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Volvo EX30 é elétrico com preço tão bom que conferimos se há pegadinhas

Inédito SUV compacto da marca sueca, o Volvo EX30 espantou por ser um elétrico de marca premium mas com preço de veículos "mundanos". É isso mesmo?

Por Eduardo Passos, de Barcelona (Espanha)
Atualizado em 1 dez 2023, 11h46 - Publicado em 17 nov 2023, 10h55
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  • Antes das marcas chinesas baratearem, à base da concorrência agressiva, o preço dos elétricos no Brasil, a Volvo já fazia algo parecido. A sueca (que é chinesa de propriedade) percebeu a lacuna entre EVs arcaicos e de mau custo-benefício (ex: Nissan Leaf e Mini Cooper S E) e elétricos bons mas muito caros, como o Porsche Taycan, que parte de R$ 660.000, e aproveitou. Na casa dos R$ 300.000, o XC40 competiu a sós em seu segmento e se tornou o elétrico mais vendido do país no ano passado.

    Para 2024, a meta é repetir a sacada em níveis de preços mais baixos. A concorrência, porém, agora existe, e o plano foi incrementado: o novo Volvo EX30 é um SUV compacto recém-lançado no mundo topo.

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    Spoiler: o custo-benefício é de fato ótimo, mas o EX30 também não é perfeito (Divulgação/Volvo)

    Suas letras remetem à nova fase da marca, que traz, além do design diferente, uma nova abordagem em termos tecnológicos e construtivos.

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    Tamanho de SUV compacto, entre-eixos de SUV médio e porta-malas de hatch (Divulgação/Volvo)

    Mas nada chama tanta atenção quantos os preços de suas três versões: Core (R$ 219.950), Plus (R$ 264.950) e Ultra (R$ 279.950), que dirigimos na Catalunha, Espanha. Todas têm motor traseiro de 272 cv e 35,0 kgfm, com o EX30 Plus perdendo alguns equipamentos e o Core mais alguns itens, além de ter bateria menor que reduz seu alcance aproximado de 476 km para 345 km. É de assustar um elétrico com tais números e a grife Volvo custar menos do que Jeep Compass a gasolina.

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    Todos os novos Volvo (incluindo a minivan EM90) são parecidos entre si (Divulgação/Volvo)

    Esse preço não foi milagre, mas sagacidade na economia. Há tempos a marca vem refinando sua ideia de transformar simplicidade pejorativa em minimalismo elegante, como fez na dianteira sem grade. Enquanto outras marcas insistem em falsas grades nos seus EVs, a Volvo chegou ao design em que a frente completamente fechada soa natural, casando bem com o emblema em baixo relevo.

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    Faróis quadriculados são uma das marcas registradas (Divulgação/Volvo)
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    Os faróis em forma de martelo continuam, mas com o preenchimento quadriculado que será marca registrada da família EX — tal como uma nova abordagem tecnológica e de acabamento interno.

    Como nos faróis, as lanternas também repensam elementos clássicos da Volvo; no caso, as luzes verticais. A diferença é que elas são divididas em duas partes e formadas por “tijolinhos” que auxiliam na percepção do carro em dias de neblina.

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    (Divulgação/Volvo)

    Com balanços curtos, o EX30 tem proporções incomuns: seus 4,23 m de comprimento são de SUV compacto, os 318 litros de porta-malas são dignos de um hatch mas os 2,65 m de entre-eixos superam SUVs médios como o próprio Compass.

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    (Divulgação/Volvo)
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    Mas se a conclusão é que você descarta volume de carga em troca de espaço para os ocupantes, se engana. A posição do eixo traseiro acaba atrapalhando tanto o porta-malas quanto a segunda fileira, onde uma pessoa de 1,80 m raspará os joelhos no banco da frente. Três ocupantes espremerão seus ombros e será incômodo operar os botões de vidros elétricos, na parte de trás do console. Nada é tão ruim no EX30 quanto o espaço traseiro.

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    Primeira fila provê bastante conforto (Divulgação/Volvo)

    A dianteira é mais confortável, com impressão de espaço favorecida pelo teto solar gigante e sem cortinas. Ele serve para ajudar no aquecimento em países frios, mas a Volvo diz que, no calor, o efeito estufa desse vidro é 80% menor. Os EX serão altamente sustentáveis, e até parte do aço e alumínio da carroceria são reciclados.

