VW Virtus Sense faz 20 km/l e também economiza em outras coisas
Sedã turbo mais barato do Brasil economiza em itens de tecnologia, mas entrega espaço e bom rendimento. Foca nos frotistas, mas pode interessar ao particular

O VW Virtus Sense é o sedã turbo mais barato do Brasil: ele parte de R$ 108.990, próximo do que cobram seus rivais Chevrolet Onix Plus (R$ 105.490) e Hyundai HB20S (R$ 103.010), ambos equipados com motor aspirado.
Mas, ao contrário dos demais modelos Sense (como T-Cross e Nivus), com ênfase no público PcD, o Virtus quer servir, principalmente, frotistas – e, para isso, faz significativas economias – embora se torne uma oferta tentadora para particulares pensando no preço. Será que compensa?
Na aparência, o Virtus de entrada tem altos e baixos. Ao mesmo tempo que mantém os faróis e as lanternas com leds das demais versões, além de cromados na dianteira, deixa de ter maçanetas e retrovisores pintados, e troca as rodas de liga leve por calotas de 15” na cor preta. A carroceria pode ser pintada nas cores branca, preta, prata, cinza e azul, ao contrário do T-Cross Sense, oferecido apenas em preto, branco e prata. Também ao contrário do SUV, ele mantém o logotipo “TSI” na tampa traseira.

Por dentro, a simplicidade fica mais evidente, sobretudo pela ausência de uma central multimídia. No lugar, há um sistema de som com conexões via USB ou Bluetooth, e uma pequena tela monocromática.
Para compensar, o quadro de instrumentos é digital de 8”. Mas há mais perdas. O ar-condicionado é sempre analógico e a chave não é presencial, mas canivete e com comandos para travar e destravar o carro. Os faróis, apesar de serem full-led, não são automáticos, os retrovisores têm ajustes manuais e não há sensores de estacionamento ou câmera de ré.

Os sensores e a câmera são, certamente, as maiores faltas em um carro que mede 4,56 m de comprimento e tem uma traseira bastante alongada, características que dificultam manobras (ainda mais para quem já se acostumou com os sistemas de auxílio, bem comuns hoje em dia). Pelo menos, há piloto automático com limitador de velocidade, seis airbags e assistente de partida em rampas.

O acabamento é despojado, sem grandes contrastes de cores ou materiais (com exceção das maçanetas, em preto brilhante), predominando o plástico preto rígido, apenas com variações de texturas. Não existe sequer apoio macio para os braços nas portas (dianteiras e traseiras). Os bancos, por sua vez, são bonitos e confortáveis – apesar de utilizarem um tecido mais simples no revestimento e terem o encosto de cabeça embutido.

No banco traseiro já é esperada a falta de saídas de ar-condicionado pelo posicionamento do modelo, mas ele peca mesmo por não ter portas USB, já que ainda é um carro familiar ou que levará mais do que apenas ocupantes dianteiros. No lugar, há um porta objetos para pequenas coisas. Ao menos há iluminação, item excluído do T-Cross Sense.
O espaço segue como uma das virtudes do sedã e faz sobrar conforto para pernas e cabeça. Caso seja necessário utilizar o assento do meio, o ocupante precisará driblar o túnel central, mas não é das piores missões entre a concorrência. Ainda sobre espaço, o Virtus vai muito bem no porta-malas, com seus vastos 521 litros e bom vão de abertura.

Eficiente e divertido
O conjunto mecânico revela o motivo pelo qual o Virtus Sense não se destina ao público PcD, mas às frotas de empresas: ele traz câmbio manual de cinco marchas, ao contrário do automático utilizado nos demais modelos com o mesmo sobrenome.

