Comprar uma picape flex nem sempre é um bom negócio. Esse tipo de motorização consome mais combustível e tende a ter desempenho inferior ao diesel – o que muitas vezes tornam as versões a diesel mais vantajosas, mesmo sendo bem mais caras. Mas será que essa escolha também se aplica ao caso da Toro?
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Não é só a plataforma e algumas peças que a Toro compartilha com o Jeep Renegade. As motorizações também são as mesmas do SUV. No caso da versão flex, porém, a Fiat fez algumas melhorias para melhorar o desempenho apenas razoável do Renegade, criticado pela falta de disposição nas retomadas e ultrapassagens e pelo alto consumo resultante. Sendo assim, o motor 1.8 16V agora rende 139 cv a 5.750 rpm e torque máximo de 19,3 mkgf a 3.750 rpm quando abastecido com etanol – no Renegade, estes números são de 132 cv a 5.250 rpm e 19,1 mkgf a 3.750 rpm, respectivamente. A Fiat também encurtou as relações do diferencial, medida importante considerando que a Toro é 179 quilos mais pesada e ainda foi feita para transportar cargas na caçamba, embora a maioria dos proprietários sequer aproveitarão este espaço em sua totalidade.
Na prática, o desempenho da Toro não é ruim, mas está longe de empolgar. Apesar das trocas suaves, o câmbio automático de seis marchas com trocas sequenciais (única opção disponível nas versões flex) ainda não fala a mesma língua do motor 1.8 e.TorQ. Falta disposição nas retomadas, exigindo do motorista trocas manuais ou que ele pise fundo no acelerador para o carro embalar – o que pode colocar tornar a rodagem desconfortável para os ocupantes.
Em nossa pista de testes, a picape levou longos 16,1 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h. Nas provas de retomada, a Toro flex (sempre abastecida com gasolina) foi de 40 a 80 km/h em 7 s, precisando de 12,7 segundos para acelerar de 80 a 120 km/h. O Renegade foi um pouco mais ágil: foram necessários 15,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, com o melhor resultado das retomadas em 6,7 segundos na prova de 40 a 80 km/h. Quanto ao consumo de combustível, adotando nosso procedimento padrão com gasolina no tanque, a picape obteve 9,6 km/l em percurso urbano e 11,3 km/l no rodoviário, valores próximos aos obtidos pelo SUV da Jeep (9,9 km/l e 12 km/l) abastecido com o mesmo combustível.
Se a Toro não é tão esperta, sua dirigibilidade merece elogios. A direção precisa não é excessivamente leve, nem pesada demais, transmitindo segurança em todas as situações – algo raro em um veículo com características utilitárias. Dificilmente o motorista se sentirá a bordo de uma picape. A carroceria rola pouco e a suspensão traseira do tipo multilink proporciona conforto para todos os ocupantes, evitando o famoso comportamento instável da maioria das picapes, que “pulam” excessivamente tanto ao transpor obstáculos quanto ao passar por simples buracos. Há espaço de sobra para quatro adultos altos e o acabamento tem encaixes bem feitos e montagem cuidadosa, acima do padrão visto na maioria dos modelos da Fiat, mas ainda um degrau abaixo do padrão do Renegade. Entre os poucos defeitos, vale frisar apenas a moldura do console central, que, dependendo da situação, reflete a luz do sol diretamente no rosto do motorista.
A única versão da Toro oferecida com motorização bicombustível é a Freedom (R$ 77.800), que sai de fábrica com ar-condicionado, direção elétrica, banco do motorista com regulagem de altura, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, piloto automático, sensor de estacionamento traseiro, sistema de som com entradas USB e auxiliar e rodas de aço de 16 polegadas com calotas.
Opcionalmente, a picape pode vir com bancos revestidos parcialmente em couro (R$ 2.122), teto solar elétrico (R$ 3.721), barras longitudinais no teto (R$ 425), rodas de aço de 16 polegadas com pneus 215/65 R16 (R$ 123), kit Safety (airbag de joelho para o motorista, airbags laterais dianteiros, sensor de pressão dos pneus e airbags do tipo cortina, por R$ 3.608), Kit Pleasure 1 (faróis de neblina, espelhos retrovisores elétricos e capota marítima, R$ 2.019), Kit Pleasure 2 (alarme antifurto, entrada USB adicional, tomada 12V adicional, apoios de braço dianteiro e traseiro, brake light, iluminação de caçamba, grade frontal cromada, maçanetas e retrovisores externos na cor da carroceria, sensor de chuva, sensor crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, parasol iluminado e porta-objetos do lado direito, por R$ 1.702) e Kit Techno 1 (central multimídia com tela sensível ao toque de cinco polegadas com seis alto-falantes, entrada auxiliar e leitura de arquivos em MP3, GPS, câmera de ré, Bluetooth e tapetes em carpete, R$ 4.777).
ACELERAÇÃO | |
---|---|
de 0 a 100 km/h | 16,1 s |
de 0 a 1.000 m | 36,9 s – 144,2 km/h |
RETOMADAS | |
de 40 a 80 km/h (em D) | 7,1 s |
de 60 a 100 km/h (em D) | 8,9 s |
de 80 a 120 km/h (em D) | 12,7 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0 | 18,2 / 30,1 / 69,6 m |
CONSUMO | |
Urbano | 9,6 km/l |
Rodoviário | 11,3 km/l |
Preço: | R$ 76.500 |
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Motor: | flex, diant., transv., 4 cil., 1.747 cm3, 16V, 139/135 cv a 5.750 rpm, 19,3/18,8 mkgf a 3.750 rpm |
Câmbio: | aut., seis marchas, tração dianteira |
Suspensão: | McPherson (diant.) / multilink (tras.) |
Freios: | discos ventilados (diant.) / tambor (tras.) |
Direção: | elétrica |
Dimensões: | comp., 491,5 cm; larg., 184,4 cm; entre-eixos, 299 cm; tanque, 60 l |