Se você pedir a uma criança que desenhe um SUV, possivelmente os traços lembrarão um Range Rover Sport. As linhas do modelo são as que mais bem representam a essência da categoria: um veículo grande, espaçoso, elevado e multiuso, feito para ir aonde o dono quiser – daí a alcunha “utilitário esportivo”.
Mas a versão SVR é a menos utilitária de todas. E também a mais esportiva já feita.
Parece que este elefante criado por jaguares não sabe o que é, como a personagem Ellie, do filme A Era do Gelo 2. Sem percepção de seu tamanho, a mamute se comporta como os gambás que a criaram.
De forma semelhante, o Range Rover Sport SVR tem convicção de que é um felino. Vai de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos, diz a fábrica, quase o mesmo que seu irmão, o Jaguar F-Type R (4,3 segundos).
O parentesco pode não ser óbvio, mas eles dividem o coração: um V8 5.0 de 550 cv. Esse motor tem fôlego para impulsionar os 2 335 kg do monstro com praticamente a mesma agilidade do cupê.
Na pista, o SVR faz jus à genética. Marcou 8min14 em Nürburgring, tempo que lhe permite andar lado a lado com um Mercedes C 63 AMG ou um Porsche Boxster S.
Para transformar o Range Rover Sport em um SUV de corrida, a Land Rover inaugurou a SVO (Special Vehicle Operations), uma divisão criada para concorrer com as preparadoras das marcas premium, como AMG (Mercedes), M (BMW) e RS (Audi).
Todos os modelos modificados pelo setor receberão o logotipo SVR, atestando a linhagem nobre. E o Range Rover é o primeiro de uma safra esportiva que abrangerá outros modelos, incluindo os Jaguar.
A SVO modificou o acerto do chassi para aumentar a rigidez torcional e trabalhou na suspensão pneumática, visando à redução de rolagem nas curvas. Os freios receberam discos maiores peças de 15 polegadas na dianteira e pinças de seis pistões fornecidas pela Brembo.
O câmbio automático de oito marchas foi recalibrado para trabalhar com agilidade. Em relação ao Range Rover Sport, a marca divulga que as trocas são 50% mais rápidas. E a caixa é capaz de reconhecer curvas, evitando mudanças dentro delas, situação que poderia desequilibrar a carroceria.
Além disso, no modo manual, quando o giro do motor chega ao limite de rotação, não há trocas automáticas. Em vez disso, ocorre o corte de giro como no Jaguar.
Mas a busca pela performance no asfalto não comprometeu a capacidade fora de estrada do veículo. Na lama, o SVR se comporta como um legítimo Land Rover. Com o Terrain Response ajustado para off-road, a suspensão sobe e aumenta o vão livre para 27,2 cm. Assim, esse velocista pode submergir a até 85 cm.
Em qualquer condição, o motorista não precisa se preocupar com a distribuição de tração entre os eixos. De forma independente, o carro aciona a reduzida e ajusta o regime de tração a cada tipo de piso (lama, pedra, areia ou asfalto). São qualidades comuns aos demais veículos da marca.
Mas há um comando exclusivo do SVR. Junto ao câmbio, um botão com a gravura de uma saída de escape modifica o som do motor. O recurso incrementa o rugido do mamute, alterando o fluxo de gases de exaustão por meio de um sistema eletromecânico.
O outro dote esportivo está na cabine: os bancos dianteiros e traseiros são do tipo concha. Por isso, os assentos roubam espaço do ocupante do meio. Assim, no Sport SVR, só quatro viajam com conforto.
Isso não ocorre no Sport comum, que leva cinco e também não faz feio ao acelerar. Em 2013, QUATRO RODAS cravou 4,9 segundos no 0 a 100 km/h. E com uma ressalva: na época, o V8 5.0 gerava 40 cv a menos.
Chamativo, o SVR tem cara de mau. Não há cromados. Os faróis de longo alcance nas laterais do parachoque dianteiro deram espaço a uma enorme grade de refrigeração. Os faróis têm máscara negra e as peças plásticas foram cobertas por acabamento preto brilhante, incluindo a inscrição “Range Rover” no capô. Na traseira, o logo da Land Rover dá lugar ao emblema SVR. É um atestado de pedigree. Só falta definir a raça.
VEREDICTO
É o melhor SUV da marca: valente na terra, incrível no asfalto, prazeroso ao volante e muito confortável. Além de oferecer mais exclusividade que um Sport normal.
Motor | diant., long., V8, 32V |
---|---|
Cilindrada | 4 999 cm³ |
Diâmetro x curso | 92,5 x 93 mm |
Potência | 550 cv a 6.000 rpm |
Torque | 69,3 mkgf a 2 500 rpm, supercharger, injeção direta |
Câmbio | aut. seq., 8 marchas, 4×4 |
Dimensões | comprimento, 485 cm; altura, 184,5 cm; largura, 201,9 cm; entre-eixos, 292,3 cm |
Peso | 2.335 kg |
Tanque | 105 litros |
Suspensão dianteira | braços duplos, molas a ar |
Suspensão traseira | multilink, molas a ar |
Freios | discos vent. nas 4 rodas |
Direção | elétrica |
Pneus | 275/45 R21 |
Equipamentos | controle de estabilidade ativo, rodas de 21 pol, bancos concha, freios Brembo, couro legítimo |
0 a 100 km/h | 4,7 s |
Velocidade máxima | 260 km/h (limite eletrônico) |