VW Tera quer reescrever sucesso de Gol e Fusca e custará R$ 100.000
Volkswagen se apoia na proposta de SUVs compactos de entrada para repetir o sucesso de Fusca e Gol no Brasil

O Gol foi lançado em 1980, há exatos 45 anos. Para ter ideia do que isso significa, quando o Gol surgiu, o Fusca, em produção desde 1938, tinha 42 anos. O primeiro era um sedã, o segundo um hatch e agora a VW tem um um pequeno SUV para tentar repetir feitos dos maiores sucessos da sua história no Brasil. Com você, o Volkswagen Tera!
Não precisa ir tão longe para entender o que mudou no mercado. Na década passada, a VW vendia, ao mesmo tempo: CrossFox, Gol Rallye e Cross Up!. Mas a fase dos hatches aventureiros passou e a marca se voltou para os SUVs, segmento em que já oferece T-Cross, como um produto maior; Nivus, com uma proposta mais esportiva e um grande porta-malas; e agora, com o Tera, poderá entregar uma opção mais barata, com porte e porta-malas maiores que os de um hatch, mas a mesma mecânica disponível no Polo. Fica fácil entender por que por tanto tempo esse carro foi tratado como “SUV do Gol”.

O Tera se encaixa bem entre os SUVs de entrada, onde estão os Fiat Pulse e Renault Kardian, e onde a Chevrolet também pretende entrar com um derivado do Onix até 2026. Em geral, são um pouco maiores que os hatches dos quais derivam, têm porta-malas maiores, posição de dirigir mais elevada e uma preocupação forte com o design.
Diretor de design da Volkswagen para as Américas, o brasileiro José Carlos Pavone disfarçou muito bem as portas, teto e interior do Polo quando concebeu o Nivus, lançado em 2020 – e que agradou tanto que, hoje, é fabricado na Europa como VW Taigo. Agora, ele e sua equipe tiveram total liberdade para criar o Tera do zero.
Essa liberdade também diz respeito a não ter que seguir velhos conceitos. O Tera inicia uma nova fase no design da Volkswagen no Brasil. Basta reparar que sua dianteira remete aos novos Tayron e Tiguan no formato dos faróis, na grade, no para-choque e no formato do capô, que tem as bordas elevadas, enquanto todos os outros VW nacionais exibem bordas curvadas para baixo. Esse volume, por sinal, dispensa qualquer outro elemento como para-lamas muito abaulados ou grandes e molduras nas caixas de roda para ser imponente.

Dois elementos da dianteira chamam a atenção: a enorme grade, com design bem distinto para sua trama; e os faróis, sempre full-led e com uma seção na assinatura luminosa. É como se dois leds estivessem apagados bem na direção das bordas da grade. É uma forma de distinguir o Tera dos outros carros da marca – um desafio cada vez maior quando o assunto é a assinatura luminosa. Não há barra iluminada atravessando a grade, talvez pelo custo, mas uma peça metalizada cumpre sua função.

A lateral também tem particularidades. Perceba que ele dispensa o vinco duplo que começa no para-lamas e chega até a traseira, comum aos VW atuais. Há um vinco arqueado no para-lamas dianteiro, um leve ascendente na base das portas e mais outro no para-lama de trás, que acaba definindo todo o volume da lateral e também as linhas da traseira. A cintura ascendente e a larga coluna “C”, um ícone do design do Golf, juntos, fazem lembrar do hatch elétrico ID.3.


Meses atrás, o próprio Pavone comentou no perfil da QUATRO RODAS no Instagram rebatendo a semelhança dos Tera camuflados com o Skoda Fabia, um hatch equivalente ao Polo. “Spoiler alert: Não é base do Skoda, nem tem farol do Nivus. Bom fds !!!”, postou o designer.
Olhando agora, ele tinha razão: há semelhanças, mas não são iguais. As portas traseiras do Tera, inclusive, dispensam o vidro bipartido, o que também limita a sua abertura. O próprio processo de fabricação dessas portas é diferente, com apenas três processos de estamparia contra cinco dos outros VW. O Tera também tem retrovisores só dele.

O vinco dos para-lamas se encontram na traseira, definindo a posição das lanternas e da barra preta que as integra. Muita gente apontará semelhanças com a traseira de um Peugeot 208, mas as formas usadas no Tera valorizam seus volumes e fazem com que o SUV pareça mais largo do que realmente é. A faixa de lataria acima da barra preta deixou o vidro traseiro mais proporcional.

As lanternas têm leds para as luzes de posição e de freio, que por sua vez acendem na vertical, criando um jogo dinâmico. Luzes de ré e setas, assim como a iluminação da placa e do porta-malas, usam lâmpadas convencionais.


Todos os plásticos foscos da carroceria têm textura áspera, que dá aspecto mais robusto e melhora a forma como as peças refletem a luz. Isso é especialmente importante porque a área fosca do para-choque traseiro é grande, não fica a impressão de que essas peças deveriam ser pintadas.

