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SUVs x sedãs

Novos e cheios de estilo, os SUVs estão tirando o sono de muita gente: será que vale a pena trocar o sedã pelo utilitário esportivo?

Por Paulo Campo Grande
Atualizado em 25 mar 2024, 08h14 - Publicado em 25 jun 2015, 15h55
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  • comparativos

    Os SUVs sempre tiveram a imagem associada a aventura e esportes radicais. Nos últimos tempos, porém, depois que ficaram mais leves, confortáveis e adaptados ao uso diário, eles passaram a ser vistos em todos os lugares, incluindo aquelas ocasiões tradicionalmente reservadas aos sedãs, como os eventos sociais e corporativos em que se pede mais formalidade. Os utilitários esportivos se tornaram concorrentes dos sedãs e hoje há motoristas em dúvida sobre qual comprar. Com os recentes lançamentos de SUVs, essa é uma das perguntas mais frequentes no vlog Melhor Compra.

    Para avaliar os prós e contras de cada conceito, reunimos aqui três duplas de sedãs e SUVs: Chevrolet Cruze 1.8 LTZ e Tracker 1.8 LTZ, Ford Focus 2.0 SE e EcoSport Freestyle Plus 2.0, Honda Civic 2.0 EXR e HR-V 1.8 EXL. Para efeito de comparação, escolhemos versões com preços próximos. Mas, com exceção do Tracker, que é oferecido apenas na versão topo de linha LTZ, poderíamos formar outras duplas incluindo até outros modelos. O EcoSport poderia ser comparado ao Fiesta Sedan e o HR-V, ao City. O par Civic e HR-V ganhou destaque por reunir os ingredientes típicos do confronto. Trata-se de um SUV recém-chegado desafiando um sedã veterano. Mas as outras duplas também tiveram papel importante na nossa conclusão.

    Começando pelos preços, pode-se dizer que os SUVs no fim são mais caros, embora os valores cobrados por eles estejam bem próximos dos aplicados nos sedãs. No caso da Ford, é o mesmo. A diferença surge quando lembramos que os SUVs usam plataformas de modelos de segmentos inferiores. O HR-V deriva do City; o EcoSport, do Fiesta e o Tracker, do Onix. Se as fábricas cobram o mesmo valor por produtos diferentes, os mais simples deveriam custar menos.

    Quando o critério é o conteúdo, constatamos outra vez que os sedãs estão em vantagem. O Civic tem a

    suspensão traseira (multilink) mais sofisticada que a do HR-V (eixo de torção). O Focus conta com motor com injeção direta de combustível, enquanto o EcoSport tem sistema convencional. E o Cruze vem com direção elétrica, contra a hidráulica do Tracker. Além disso, existe a diferença de equipamentos. Os sedãs são mais bem recheados.

    FAZENDO AS CONTAS

    No que diz respeito aos outros custos, não existe um padrão tão evidente a favor dos sedãs. Examinando valores de seguro e manutenção, HR-V e Tracker dão mais despesas que Civic e Cruze, respectivamente. Mas, entre EcoSport e Focus, a relação se inverte: o Eco é mais barato de manter. Os cálculos dos seguros foram feitos pela corretora Segurar.com com base em um mesmo perfil de motorista. As diferenças, portanto, podem ser atribuídas unicamente aos carros – as seguradoras determinam os valores da apólice com base em estatísticas que revelam a sinistralidade dos veículos.

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    Além do valor de seguro e das revisões, levantamos também os preços dos pneus, que são componentes caros que ficam de fora das manutenções programadas. Mais uma vez, os utilitários esportivos apresentaram custos superiores.

    Na pista de teste, houve equilíbrio no rendimento. As marcas de consumo urbano e rodoviário ficaram muito próximas entre os pares, o que leva à conclusão de que o custo de rodagem deve permanecer no mesmo patamar. O desempenho também foi bem parelho. Apenas o Focus se destacou, bebendo menos que o Eco.

    No uso diário, há diferenças bem características entre os dois tipos de veículo. No que diz respeito ao espaço interno, os sedãs costumam apresentar porta-malas maiores, mas ficam em desvantagem quando os SUVs abrem a tampa traseira e rebatem os bancos. Sedãs podem até rebater os bancos, mas não possuem o mesmo volume interno nem a facilidade de acesso à bagagem quando se abre a tampa traseira.

