Antigamente, quando queriam lançar uma versão esportiva, as fábricas se inspiravam nas pistas de corrida. Modelos como Gol GTi, Kadett GSi e Escort XR3 fizeram sucesso entre os entusiastas. Depois, vieram os aventureiros urbanos e a referência de esportividade migrou do asfalto para a terra. As exceções eram versões que remetiam às competições apenas no visual. Agora a Renault está resgatando aqueles (bons) tempos ao lançar a versão RS do Sandero, esportiva na forma e no conteúdo. A sigla RS vem de Renault Sport, a divisão de competições da marca, que foi a responsável pelo desenvolvimento do carro.
Começando pelo motor, o RS é o único Sandero 2.0. Esse motor (o mesmo do Duster) não é a última palavra em tecnologia. Não tem recursos como comandos de válvulas variáveis, injeção direta e turbo, mas rende 150 cv com etanol, 44 cv a mais que o 1.6 das outras versões do Sandero. Ele garante ao RS uma relação peso/potência de 7,74 kg/cv, contra 10,14 kg/cv da versão 1.6 GT Line (que traz apenas o acabamento esportivo). Comparando o desempenho desses modelos com números de fábrica (uma vez que não pudemos testar o novo carro), o RS vai de 0 a 100 km/h em 8 segundos e chega aos 202 km/h de velocidade, enquanto o 1.6 GT Line gasta 11 segundos e atinge 179 km/h.
Tão ou mais interessantes que o motor, porém, o Sandero RS tem outras características que o tornam uma verdadeira versão esportiva. A suspensão ganhou conjuntos de molas, amortecedores, batentes e barras estabilizadoras recalibrados. Os freios agora contam com discos nas quatro rodas. E a direção hidráulica cedeu lugar a um sistema com assistência eletro-hidráulica. O câmbio é manual de seis marchas.
Nosso test-drive incluiu trechos de rua e estrada e terminou na pista do Autódromo Internacional de Curitiba, no Paraná. Na primeira parte, o que mais chamou atenção foi o comportamento da suspensão, que ficou firme sem ser desconfortável. Além disso, o volante se destacou pela boa empunhadura, apesar de ser ajustável apenas em altura. Seu diâmetro de 37 cm é 1 cm menor que o padrão da linha Sandero. Os bancos também agradaram por oferecer bom apoio lateral. No autódromo, foi possível conferir que, além de ser rápido nas arrancadas e retomadas, o Sandero RS freia bem e roda de forma equilibrada e obediente. O único ponto que poderia ser melhorado, para quem gosta de dirigir esportivamente, é a alavanca de câmbio, de seis marchas. Seu curso é longo, o que dificulta localizar as marchas. Seus engates são precisos e bem-escalonados (com as quatro primeiras marchas curtas e as duas últimas longas), mas o motorista precisa se acostumar com a alavanca.
MULHER DE CÉSAR
Como à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta, o visual não foi esquecido. Por fora, o Sandero RS conta com kit aerodinâmico, que inclui spoiler dianteiro, saias laterais e aerofólio traseiro, rodas de liga leve pretas e faixas decorativas. Por dentro, os instrumentos ganharam novo grafismo, o volante traz a sigla RS no raio inferior e há detalhes vermelhos nas saídas de ar e na costura do couro do volante e da alavanca do câmbio. Os bancos têm duas faixas longitudinais: uma vermelha e a outra cinza. Entre os equipamentos, o Sandero traz como itens de série luzes de posição com leds, central multimídia, ESP (com três modos de uso: Standard, Sport e desligado), assistência de partida em rampas e ar-condicionado digital. O único item opcional são as rodas de aro 17 (com pneus 205/45 R17) que aparecem nas fotos. As de série também são de liga,mas aro 16 (com pneus 195/55 R16).
Como toda versão esportiva, o RS é mais caro que seus pares, mas nada assustador. Ele custa R$ 58 880 básico e R$ 59 880 com rodas aro 17, enquanto a versão aventureira Stepway sai por R$ 52 300. O Sandero é o primeiro carro de rua desenvolvido pela Renault Sport fabricado fora da Europa. E pode não ser o único. Segundo a Renault, há outros projetos da RS em estudo para o Brasil.