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Teste: novo Fiat 500e é elétrico à italiana e até será vendido no Brasil

Sessenta e três anos após o original, criado no pós-guerra, compacto foi reinventado e se tornou o primeiro elétrico da FCA feito em série

Por Joaquim Oliveira/Press-Inform, de Turim (Itália)
Atualizado em 19 nov 2020, 14h17 - Publicado em 19 nov 2020, 14h15
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  • Fiat 500e
    Novo 500e chega ao Brasil em 2021 (Divulgação/Fiat)

    O Fiat 500 parou de ser vendido no Brasil, mas o retorno do compacto está confirmado, embora ainda sem data precisa. A previsão era para o final de 2020. A volta vai ser em grande estilo: a nova geração será vendida apenas com opção elétrica, rebatizada 500e.

    Sem dúvidas, o carrinho terá uma grande responsabilidade, pois sua versão anterior fez sucesso por aqui – principalmente depois que começou a ser importado do México.

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    Para a estratégia mundial da FCA, essa aposta representa um passo importante, uma vez que os italianos demoraram muito para oferecer veículos livres de poluentes. Sim, o 500e já existiu em 2013, mas era um projeto para vender na Califórnia.

    Compacto, tem expressão mais séria que o anterior
    Compacto, tem expressão mais séria que o anterior (Divulgação/Fiat)

    Quem não se lembra do CEO da FCA, Sergio Marchionne, se queixando que tinha prejuízo com o carro? Quem agradece pelo atraso é Elon Musk, dono da Tesla, que venderá créditos de emissões à FCA, que está longe de cumprir as normas ambientais mais restritivas.

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    E é apenas essa urgência para atender às legislações que justifica, diante da confirmada fusão com a PSA, não esperar pela plataforma de veículos elétricos do grupo francês.

    Se a formação da Stellantis (como chamará a empresa criada após a união) está prevista para o primeiro trimestre do ano que vem, até lá já devem ter sido produzidas cerca de 80.000 unidades do elétrico na renovada fábrica de Mirafiori, na Itália.

    Será uma preciosa ajuda para que os planos de descontaminação do grupo FCA comecem a tomar forma. Se o visual remete à geração anterior, Klaus Busse, vice-presidente de design do grupo no continente europeu, afirma que menos de 4% dos componentes foram reaproveitados.

    Fiat 500e
    A carroceria cresceu no comprimento e na largura (Divulgação/Fiat)

    “Quando lançamos o concurso interno para criar um Fiat compacto elétrico, recebemos propostas muito diferentes dos nossos centros de estilo. Só que, para mim, era evidente que este seria o caminho a ser seguido”, explica o executivo.

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    É até difícil perceber que esse carro aumentou – foram 5,6 cm no comprimento, 2 cm no entre-eixos e 6,1 cm na largura –, já que foram mantidas as proporções do antecessor. Só que as bitolas cresceram 5 cm, o que também deixou as caixas de rodas mais largas que antes.

    Como resultado dessa mudança, o novo 500e parece ter ficado “mais musculoso”. O porta-malas, pelo menos da versão sem teto, manteve a capacidade de 185 litros.

    Suspensão é firme e sofre com os buracos na rua
    Suspensão é firme e sofre com os buracos na rua (Divulgação/Fiat)

    Busse diz que houve certa preocupação dos projetistas para evitarem a aparência triste do Cinquecento original, lançado em 1957, e também o visual sorridente do modelo feito em 2007.

    Neste, não existe grade dianteira – não há nenhum motor a combustão para ser refrigerado – e a única concessão foi a pequena tomada de ar na base do para-choque para dissipar o calor durante carregamentos rápidos. O resultado foi uma expressão mais séria.

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    Também houve muitas melhorias na cabine, que oferece mais espaço para os ombros (atrás ainda há aperto para os joelhos) e parece mais ampla por conta do assoalho totalmente plano e da ausência de console central. Afinal, já não é necessária a alavanca de câmbio. No lugar, o 500e recebeu um porta-objetos. O acabamento não mudou (seguem os plásticos duros).

    O painel está mais horizontal e perdeu quase todos os comandos físicos – os que ficaram parecem teclas de piano.

    Como destaque, existe uma nova central multimídia com tela de 10,25 polegadas totalmente configurável, com capacidade para cinco perfis e emparelhamento simultâneo de até dois celulares. Para completar, o quadro de instrumentos analógico deu lugar a um mostrador digital de 7 polegadas.

    Cada recarga varia de 15 h (3 kW) a 35 min (85 kW)
    Cada recarga varia de 15 h (3 kW) a 35 min (85 kW) (Divulgação/Fiat)

    Na lista de equipamentos há piloto automático adaptativo com frenagem de emergência e detecção de pedestres, farol alto automático, carregamento sem fio para celular e câmera de ré de alta definição.