    Na cabine, apesar das distâncias menores de entre-eixos (por causa das plataformas), os SUVs acomodam melhor seus ocupantes. E a razão para isso está no fato de seus assentos estarem em posição mais elevada. Essa vantagem é mais fácil de notar nos bancos traseiros, nos quais os passageiros dos SUVs viajam com os joelhos na mesma altura dos quadris. Nos sedãs, por sua vez, os joelhos ficam mais altos e o quadril afunda no assento. Para o motorista do utilitário, o maior ganho é a visibilidade. Em posição elevada, o condutor amplia seu campo de visão e surge aquela sensação de ter controle da estrada.

    MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

    A altura em relação às ruas não se deve apenas aos bancos, no entanto. A suspensão dos SUVs também é elevada e seus pneus costumam ter perfil mais alto. E o aspecto positivo, nesse caso, está no fato de o carro conviver melhor com as irregularidades de nossas ruas, passando por obstáculos com mais conforto. Pensando na segurança, em um acidente, dependendo do caso, a altura elevada pode proteger os ocupantes dos SUVs, principalmente se os outros veículos envolvidos forem mais baixos. Nem tudo é melhor ao volante dos utilitários esportivos, porém. A posição de dirigir alta muda completamente a forma como o condutor se relaciona com o carro e com a via. Como viaja mais distante do chassi, fica mais difícil para o motorista perceber as reações do veículo. Para quem gosta de dirigir esportivamente, isso é ruim. E há outras implicações: o isolamento do motorista em relação ao carro pode ter consequências para a segurança das viagens, pois dificulta que se perceba quando o veículo está chegando ao seu limite.

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    Comparando Civic e HRV, os dois carros apresentam comportamentos muito parecidos, com direção leve e suspensão macia. Com centro de gravidade mais alto, o HRV tende a balançar mais a carroceria nas curvas e nas frenagens bruscas, mas nada que assuste. Pelo contrário: em nossas medições o SUV se saiu melhor que o sedã nas provas de frenagem. Apesar de mais equilibrado, o Civic precisou de mais espaço para parar. Nas manobras, não existem diferenças. Com diâmetros de giro idênticos, os dois requerem o mesmo espaço na hora de estacionar.

    CUSTO-BENEFÍCIO

    Civic e HRV têm os mesmos recursos básicos de segurança, equipados com controle eletrônico de estabilidade e sistema auxiliar de partida em rampas. A única falta grave está no fato de o HRV ter apenas quatro airbags, contra os seis do Civic. Em relação aos itens de conforto, o sedã traz alguns equipamentos exclusivos, como o teto solar e o sensor crepuscular. O HRV, por sua vez, vem com leds nas luzes de posição e rebatimento elétrico dos retrovisores. E conta com a mobilidade dos bancos, que transforma sua cabine em um pequeno contêiner.

    Pelo exposto aqui, os sedãs são as melhores escolhas. Eles levam a melhor em aspectos como tecnologia embarcada e equipamentos; geram menos despesas com seguro e manutenção e ainda se defendem bem no uso diário, com bom comportamento dinâmico e segurança. O SUVs se destacam oferecendo mais espaço e conforto. E o fato de serem novidades em nosso mercado adiciona-lhes algum charme. Mas a melhor relação custo-benefício está com o sedãs.

    Confira a ficha técnica dos modelos

    Veja o teste comparativo entre HR-V e Civic

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    FORD: ECOSPORT X FOCUSNeste confronto, o sedã superou o SUV na maioria dos aspectos analisados

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    No Salão de Buenos Aires, de 19 a 28 de junho, a Ford apresentará o Focus reestilizado. Além da grade dianteira inspirada nos Aston Martin, o carro vai ganhar novos faróis, lanternas e equipamentos. O preço ainda é desconhecido. O Focus chega ao mercado nacional em julho. Mas isso não muda o resultado deste comparativo porque, na essência, o Focus permanecerá igual.

    O Focus tem todos os prós e contras típicos dos sedãs em relação aos SUVs – apresentados no texto ao lado. Mas, das três duplas analisadas, ele é o sedã que mais se destaca de seu par, no que se refere à tecnologia.