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    Segunda fileira é apertada muito além do ideal (Divulgação/Volvo)

    O fato da arquitetura nórdica ser baseada em uso elegante de materiais simples foi uma mão na roda: com inspiração escandinava, os bancos tem aspecto e conforto luxuoso, mesmo feitos de lã e poliéster reciclados. As maçanetas cromadas parecem saídas de uma loja de móveis.

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    Ausência do quadro de instrumentos chama atenção (Divulgação/Volvo)

    Painéis trocam texturas macias por plástico pontilhado de branco e feito de antigas esquadrias residenciais. Outras opções de revestimento (baratas e sagazes) incluem jeans, linho sueco ou até camadas de granito moído. Coisas que iriam para o lixo.

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    Decoração é simples mas elegante, além de aparentar qualidade (Divulgação/Volvo)
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    Maçanetas são curiosas e outras opções de revestimento incluem tecidos. Dentre eles o jeans (Divulgação/Volvo)

    Mas também há polêmica, principalmente na ausência do quadro de instrumentos. A central multimídia de 12,3” tem imagem equivalente à de um iPad, mas tirar os olhos da pista para checar o velocímetro é cansativo e perigoso, principalmente com números tão pequenos. Pelo menos é um vício sanável com atualizações via internet posteriormente.

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    Central multimídia é bem moderna, mas velocímetro é pequeno e tirar os olhos da estrada nunca é bom (Divulgação/Volvo)

    O que não tem remédio é a concentração de vários comandos na própria tela: para ajustar os retrovisores, por exemplo, é necessário acessar um menu, selecionar o lado do espelho e usar o volante para ajeitá-lo. Até abrir o porta-luvas é pelo visor, assim como comandos de ar e som (cujos alto-falantes dão lugar a uma única e eficiente soundbar sobre o painel)

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    Comandos como ajuste de retrovisor necessitam de ação casada entre multimídia e volante (Divulgação/Volvo)

    Em algum momento a economia causaria incômodo — pelo menos não é ao volante: indo de 0 a 100 km/h em 5,3 s, o EX30 é um ‘foguetinho’, com fôlego permite ultrapassar agilmente em qualquer velocidade permitida pela lei. A Volvo também evoluiu no acerto de suspensão, com traseira independente que não dá rebotes bruscos ao passar num buraco e geometria que torna o SUV bem estável, além da sua cabine silenciosa.

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    Aceleração impressiona e mantém vigor mesmo depois dos 100 km/h (Divulgação/Volvo)

    A proposta aqui não é esportiva, mas dá para se divertir com o EX30 em estradas sinuosas com surpreendente estabilidade. Quem optar pela paz, tem direção autônoma com ACC e correção ativa de faixa. Mais importantes são os meios ativos que impedem vários tipos de colisões comuns no dia a dia. A autonomia correspondeu à realidade e dá para carregar a bateria de 10 a 80% em 27 min (175 kW, DC).

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    Carregamento não impressiona mas não atrapalha (Divulgação/Volvo)

    Se analistas de mercado já têm a ostentação como o próximo brega, a Volvo torce para que estejam certos. Sua aposta em elegância e ambientalismo inseridos num ótimo carro está bem à frente da concorrência nesse sentido, e o preço baixo do EX30 deve roubar clientes longevos de outras marcas antes que elas percebam que é esse o luxo do futuro.

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    Volvo EX30: se ele não vender, será por vícios ocultos ou alguma surpresa (Divulgação/Volvo)

    Ficha técnica do Volvo EX30 Ultra

    Preço: R$ 279.950 Motor: elétricos, síncronos de ímãs permanentes, 272 cv, 35,0 kgfm
    Baterias: íons de lítio, 64 kWh (líquidos)
    Câmbio: automático, 1 marcha, tração traseira
    Suspensão: McPherson (diant.) multilink (tras.)
    Freios: discos ventilados
    Direção: elétrica, 2,8 voltas entre batentes, 10,7 m (diâmetro de giro)
    Rodas e pneus: liga leve, 245/40 R20
    Dimensões: comprimento, 423,3 cm; altura, 155,5 cm; largura, 194,0 cm; entre-eixos, 265,0 cm; porta-malas 318 l; peso, 1.840 kg
    Desempenho*: 0 a 100 km/h, 5,3 s; vel. máx., 180 km/h
    Autonomia*: 476 km
    Carregamento (10-80%)*: AC 22 kW, 4h; DC 175 kW, 27 min
    *Dados de fábrica

    Veredicto
    Não fosse o espaço traseiro ruim, não haveria discussões de que o EX30 é o elétrico com melhor custo-benefício do Brasil (mas ainda pode ser que ele seja) ★★★★★

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