Teste: Mercedes-Benz C 180, caro mas sem vigor
Câmbio de nove marchas dá vigor aparente (mas não real) ao C 180
O primeiro contato com o Mercedes C 180 é promissor. Mesmo no modo de condução Comfort, o sedã anda com um vigor que não condiz com o esforçado (e limitado) 1.6 turbo de 156 cv e 25,5 mkgf.
A sensação é de que a adição do câmbio automático de nove marchas (duas a mais que o anterior) deu ao mais barato dos Classe C o desempenho que faltava para acompanhar o Audi A4 (190 cv) e BMW 320i (184 cv), dupla que é mais potente e custa menos que os R$ 178.900 sugeridos pelas versões Avantgarde e Exclusive.
Ambas têm o mesmo pacote de equipamentos, se diferenciando apenas pela estrela: sobre o capô na Exclusive e na grade na Avantgarde. Mas, em nossos testes, todo esse fôlego aparente não se mostrou na prática.
Em todas as provas, o C 180 com nove marchas teve números idênticos à versão anterior. No 0 a 100 km/h e na retomada de 60 a 100 km/h, a versão mais nova foi até mais lenta, apesar da diferença decimal – 0,36 s e 0,23 s, respectivamente.
Mais notável foi a melhoria no consumo, em que as marchas extras fizeram a diferença. O C 180 2018 obteve 15,6 km/l no ciclo rodoviário e 11,2 km/l no urbano, enquanto a versão antiga registrou 14,4 km/l e 10,5 km/l.
Outro contraste é o pacote de equipamentos de série. Além do básico ESP e múltiplos airbags, há ar-condicionado digital de duas zonas, sistema multimídia controlado por touchpad e até assistente de estacionamento automático.
Só que os bancos dianteiros são parcialmente elétricos: um botão altera a distância do assento, mas a regulagem do encosto é feita manualmente por ajuste milimétrico. A chave é “meio” presencial. Você precisa tirá-la do bolso para abrir o carro, mas não para ligar o motor, que pode ser acionado por botão.
Exotismos de lado, o Classe C segue como um legítimo Mercedes. Não há carência de equipamentos que ofusque o bom acabamento, que reúne uma boa quantidade de materiais emborrachados, apesar do excesso de plástico em preto brilhante.
A suspensão macia não transpira desempenho em um primeiro momento, mas pode surpreender quem busca uma dinâmica mais afiada.
O melhor, no entanto, é pegar a estrada com a família, aproveitando o isolamento acústico mais eficiente (por conta das últimas marchas longas) e o espaço interno para levar quatro adultos com conforto de sobra.
O Mercedes-Benz C 180 continua não sendo o sedã mais equipado ou rápido do segmento, apesar de ser mais caro. Mas o modelo entrega uma sensação real de solidez, além do status ainda consagrado da marca alemã.
A solução atual é tão bem resolvida que sua reestilização é quase tão discreta quanto a diferença de desempenho do novo câmbio automático.
Veredicto
O novo câmbio não deixou o C 180 mais rápido, mas melhorou o consumo de combustível. A falta de itens básicos contrasta com o bom acabamento.
Teste de pista
- Aceleração 0 a 100 km/h: 9,4 s
- Aceleração 0 a 1.000 m: 30,4 s – 176,9 km/h
- Velocidade máxima: 223 km/h*
- Retomada de 40 a 80 km/h: 4,0 s
- Retomada de 60 a 100 km/h: 5,0 s
- Retomada de 80 a 120 km/h: 6,4 s
- Frenagens de 60/80/120 km/h – 0 m: 15,9/27,3/64,8 m
- Consumo urbano: 11,2 km/l
- Consumo rodoviário: 15,6 km/l
*Dado de fáfrica
Ficha técnica – Mercedes-Benz C 180 Avantgarde
- Preço: R$ 178.900
- Motor: flex, dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, turbo, 16V, 1.595 cm3; 83 x 73,7 mm, 10,3:1, 156 cv a 5.300 rpm, 25,5 mkgf a 1.200 rpm
- Câmbio: automático, 9 marchas, tração traseira
- Suspensão: duplo A (dianteira)/multibraço (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) / disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica, diâmetro de giro 11,2 m
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R17
- Dimensões: comprimento, 468,6 cm; larg. 181,0 cm; altura, 144,2 cm; entre-eixos, 284,0 cm; peso, 1.425 kg; tanque, 66l; porta-malas, 480 l
- Itens de série: sete airbags, faróis de leds, sistema de estacionamento automático, ar-condicionado digital com duas zonas