Neste primeiro momento, só tivemos contato com a versão topo de linha, chamada de High (uma abreviação proposital de Highline) e com o pacote visual Outfit, que contempla as rodas aro 17 diamantadas com fundo preto, capa dos retrovisores e logotipos pretos, assim como o teto pintado de preto. Isso leva a crer que o aplique plástico em preto brilhante na base do para-choque traseiro estará em mais versões do Tera.


VW Tera tem cabine exclusiva
Todas as manifestações e comentários de nossa parte e dos consumidores sobre plásticos e acabamento dos Volkswagen parecem ter comovido a fabricante e o resultado disso começa a aparecer agora. Aquela textura dos plásticos imitando couro deram lugar a texturas que imitam tecidos sintéticos e fazem com que os plásticos não brilhem tanto ao sol. O trilho do banco do motorista recebeu uma capa, há alças no teto para todos os passageiros e tweeters dianteiros. Só não podem subtrair isso com o passar dos anos (coisa que as fábricas são mestras em fazer).

As portas do Tera também merecem atenção, pois seus painéis reproduzem o estilo usado nos elétricos da Volks, com o puxador por trás da área dos botões. Fique tranquilo, pois há botões para todos os vidros, sem compartilhamento. Chama a atenção o tamanho da área macia coberta de vinil nas portas dianteiras, bem maior do que nos T-Cross, Nivus, Polo ou Virtus e o mesmo material aparece em uma faixa do painel com iluminação ambiente nas bordas, mas apenas na versão High.

“Carro do povo”
O console igualmente remete à linha ID. por ter porta-copos configuráveis, com divisórias móveis. Também é funcional por ser fundo e ter laterais vazadas. Veja que acima do carregador sem fio há uma saída de ar-condicionado com uma válvula que permite que seja fechada, um luxo. As portas USB (tipo-C) agora estão ao lado da alavanca do câmbio, a mesma do T-Cross.
Que o T-Cross não saiba, mas o Tera chegará às lojas já com a central VW Play Connect, com 4G e rede Wi–Fi, além do layout mais moderno. Sua tela está bem destacada do painel, cujas saídas de ar-condicionado têm formato próprio. Volante, quadro de instrumentos digital de 10” e a chave canivete, mesmo sendo presencial, são velhos conhecidos de quem gosta de carros da Volkswagen.

O espaço interno é equivalente ao de um Polo. Inclusive, o Tera também tem um amplo ajuste de altura para o banco do motorista (sempre com encosto inteiriço), sem querer forçar um posto de comando mais alto. Por outro lado, o porta-malas é claramente maior. A Volks não quis compartilhar nenhuma medida do Tera, mas tem potencial para ter algo como 380 l de capacidade – o Polo tem 300 l.
Aos inconformados com o pacote de segurança do Polo, uma boa notícia: o Tera, sim, tem seis airbags e poderá ser equipado com frenagem de emergência e piloto automático adaptativo. O High ainda traz como opcional o monitor de pontos cegos, assistente de faixa e alerta de tráfego cruzado, como é feito com Nivus e T-Cross mesmo nas versões Highline.

O ponto importante é que o VW Tera não tem uma lista de conteúdos limitada como seu posicionamento poderia sugerir. Por isso é possível que seus preços fiquem pouco acima das versões equivalentes do Polo, que vai dos R$ 96.490 da versão MP1 aos R$ 127.490 da versão Highline. Tanto o Fiat Pulse Impetus quanto o Renault Kardian Première Edition são topo de linha e custam os mesmos R$ 138.990, que tende a ser o preço de um Tera como o das fotos. Ainda seria mais barato que um Nivus, que parte dos R$ 143.490.

















































Os Volkswagen Tera mais caros serão equipados com o motor 170 TSI, ou seja, o 1.0 turbo com 116 cv e 16,8 kgfm combinado com o câmbio automático de seis marchas. Mas também existirá uma configuraçãocom câmbio manual de cinco marchas e, mais abaixo, uma versão de entrada com motor 1.0 aspirado de 84 cv e 10,3 kgfm com câmbio manual. Este tem um alvo bem específico: a versão de entrada do Citroën Basalt, que parte dos R$ 99.490. Não é impossível que o VW Tera tenha preço inicial ao redor dos R$ 100.000. Afinal, nasce com a missão de ser o novo sinônimo de “carro do povo”. Resta esperar até junho, quando começam as vendas.
Itens de série do Volkswagen Tera High
– Central VW Play Connect de 10”
– Sensor de chuva
– Acendimento automático dos faróis
-Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro
– ACC e frenagem de emergência
– Câmbio autom. com trocas sequenciais por borboletas
– Carregador sem fio para smartphones
– 4 portas USB tipo-C
– Câmera de ré
– Encosto traseiro bipartido
– Ar-condicionado automático
– Bancos de vinil
– Luzes de leitura traseiras