Carros com câmbio manual têm se tornado cada vez mais raros, mesmo entre os esportivos. E se aliarmos esse tipo de transmissão a uma carroceria cupê de duas portas chegamos ao que os matemáticos chamam de conjunto unitário, com apenas um modelo à venda no país: o Honda Civic Si.
Essa espécie em extinção desembarca em nosso mercado na linha 2020 (isso mesmo, o modelo 2020 só chegou agora), com sua exclusividade ainda mais reforçada pela limitada oferta de apenas 30 exemplares (importados do Canadá).
A décima geração do cupê chegou por aqui em 2018 e desde então o esportivo habita poucas garagens no país. Foram exatos 118 exemplares do início da venda até o fim de setembro deste ano.
Agora, a primeira reestilização desta geração do Si é marcada por mudanças visuais e uma relação de transmissão 6% mais curta. E isso se traduz em acelerações e retomadas mais rápidas.
No uso diário já é possível observar que na passagem de primeira para segunda marcha, o giro sobe rápido a quase 7.000 rpm, fato que traz uma sensação de maior agilidade ao cupê. E, em nossa pista de testes, pudemos comprovar que essa rapidez não é apenas uma impressão. Na prática, o modelo se mostrou mais ágil principalmente em retomadas na comparação com a versão anterior testada em 2018.
Na retomada de velocidade de 40 a 80 km/h, realizada em terceira marcha, houve uma melhora de 0,26 segundos entre os testes, em quarta de 60 a 100 km/h houve um ganho de 0,15 s e em quinta de 80 a 120 km/h um tempo 0,36 s menor.
Nas provas de aceleração, porém, apesar da mudança na relação do diferencial poder contribuir para uma melhora no 0 a 100 km/h, em nosso teste o desempenho se mostrou quase o mesmo (7,99 s em 2018 e 7,92 s agora).
Nesta comparação, o que chama atenção é o fato de estar mais econômico. O consumo urbano melhorou de 10,5 km/l para 12,2 km/l, e o rodoviário de 14 km/l para 17,1 km/l.
A redução de consumo é intrigante porque, com o câmbio mais curto, o consumo deveria ter aumentado, uma vez que o motor passou a funcionar em uma faixa de giro mais elevada.
A explicação para a melhora pode estar, então, na nova gasolina comercializada no país, que, com maior octanagem, contribui para a eficiência do motor.
O propulsor do Si é o mesmo 1.5 turbo de 208 cv a 5.700 rpm e 26,5 kgfm de torque a 2.100 giros, de sempre. O novo combustível se aproxima em especificações do vendido nos mercados norte-americanos e canadense, onde o Si é comercializado, e os números de consumo do modelo americano confirmam nossa suspeita a favor da gasolina. Segundo a fábrica, o Si americano faz 11,05 km/l na cidade e 15,31 km/l na estrada – números relativamente próximos aos nossos.
Medições de pista à parte, é no dia a dia que o cupê demonstra o seu valor. A ótima ergonomia, os bancos tipo concha e o volante de boa empunhadura contribuem para que o motorista “vista” o carro literalmente. A experiência é completada por uma alavanca de câmbio com engates precisos e curtos e uma embreagem hidráulica com acionamento muito macio.
Junto a essas características típicas de esportivo, o comportamento dinâmico é um dos diferenciais do carro. O Si é bem assentado e comunicativo graças à suspensão com amortecedores adaptativos, molas firmes e barras estabilizadoras rígidas (30% a mais na dianteira e 60% a mais na traseira, na comparação com o Civic normal), além de braços de controle ultrarrígidos na traseira, vindos do Civic Type R. Com isso é possível sentir com precisão a interação com o piso, tornando a condução ainda mais conectada.
Toda essa sensação ao dirigir já é observada no modo conforto e ela é potencializada ao acionar a tecla Sport no console central. Os amortecedores trabalham com mais carga, enquanto a resposta do acelerador fica mais direta, reduzindo o curso para o aumento do giro do motor e a direção, por sua vez, tem a assistência reduzida, tornando a interação ainda mais viva.
Além disso, o painel de instrumentos é inundado por luzes vermelhas e a imersão na condução esportiva é completada pelo ronco do motor amplificado pelo sistema de áudio.
Na parte visual, mudou o interior do para-choque com as molduras dos faróis de neblina (de led), que antes eram em forma de colmeia e agora trata-se de uma peça lisa, decorada com um filete plástico no tom do carro.
As novas rodas de 18 polegadas têm novo desenho, e um acabamento preto fosco com efeito acetinado.
Dentro da cabine, a novidade está na possibilidade do carregamento do celular por indução no console central (disponível para smartphones como Apple iPhone 8 e Samsung Galaxy S9) e a conectividade é completada por um sistema multimídia intuitivo com conexão com Apple CarPlay e Android Auto.
Há ainda uma câmera de ré multivisão, que projeta na tela de 7 polegadas a imagem captada por uma câmera instalada no retrovisor direito, muito útil nas trocas de faixa e nas manobras de estacionamento, evitando os indesejados pontos cegos.
A R$ 179.900 – R$ 20.000 a mais que o valor de lançamento em 2018 –, a versão única do cupê vem bem equipada, com painel solar elétrico, faróis de led e ar-condicionado automático bizona. Em segurança conta com seis airbags, sensor de chuva, assistente de partida em rampas e controle de tração e estabilidade.
Veredicto
O Honda Civic Si cumpre a contento o seu papel de cupê esportivo. Só peca no preço, relativamente, bem elevado.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 7,92 s
0 a 1.000 m: 28,5 s – 184,3 km/h
Velocidade máxima: n/d*
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,64 s
D 60 a 100 km/h: 5,92 s
D 80 a 120 km/h: 7,22 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,6/24,1/54,7 m
Consumo
Urbano: 12,5 km/l
Rodoviário: 17,1 km/l
Preço
R$ 179.900
Ficha técnica
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, turbo, 1.498 cm3; 208 cv a 5.700 rpm, 26,5 kgfm a 2.100 rpm
Câmbio: manual, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira) / múltiplos braços (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteiro) / disco sólido (traseiro)
Pneus: 235/40 R18
Peso: 1.321 kg
Dimensões: comprimento, 452,2 cm; largura, 179,9 cm; altura, 142,1 cm; entre-eixos, 270 cm; tanque, 46,9 l; porta-malas, 334 l
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