Toyota Etios XLS 1.5 automático: beleza interior

Gosto não se discute, mas no caso do Etios, estilo não é o seu ponto forte. Por sua vez, o mercado de automóveis tem outra grande verdade: visual é um dos quesitos mais valorizados pelo consumidor. E é justamente a colisão dessas duas características que explicam  por que o Etios vende muito menos que os líderes Onix e HB20 (entre os hatches) e Prisma e HB20S (entre os sedãs).

Sem mudança alguma de visual, a linha 2017 do Etios, que estreia em abril, não tem a pretensão de alçar o modelo à liderança em seus segmentos, mas vem repleta de interferências para manter o carro vivo e atraente ao menos para os consumidores com perfil mais racional.

Para começar, os motores 1.3 e 1.5 passam a ser nacionais. A produção local veio acompanhada de um pacote de alterações técnicas: sistema de partida a frio sem tanquinho de gasolina, elevação da taxa de compressão (de 12,1:1 para 13:1) e adoção de tuchos hidráulicos e balancins roletados de acionamento das válvulas, em substituição aos tuchos mecânicos, de ação direta.

O câmbio também muda: o manual passa a ter seis marchas. Mas a grande novidade mesmo é a estreia de uma transmissão automática, de quatro marchas, que acrescenta sempre R$ 3.500 à conta e está disponível para todas as versões do hatch e do sedã.

Nossa avaliação foi feita com um hatch XLS 1.5 automático. Ao volante, não foi possível sentir os efeitos da nacionalização do motor. E isso é bom, uma vez que ele sempre foi um dos destaques do carro, proporcionando boa relação de desempenho e consumo. O câmbio automático, grande astro da linha 2017, se mostrou bem acertado apesar de ter apenas quatro marchas, conseguindo detectar variações dedemanda de aceleração e até de inclinação do terreno.

A Toyota não assume abertamente, mas uma fonte interna reconhece que a estratégia para o Etios se baseia em melhorias pontuais de baixo custo para a marca: “Mudanças de visual, mesmo que um facelift, sairia caro. A ideia é promover alterações que nos permitam aproveitar a boa fama do carro e amadurecer ainda mais o produto”, disse. Pode não ser uma informação oficial, mas é o que, de fato, está acontecendo.

A cabine evoluiu muito, apesar de ser conceitualmente a mesma. O modelo avaliado contava com uma nova central multimídia e volante multifuncional – este, herdado do Corolla. A Toyota também caprichou no tratamento acústico. Ninguém vê, mas sob os pés dos ocupantes, o Etios 2017 traz materiais fonoabsorventes mais espessos. Para proteger ainda mais a cabine, os vidros também estão mais robustos, com 3,5 mm – 12,9% mais espesso que os do modelo anterior, com 3,1 mm.

Confesso, deixei o recheio da bolacha para o final: esqueça o velho quadro de instrumentos analógico do Etios, antiquado, pobre e de difícil leitura. Ele segue no centro do painel, mas agora é formado por duas telas digitais  independentes e multiconfiguráveis. Tem até computador de bordo que permite ao piloto introduzir o custo do litro do combustível. Assim, o sistema calcula automaticamente quanto custa cada trecho percorrido. Algo bastante racional, assim como é o dono de Etios.

VEREDICTO

Com baixo custo de manutenção e bastante confiável, o Etios vem, aos poucos, corrigindo seus pontos fracos. O pacote de alterações da linha 2017 surtiu uma melhora incontestável.