Teste: Peugeot 208 Griffe de R$ 94.990 é compacto que se sente hatch médio
Compacto tem equipamentos que só são encontrados em marcas de luxo, mas deixou passar outros que os concorrentes têm
Carros caros e chamativos fazem parte da nossa rotina, mas é raro algum se transformar em atração (e assunto) na garagem como este pequeno Peugeot 208 azul. O design por si só é chamativo e a cor (exclusiva das versões mais caras) ajuda. É a popularidade de quem não quer ser chamado de popular.
Nem pode. Depois das primeiras impressões, pudemos usar o 208 Griffe no dia a dia para ver na prática quão úteis são os equipamentos exclusivos da versão topo de linha, principais culpados pelo preço de R$ 94.990. Assustou? Beba um copo d´agua antes de saber que o Polo Highline já custa R$ 90.690 na tabela.
O 208 não tem motor turbo, mas tenta driblar a falta de potência e torque do motor 1.6 16V no conteúdo.
Os faróis são full-led, um sistema que vem ganhando espaço rapidamente no segmento. Mas o nivelamento automático do facho – útil para não ofuscar outros motoristas ao passar em lombada, valeta ou ladeira –, é requinte de carro de luxo alemão. Ainda tem assistente de farol alto, equipamento de sedã médio como um Cruze Premier.
O quadro de instrumentos digital com visualização 3D pode ser personalizado, mas apenas pela central multimídia. Nele podem ser exibidos a velocidade máxima da via – a leitura das placas nem sempre é precisa no Brasil, vale salientar – e o comportamento do carro entre as faixas de rolagem, que é passível de ser corrigido automaticamente pelo assistente de permanência em faixa.
E ainda tem frenagem autônoma de emergência e alerta de colisão, que são importantes mas não inéditos: o Hyundai HB20 Diamond Plus os tem por R$ 17.000 a menos.
Fica devendo piloto automático adaptativo, então o Volkswagen Nivus Highline (R$ 98.290) segue como o único carro abaixo dos R$ 100.000 com o equipamento no Brasil. Também não tem alerta de pontos cegos como o Chevrolet Onix.
O acendimento automático dos faróis, os sensores de chuva, os sensores de estacionamento traseiros e a câmera de ré capaz de mostrar 180° da área traseira conforme o carro se move (ela memoriza as imagens para cobrir a tela), porém, poderiam estar nas outras versões do 208.
A suspensão que havia impressionado pela boa dinâmica na estrada, agora se mostrou valente no asfalto malconservado da cidade de São Paulo. Filtra bem as imperfeições maiores, se mantém estável e silenciosa. Mas transfere as menores vibrações para a cabine.
A direção elétrica, com respostas mais diretas que antes, também agrada bastante pela gradação de ganho de peso com aumento da velocidade e pelas respostas mais ágeis do que antes. Precisa de meras 2,7 voltas de batente a batente.
Por dentro, o banco de Alcantara, um camurça nobre, causa boa impressão, mas é o couro que será padrão mais tarde, após a fase de lançamento. O painel tem toque macio, mais áreas em piano black e mais detalhes cromados. Mas o console central, peça feita exclusivamente para os carros argentinos, revela algumas rebarbas.
Quer ver refinamento? Regule o encosto dos bancos dianteiros: é milimétrico, algo tão raro atualmente que o único a manter é o velho VW Gol.
O espaço traseiro, que nunca foi o forte dos compactos Peugeot, não foge à regra no 208. Mesmo com o encosto dianteiro curvado e com o encosto do banco traseiro em posição mais confortável, viajar no banco traseiro pode ser desconfortável para quem tem mais de 1,80 m.
E o porta-malas não sai ganhando com isso. Pelo contrário: tem 265 litros, 20 l a menos que antes. E não dá para contar com encosto traseiro bipartido para levar objetos mais compridos, pois isso só o 208 e-GT (elétrico) tem.
O isolamento acústico não é ruim, mas o barulho do motor 1.6 consegue invadir a cabine em acelerações mais fortes, assim como a vibração que parece ser um pouco maior que antes. É que por mais que o comportamento, os equipamentos e, por que não, o preço sejam de carro médio, o 208 ainda é um compacto. Deles, é o mais tecnológico. Mas vai cobrar por isso.
Teste – Peugeot 208 Griffe 1.6 16V
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,2 s
0 a 1.000 m: 33,7 s – 155,3 km/h
Velocidade máxima: 190 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,5 s
D 60 a 100 km/h: 6,8 s
D 80 a 120 km/h: 8,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,7/25,3/58,1 m
Consumo
Urbano: 11,4 km/l
Rodoviário: 15,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 39,8/63,2 dBA
80/120 km/h: 63,8/70,4 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 2.500 rpm
Seu Bolso
Preço: R$ 94.990
Garantia: 3 anos
Ficha técnica – Peugeot 208 Griffe 1.6 16V
Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 1.587 cm³, 78,5 x 82 mm, 118/115 cv a 5.750 rpm, 15,5/15,4 kgfm a 4.750/4.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira Direção: elétrica, 10,4 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Peso: 1.178 kg
Peso/potência: 9,98/10,24 kg/cv Peso/torque: 76/76,5 kg/kgfm
Dimensões: compr., 405,5 cm; larg., 196 cm; alt., 145,5 cm; entre-eixos, 253,8 cm; alt. solo, 15 cm; porta-malas, 265 l, tanque, 47 l