A transmissão acompanha o motor 1.0 turbo de 116/109 cv (etanol/gasolina) e 16,8 kgfm e forma um conjunto não apenas eficiente, mas também divertido. Nos nossos testes, feitos com gasolina, o modelo foi de 0 a 100 km/h em honrosos 11,4 segundos.
Indo além dos números, o Virtus Sense tem uma condução prazerosa e que, de fato, diverte. Com as primeiras marchas de relações curtas, um câmbio de engate justo e preciso e o torque do motor que aparece cedo, aos 1.750 rpm, ele é ágil e tem ótimas arrancadas e retomadas. É um comportamento que agrada tanto na cidade quanto na estrada.

As últimas marchas, especialmente a quinta, têm relações longas, pensando no consumo, mas não apagam o desempenho. Em rodovias e marchas mais altas, ainda é possível recuperar o fôlego em boa parte das situações, sem que seja necessário fazer reduções – em aclives acentuados, isso precisará ser feito para maior agilidade da manobra.
A direção ajuda com peso certo e ajuste direto. A suspensão, que tem acerto mais firme e torna a condução mais estável sem prejudicar o conforto (este tem ainda a ajuda dos pneus de perfil alto, 195/65). Em velocidades mais altas, curvas mais fechadas ou recorrentes ondulações no asfalto, o Virtus terá rolagem e balanço mínimos da carroceria.

O Virtus vai muito bem na economia de combustível – sem ser aborrecido de dirigir. Em nossa pista de testes, ele alcançou as médias de 14,7 km/l, na cidade, e impressionantes 19,5 km/l, na estrada, sempre com gasolina. Como comparação, o Onix Plus turbo fez 12,8 km/l, na cidade, e 16,4 km/l, na estrada, enquanto o HB20S turbo 12,7 km/l, no ciclo urbano, e 17,1 km/l, no rodoviário. Em ambos o câmbio é automático.
Com bons atributos mecânicos e espaço de sobra, o Virtus Sense fica devendo em itens de tecnologia e conforto. Porém, vale relembrar o posicionamento do modelo, que se foca nas empresas, seja para frotas grandes ou pequenas, ou para locadoras, que terão descontos em vendas para CNPJ.

Assim, é possível que para esse cliente certos itens não façam falta, mas alguns outros farão para quem tiver de dirigir o carro no dia a dia, entre eles a central multimídia, a câmera de ré e/ou os sensores de estacionamento. Esses itens não são oferecidos como opcionais, mas como acessórios nas concessionárias. No entanto, é preciso ficar atento para não gastar a ponto de tornar a versão imediatamente acima, a TSI, que custa R$ 11.000 a mais e é mais atraente. Na prática, é para ser comprado como ele é.
Veredicto
O Virtus Sense cumpre seu papel, com ótimo espaço e boa mecânica, além de itens apenas necessários. Mas alguns podem, sim, fazer falta.

Ficha Técnica – Virtus Sense
Motor: flex, dianteiro, 4 cilindros, 16V, 999 cm³, 116/109 cv (etanol/gasolina) a 5.000 rpm, 16,8 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: a disco (tras.) e tambor (diant.)
Pneus: 195/65 R15
Dimensões: comprimento, 456,1 cm; largura, 175,1 cm; altura, 147,7 cm; entre-eixos, 265,1 cm; peso, 1.161 kg; porta-malas, 521 litros; tanque de combustível, 49 litros
Testes Quatro Rodas – Virtus Sense
Aceleração
0 a 100 km/h – 11,4 s
0 a 1.000 m – 32,37 s – 165,6 km/h
Velocidade máxima – 201 km/h (número de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 6,6 s
D 60 a 100 km/h – 10 s
D 80 a 120 km/h – 14 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 14,9/26,6/60,6 m
Consumo
Urbano – 14,7 km/l
Rodoviário – 19,5 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – 37,8/61,5 dBA
80/120 km/h – 60,3/72,2 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h – 97 km/h
Rotação do motor a 100 km/h – 2.500 rpm
Volante – 2,7 voltas
Seu Bolso
Preço básico – R$ 111.990
Garantia – 3 anos