Rampage Laramie custa R$ 50.000 mais caro que a Toro diesel; vale a pena?

A Ram Rampage estreou o motor 2.0 turbo a gasolina Hurricane-4 entre os Stellantis fabricados no Brasil. Esse motor tem 272 cv e 40,8 kgfm se mostrou bem forte na Rampage R/T e em breve estará disponível para o Compass e para o Commander. Mas como anda a Rampage com o velho motor 2.0 turbodiesel?

Convocamos a Rampage Laramie diesel, de R$ 262.990 para teste e para tentar entender se a menor picape da Ram consegue justificar a diferença de R$ 50.000 para as Fiat Toro Ranch e Ultra, que têm praticamente a mesma mecânica e custam R$ 212.990.

Quase o mesmo motor porque, embora a Fiat Toro utilize o motor 2.0 Multijet desde 2015, sua versão tem 170 cv e 35,7 kgfm. A Rampage a diesel usa a versão do Jeep Commander, com os mesmos 170 cv mas 38,7 kgfm. Nos dois casos o câmbio é automático de nove marchas e a tração é 4×4 permanente.

Na prática, a Ram Rampage é isso mesmo. Uma Fiat Toro incrementada pelo que há de melhor em termos estéticos e de acabamento nos Jeep Commander e Compass. Tem visual mais musculoso, usa as mesmas portas dianteiras dos Jeep e essa versão Laramie faz jus à marca Ram por abusar dos cromados na carroceria e ainda tem rodas aro 18 diamantadas, mas com pneus de asfalto.

Como é a versão mais cara com o motor diesel, a Rampage Laramie ainda tem interior com acabamento bicolor, preto e marrom. Também há faixa de couro marrom no painel, que tem plásticos macios em outras superfícies. Ainda por dentro, teto e colunas são cinza.

Mas os equipamentos nem são tão diferentes da Rampage Rebel (R$ 251.990). Todas têm central multimídia de 12,3” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, quadro de instrumentos digital de 10,3”, banco do motorista com ajustes elétricos de 12 vias, Ram Connect (internet 4G), faróis e lanternas full LED, carregador wireless com resfriamento, freios a disco nas quatro rodas, freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold e saída traseira para o ar-condicionado, que é automático e tem duas zonas.

Quanto à segurança, tem 7 airbags, piloto automático adaptativo (ACC) monitoramento de pontos cegos sistema de permanência na faixa de rodagem, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma e detecção de pedestres e ciclistas.

O único opcional é o chamado Pack Elite, que custa R$ 6.000 e inclui ambiente light, som premium Harman Kardon e banco do passageiro com ajustes elétricos, como no carro das fotos. Quanto aos acessórios, o engate custa R$ 2.957 e a capota rígida de abertura elétrica custa R$ 12.192. O protetor de caçamba é de série.

A Rampage é do tamanho de uma Fiat Toro (mesma base), mas com direção que esterça mais: são 11,9 m de diâmetro de giro contra os 12,4 m da irmã Fiat. É o suficiente para evitar uma manobra a mais saindo de uma vaga. Mas manter os 2,99 m de entre-eixos limita o conforto no banco traseiro.

O espaço na caçamba, de 980 l, também é pequeno quando a comparação é com picapes médias de mesmo preço, que superam bastante a marca dos 1.000 litros. Mas a capacidade de carga empata, com 1.015 kg. A Rampage Laramie tem abertura elétrica da tampa pela chave e iluminação interna, além de trava elétrica da tampa e protetor de caçamba.

Um dos argumentos das picapes monobloco é o peso mais baixo comparado às picapes com carroceria montada sobre o chassi de longarinas. A tração integral também pode jogar a favor na hora de entregar a força do motor no asfalto. Mas essas características já não são surpreendentes para o motor 2.0 Multijet surpreender no desempenho. 

Na verdade, o teste de pista só comprovou uma má impressão que a Rampage diesel havia deixado no uso do dia a dia, devendo fôlego em acelerações e retomadas, e demorando para reagir ao pedal do acelerador. Parece muito mais pesada do que realmente é. Não vivemos isso com a Fiat Toro, que usa o mesmo 2.0 turbo diesel com menos torque: 35,7 kgfm.

Pode ser efeito da adaptação ao Proconve L7 e ao Arla 32, pois o consumo surpreende de tão bom: fez 11 km/l na cidade e 16,2 km/l na estrada. Mas o 0 a 100 km/h foi registrado em 13,9 segundos, tempo comparável a carros compactos 1.0, como o Chevrolet Onix (13,2 s) e o Peugeot 208 1.0 (14,2 s).

Talvez por isso a Stellantis esteja trabalhando para substituir o motor 2.0 turbodiesel por um 2.2 com cerca de 200 cv no futuro. 

Longe de ser um carro ruim. A Rampage diesel tem rodar macio e suave na estrada (o que a versão R/T, por sinal, não tem), filtra bem as imperfeições do asfalto sem balançar muito ou quicar, como picapes médias gostam de fazer. Ainda proporciona um bom nível de silêncio a bordo. 

Definitivamente, não é o desempenho que vai justificar o comprador desistir da Fiat Toro para comprar a Ram Rampage. O argumento aqui é o nível de acabamento compatível com um carro que custa mais de R$ 200.000 e o pacote de equipamentos mais avançados, que a Toro não tem e não terá tão cedo. Na verdade, muitos desses equipamentos nem as versões mais caras das picapes médias têm, mesmo custando bem mais que R$ 300.000.

Veredicto Quatro Rodas

O comprador da Ram Rampage sabe que ela é um upgrade da Toro, com mais equipamentos e acabamento muito bom. Mas os argumentos são esses: o desempenho do motor turbodiesel só piorou nos últimos anos, ainda que o consumo tenha melhorado.

Ficha Técnica – Ram Rampage Laramie diesel

Motor: diesel, dianteiro, transversal, 4 cil., 1.956 cm³, 16V, 170 cv a 3.750 rpm, 38,8 kgfm a 1.750 rpm Câmbio: automático, 9 marchas, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: 235/60 R18
Peso: 1.942 kg
Dimensões: comprimento 502,8 cm; largura, 188,6 cm; altura, 178 cm; entre-eixos, 299,4 cm; tanque de combustível, 90 l; caçamba, 980 l; carga útil, 1.015 kg

Teste de desempenho e consumo – Ram Rampage Laramie diesel