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    Mas talvez tão importante quanto tudo isso é o revestimento com materiais reciclados, recuperados dos oceanos. Ou seja, a preocupação ambiental foi bem além do conjunto eletrificado, o que é coerente com a proposta do novo compacto.

    Com distribuição de peso praticamente perfeita (52/48, contra 60/40 do anterior), o carro também promete ser divertido para dirigir.

    O conjunto de baterias de íons de lítio, feito pela Samsung, tem capacidade de 42 kWh, pesa cerca de 290 kg e foi colocado sob o assoalho para baixar o centro de gravidade. Mas o motor elétrico instalado na dianteira tem apenas 118 cv de potência – para um modelo que pode chegar a até 1.330 kg.

    Fiat 500e
    Painel perdeu boa parte dos comandos físicos e cabine ficou mais espaçosa (Divulgação/Fiat)

    Há uma série de pequenas inovações, como o sistema de som para alertar pedestres entre 5 e 20 km/h, uma exigência legal, que não reproduz sons de espaçonaves, e sim os acordes de Nino Rota para o filme Amarcord, de Federico Fellini.

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    Mas, para quem está a bordo, o ruído é imperceptível (o que realmente faz sentido). Por outro lado, o acerto de suspensão garante mais estabilidade, ainda que o sacolejar da carroceria decida criar as composições próprias nas ruas remendadas e esburacadas da cidade de Turim, na Itália.

    Por outro lado, o pequeno elétrico consegue administrar bem os 22,4 kgfm de torque que são despejados instantaneamente. Com promessa de chegar aos 50 km/h em 3,1 s, o 500e quer se tornar o Rei dos Semáforos – e causar náusea nos donos de Ferrari.

    Só que o pé direito pesado sacrifica a autonomia e, por isso, a aceleração de zero a 100 km/h em 9 s quase passa despercebida comparada ao diâmetro de giro de apenas 9 metros (que é realmente importante para uso na cidade) e às câmeras de 360 graus.

    Por falar em autonomia, os italianos prometem 320 km no ciclo WLTP. Só que rodei 27 km na cidade e a carga caiu 10%. Assim, não chegaria a 285 km com carga completa.

    Fiat 500e
    Há um nicho sob a central multimídia, onde antes ficava a alavanca de câmbio (Divulgação/Fiat)

    Para piorar, o registro foi no modo Range, que prolonga o alcance. Além dele, há Normal e Sherpa, que aumenta rolagem, desliga ar-condicionado, aquecimento dos bancos e se limita à máxima de 80 km/h.

    O carregamento completo das baterias em corrente alternada (AC) a 11 kW demora até 4h15min – a 3 kW, aumenta para 15 horas. Com carga rápida em corrente direta (DC) a 85 kW, são apenas 35 minutos.

    Outra vantagem é que bastam 5 minutos em postos públicos (é suficiente para beber um café) para conseguir 50 km de autonomia e seguir viagem. Uma estação está incluída no preço, mas tem capacidade mínima. Para levar o sistema de 7,4 kW que carrega em 6 horas, é preciso pagar mais.

    Na Europa, ainda restam algumas interrogações: como a Fiat pretende vender o 500 de geração anterior, que só existe como híbrido, ao lado do modelo completamente novo e realmente elétrico?

    Fiat 500e
    Acabamento manteve plásticos rígidos da geração anterior (Divulgação/Fiat)

    Tudo bem que os preços do novato são praticamente o dobro, mas, em breve, chegarão as opções de entrada. No Brasil, a dúvida é se realmente brigará por destaque no segmento. A Fiat não fala em preço e posicionamento por aqui. Mas, de qualquer modo, será bom ter o 500 entre nós novamente.

    Veredicto

    O novo 500e manteve o que deu certo no antecessor e ganhou mais atrativos para ser mais que apenas um elétrico de nicho.

    Ficha técnica

    Preço estimado: 34.900 euros
    Motor: elétrico, diant., assíncrono ímã permanente, 118 cv; 22,4 kgfm; baterias de íons de lítio, 42 kWh 
    Câmbio:  automático, 1 marcha, dianteira
    Direção: elétrica
    Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.).
    Pneus: 205/40 R17
    Dimensões: comprimento, 363,2 cm; largura, 168,3 cm; altura, 152,7 cm; entre-eixos, 232,2 cm; peso, 1.330 kg; porta-malas, 185 l
    Desempenho: 0 a 100 km/h, 9 s; vel. máx. 150 km/h

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    (Arte/Quatro Rodas)
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