    Seu motor é o mesmo Duratec 2.0 Flex que equipa o EcoSport, mas com uma diferença vital, que é o sistema de injeção direta, que melhora seu rendimento. Enquanto o EcoSport – com sistema de injeção eletrônica convencional (nos coletores) – tem 147 cv de potência, o Focus conta com 178 cv rodando com etanol.

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    Sua suspensão traseira é multilink, assim como a do Civic, que é mais eficiente e melhora a dirigibilidade, na comparação com o sistema de eixo rígido usado pelo Eco. Na pista de teste, o Focus foi mais rápido e freou melhor que seu par. E, nos equipamentos, o SUV traz dispositivos exclusivos como o alerta de pressão baixa no pneus e abertura elétrica do porta-malas, entre outros. Mas o EcoSport possui seis airbags (frontais, laterais e de cortina) contra apenas quatro (frontais e laterais) do Focus.

    Confira a ficha técnica dos modelos

    Veja o teste comparativo entre EcoSport e Focus

    CHEVROLET: TRACKER X CRUZE

    Neste duelo, o sedã é mais bem equipado e acabado que o SUV. E ainda custa menos

    comparativos

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    A dupla da Chevrolet é a dona das maiores diferenças para o bolso do proprietário, com vantagem para o Cruze. Além de ser mais caro na aquisição, o Tracker gasta mais: 65% a mais na compra dos pneus, 58% no seguro e 28% nas revisões. Uma razão para isso é o fato de o Tracker vir importado do México enquanto o Cruze é produzido no Brasil. Mas existe também uma explicação no posicionamento dos veículos.

    O Cruze é oferecido em duas versões, LT e LTZ, e o Tracker chega apenas na versão topo de linha LTZ. A Chevrolet prometeu trazer uma configuração mais simples, mas isso não aconteceu. Em função desses valores majorados, o SUV fica em desvantagem diante do sedã. E sua situação piora ainda mais quando se comparam as listas de itens de série, porque o Cruze é mais bem equipado.

    Sua lista de itens de série tem seis airbags, ar-condicionado digital, partida sem chave, sensor de chuva, bancos de couro (revestimento parcial) e direção com assistência elétrica. Já a relação do Tracker traz dois airbags, arcondicionado analógico, imitação de couro nos bancos e direção hidráulica. No acabamento, os dois contam com materiais de boa qualidade e de duas cores. Mas o Cruze caminha um pouco mais, com apliques cor de alumínio e preto brilhante no console e frisos cromados ao redor dos instrumentos. No fim da avaliação, esta dupla endossou o resultado do comparativo, que dá o status de melhor compra aos sedãs.

    Confira a ficha técnica dos modelos

    Veja o teste comparativo entre Tracker e Cruze

    AVALIAÇÃO DO EDITOR

    MOTOR E CÂMBIO

    Sedãs e SUVs mostraram rendimentos equilibrados, mas os sedãs têm motores mais avançados.

    SUVS ★★★

    SEDÃS ★★★★☆

    DIRIGIBILIDADE

    Enquanto os SUVs são versáteis, podendo encarar trilhas de terra, os sedãs fazem a diferença rodando no asfalto.

    SUVS ★★★★

    SEDÃS ★★★★

    SEGURANÇA

    De modo geral, a oferta de sistemas de proteção é equilibrada. Há diferenças individuais no número de airbags disponíveis.

    SUVS ★★★★

    SEDÃS ★★★★

    SEU BOLSO

    Os sedãs levam vantagem no preço e nos custos de manutenção e de seguro.

    SUVS ★★☆

    SEDÃS ★★★★☆

    CONTEÚDO

    Sedãs são em geral mais bem equipados.

    SUVS ★★☆

    SEDÃS ★★★★

    VIDA A BORDO

    Os SUVs oferecem mais espaço e conforto para todos os ocupantes.

    SUVS ★★★★

    SEDÃS ★★☆

    QUALIDADE

    Na mesma faixa de preço, sedãs apresentaram acabamento ligeiramente superior aos SUVs.

    SUVS ★★★

    SEDÃS ★★★★

    VEREDICTO

    Somente o gosto pelo estilo mais moderno e aventureiro justifica a aquisição de um SUV, diante de um sedã, na mesma faixa de preço.

    SUVS ★★★☆

    SEDÃS ★★★★

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