/h, bem mais que os concorrentes de cilindrada equivalente. Mas a matéria fazia menção ao fato de que o melhor compromisso entre desempenho e consumo estava na faixa de 80 km/h – que era o limite de velocidade na época.

    Continua após a publicidade
    Interior do Gol Copa 1600, modelo 1982, da Volkswagen.
    Interior do Gol Copa 1600, modelo 1982, da Volkswagen. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Parte do problema foi resolvida já em 1981, com a chegada do motor 1600, ainda a ar. O texto da revista começava assim: “O 1300 foi um chute para as arquibancadas; o 1600 é um Gol”. A economia melhorou, e o tempo de aceleração de 0 a 100 km/h baixou para 18,2 segundos.

    Na edição de março de 1984, um jovem de 23 anos chamado Ayrton Senna, recém-chegado à Fórmula 1, testou para a QUATRO RODAS 12 carros nacionais, entre eles o Gol. E não poupou críticas: “Este carro não me agradou em nada. Só achei o volante bem esperto e o motor, em baixas rotações, alegre (…). O desempenho é apenas razoável”.

    Porta-malas do Gol Copa 1600, modelo 1982, da Volkswagen.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Um mês a mais e o jovem piloto poderia ter dirigido o Gol GT 1.8, com motor a água do Santana. O teste impressionou a equipe na edição de abril de 1984, graças a seus 99 cv. E duas edições depois ele atropelou o Escort XR3, então equipado com motor 1.6: enquanto o VW fez 0 a 100 km/h em 11,9 segundos, o Ford precisou de 13,4 segundos.

    O motor 1.6 do Passat chegou ao Gol em 1985, e a partir daí o hatch disparou. Os faróis cresceram, o ruído diminuiu e o desempenho aumentou. A única coisa é que o porta-malas perdeu um pouco de espaço, porque o estepe – que ficava na dianteira – foi para lá.

    Motor a ar do Gol Copa 1600, modelo 1982, da Volkswagen.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A rota de sucesso continuou. Em 1987, chegou o GTS, ainda com motor 1.8. O esportivo tinha desempenho tão bom (0 a 100 km/h em 10,8 segundos), que a revista colocava em dúvida se a potência declarada (99 cv) não era apenas um artifício para driblar o IPVA, que cobrava cerca de 30% a mais para veículos com mais de 100 cv.

    Continua após a publicidade

    E assim o Gol foi subindo, a toque de caixa. Depois do Gol “caixa”, veio o “bolinha”, já nos anos 90, e não parou mais. O restante da história todo mundo sabe.

    VW Gol 1600

    Teste – Maio de 1980
    Aceleração de 0 a 100 km/h – 30,3 s
    Velocidade máxima – 124,7 km/h
    Frenagem 80 km/h a 0 – 33,9 m
    12,4 km/l (médio)

    Preço

    Julho de 1980 – Cr$ 238.612
    Atualizado – R$ 51.100 (IGP-DI/FGV)

    Ficha técnica

    Motor: dianteiro, 4 cilindros opostos, refrigeração a ar, 1 285 cm3; Diâmetro x curso: 77 x 69 mm; Taxa de compressão: 6,8:1; Potência: 50 cv a 4 600 rpm; Torque: 9,2 mkgf a 2 800 rpm
    Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira
    Dimensões: comprimento, 379 cm; largura, 160 cm; altura, 137 cm; entre-eixos, 236 cm; peso, 800 kg
    Suspensão: dianteira: independente, McPherson; traseira: eixo rígido

    Continua após a publicidade

    Maio de 1980

    “O Gol é um carro novo, bonito, que representa uma evolução em relação ao velho Fusca e incorpora algumas soluções técnicas bem modernas, como é o caso da ignição eletrônica (…). QUATRO RODAS testou exaustivamente a versão L do Gol (…), e considera-o um carro destinado a ter êxito, pela beleza e funcionalidade de suas linhas, pelo conforto que oferece ao motorista (…). O Gol deverá agradar muito, embora não seja tão econômico como poderiam crer nem tenha desempenho comparável ao de carros de mesma cilindrada.”

    Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.

    Clássicos: VW Gol com “motor de Fusca” frustrou mercado – e Ayrton Senna

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Responda a pesquisa e leia essa matéria grátis
    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 14,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.