A suspensão mais firme e a calibração mais permissiva do ESC torna o Fiat Argo HGT 1.8 a versão mais interessante para quem gosta de dirigir. Só que o modelo, com apliques vermelhos na carroceria e cabine e rodas maiores, pode ser chamativo demais para alguns consumidores.
Neste caso uma alternativa pode ser a versão Precision, que mantém o motor 1.8 de até 139 cv. QUATRO RODAS avaliou a versão automática do modelo, que possui diferenças importantes em relação à variante esportiva.
O pacote de equipamentos do Argo Precision é equivalente ao HGT, com exceção do quadro de instrumentos com tela LCD de 7″, rodas de liga-leve de 16″ e R$ 3.100 a menos na tabela de preços. Com câmbio automático o modelo parte de R$ 68.290 com uma proposta menos esportiva, mas pode surpreender quem espera dele a maciez típica de muitos Fiat.
Molas, amortecedores e a barra estabilizadora frontal do Argo Precision possuem calibração distinta da versão esportiva. Mas mesmo após rodar em ambos os modelos, a diferença no dia a dia é pouco perceptível – especialmente se o modelo estiver equipado com as rodas de liga-leve de 16″ opcionais, como o carro avaliado.
O interessante ajuste feito pela Fiat manteve a eficiência do conjunto (McPherson na frente e eixo de torção atrás) sem prejudicar excessivamente a sensação de estabilidade.
Há uma rolagem maior da carroceria em curvas, mas nada que se assemelhe aos modelos mais baratos da marca – incluindo aí as variações Drive 1.0 e 1.3 do próprio Argo.
O desempenho do Argo 1.8 automático é um pouco inferior ao da configuração manual. Na pista de testes, o Precision AT levou 11,5 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h (contra 10,7 s do HTG manual).
Já o consumo melhora, graças à marcha extra: o automático cravou 12,1 km/l (urbano) e 14,3 km/l (rodoviário), enquanto o manual fez 11,0 km/l e 13,4 km/l, respectivamente.
A calibração da caixa automática Aisin é adequada para o dia a dia, mas em alguma situações o sistema hesitava: ora demorava para reduzir a marcha em uma aceleração repetina (sem kick-down), ora mantinha por muito tempo uma marcha baixa mesmo após o pedal da direita ser aliviado.
Como as borboletas para trocas de marcha são de série, nada que um leve toque atrás do volante para contornar o problema.
A calibração da direção elétrica é boa e tem respostas rápidas. O volante de couro tem comandos para o computador de bordo, controlador de cruzeiro, borboletas para trocas de marcha e sistema de som.
Junções expostas
O acabamento da versão Precision é idêntico ao do HGT, com exceção da faixa central do painel, que adota um tom cinza no lugar do vermelho usado no modelo esportivo. A textura dos plásticos usados no interior dão sensação de qualidade, mas faltam materiais emborrachados, especialmente nas portas, onde somente o apoio para o braço é macio.
A montagem das peças não ajuda: a borda das diferentes peças que compõe o forro da porta ficam à vista dos passageiros. Isso exige uma baixíssima tolerância na montagem dos componentes que o Argo, como outros rivais, ainda não conseguiu. A diferença é que, em outros modelos, as emendas ficam escondidas do olhar menos atento.
O que pode ser preciosismo em carros de baixa cilindrada tende a ser exigência quando o consumidor se aproxima da faixa de R$ 70.000 – valor que, aliás, é facilmente ultrapassado ao incluir todos os opcionais do modelo.
São R$ 3.500 pela chave presencial, quadro de instrumentos com LCD de 7″ e ar-condicionado digital de duas zonas, R$ 1.200 pelo sensor e câmera de ré, R$ 2.200 pelas rodas de liga-leve de 16″ e R$ 2.500 pelos airbags laterais (que exigem a inclusão das rodas opcionais). Se incluir pintura metálica ou perolizada vão mais R$ 1.600, totalizando R$ 78.800.
Veredicto
Por esse valor é mais interessante considerar um hatch médio, que, apesar de ter menos equipamentos, entrega uma dinâmica superior. Mas, sem a profusão dos itens vendidos à parte, o Argo Precision Automático é uma alternativa atraente a quem busca um modelo mais prazeroso de dirigir do que o Chevrolet Onix 1.4 LTZ ou mais espaçoso que o Hyundai HB20 1.6 Automático.
Teste (com gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,5 s
Aceleração de 0 a 1.000 m: 32,9 s – 158,2 km/h
Velocidade máxima: 191 km/h*
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,9 s (em D)
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,2 s (em D)
Retomada de 80 a 120 km/h: 8,0 s (em D)
Frenagens de 60/80/120 km/h a 0: 16,5/28,0/64,9 m
Consumo urbano: 12,0 km/l
Consumo rodoviário: 14,3 km/l
*dado de fábrica com etanol
Ficha técnica – Fiat Argo Precision 1.8 AT
Preço: R$ 68.290 (sem opcionais)
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.747 cm3, 135 cv (gasolina) / 139 cv (etanol) a 5.750 rpm, 18,8 mkgf (gasolina) / 19,3 mkgf (etanol) a 3.750 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson(dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: discos sólidos (dianteira) e tambores (traseira)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 185/60 R15 (série) ou 195/55 R16 (opcional)
Dimensões: comprimento, 399,8 cm; largura, 172,4 cm; altura, 150,7 cm; entre-eixos, 252,1 cm; peso, 1.264 kg; tanque, 48 litros; porta-malas, 300 l
Equipamentos de série: ar-condicionado manual, direção elétrica, ESC com assistente de partida em rampa, piloto automático, rodas aro 15, sistema multimídia com tela de 7″ com Apple Carplay e Android Auto, vidros, travas e retrovisores elétricos, faróis de neblina
Equipamentos opcionais: ar-condicionado digital, chave presencial, sensor crepuscular e de chuva e quadro de instrumentos com LCD de 7″, bancos de couro e rodas 16″, sensor e câmera de ré com linhas dinâmicas, pintura metálica ou perolizada, airbags laterais dianteiros