Nova Spin é melhor que o C3 Aircross? Comparamos os 7 lugares mais baratos
Novo Citroën C3 Aircross e a nova Chevrolet Spin 2025 se enfrentam na pista de testes. Qual o melhor carro de sete lugares do Brasil abaixo dos R$ 150.000?
A Chevrolet Spin está prestes a completar 12 anos à venda no Brasil e em mais de uma década ela já passou por diversas fases de mercado. Quando foi lançada era apenas uma entre outras tantas minivans, como Fiat Idea, Nissan Livina e C3 Picasso, mas nos últimos anos se viu sozinha nesse segmento e durante um bom tempo carregou a bandeira de carro sete lugares mais barato do Brasil.
A verdade é que a categoria das minivans ficou tão desprestigiada que nem a própria Chevrolet a categoriza como tal, e sim como um crossover, uma mistura de minivan com SUV.
A bandeira de sete lugares mais barato foi perdida no fim de fevereiro, com o lançamento do Citroën C3 Aircross na versão sete lugares por a partir de R$ 117.990. A General Motors tratou de lançar a reestilização profunda que fez na Spin 2025 e agora ganha o título de sete lugares mais equipado (pelo menos até os R$ 150.000), além de ter ficado bem atraente tanto por fora quanto por dentro.
Aproveitamos que os dois foram lançados em datas tão próximas e alinhamos as versões mais completas da Spin e do Aircross para descobrirmos qual dos dois carros de sete lugares tem o melhor custo/benefício e quais são as qualidades e defeitos de cada um.
Chevrolet Spin tem mudanças significativas
É importante pontuar que a origem dos dois carros é distinta. Enquanto a Chevrolet Spin nasceu com uma plataforma idealizada para ser uma minivan, o C3 Aircross é derivado de um hatch, o Citroën C3.
As mudanças na nova Spin deixaram o design mais agradável, principalmente na dianteira. Ela segue o estilo da Montana e tem faróis com luzes diurnas de led finas na parte superior e interligados aos faróis principais abaixo. Eles são full-led, item inédito em um modelo mais acessível da marca. Segundo a Chevrolet, esse conjunto óptico oferece três vezes mais luminosidade do que o modelo anterior com aumento de 145% de alcance.
A Spin 2025 também tem novas entradas de ar nas extremidades do para-choque e capô mais elevado para conferir status de SUV. A grade é nova e os apliques mudam de cor conforme a configuração. Outro elemento que difere de acordo com a versão é o friso que interliga as lanternas, que agora são de led. A tampa do porta-malas é inteiramente nova, assim como o para-choque com refletores instalados na vertical, bem nas extremidades, que ajudam a evidenciar o alargamento das bitolas.
Em estilo o Aircross também não faz feio e apresenta o mesmo conjunto óptico do C3 com DRLs de led que acompanham a grade e emolduram os faróis halógenos – eles agradam e ajudam a trazer mais sofisticação. As lanternas são em formato de C e invadem a lateral e são interligadas por um friso (preto brilhante na versão Shine).
Em relação às dimensões, o Citroën C3 Aircross sofreu uma alteração completa ao compará-lo com o C3, do qual deriva, ganhou 11,5 cm no entre-eixos (267 cm) e 34 cm no comprimento (432 cm). Porém, nesse quesito, a Spin sai ganhando, ela é maior em todas as dimensões, exceto no entre-eixos.
É a Spin que apresenta a cabine mais espaçosa (ela é maior na maioria das dimensões) e, nesse segmento, esse quesito ganha um peso extra, considerando o espaço para pernas. Enquanto a Spin oferece 96 cm na terceira fileira, o Aircross tem 71 cm.
Chevrolet Spin mantém o motor de sempre
Segundo a Chevrolet, foi por meio de clínicas com proprietários de Spin que tomaram a decisão de continuar equipando o modelo com o antigo motor 1.8 aspirado (derivado da Família 1, que remete aos Chevrolet Corsa dos anos de 1990), de 111 cv e 17,7 kgfm, combinado com a transmissão automática de seis marchas – só a versão de entrada, LT (R$ 119.990) tem câmbio manual de seis marchas.
Na Spin 2025, esse motor recebeu um novo módulo de gerenciamento eletrônico, com o dobro da capacidade de processamento (incluindo o controle de partida a frio); que é o mesmo do Tracker, mas com uma nova calibração, trouxe uma redução de até 11% no consumo de combustível, segundo a marca. Outro benefício: atender a nova fase PL8 do programa de controle de emissões, Proconve, que entrará em vigor em 2025.
Não tivemos a oportunidade de avaliar o consumo da Spin em nosso ciclo QUATRO RODAS porque testamos o carro no campo de provas da GM, em Indaiatuba (SP). Mas, ao compararmos os números dos testes realizados pelo Inmetro (PBEV), houve melhora na média urbana do modelo anterior para o novo, de 9,8 km/l para 10,5 km/l (com gasolina). E, na estrada, o ganho foi de 12,3 km/l para 13,4 km/l.
Ainda segundo o Inmetro, a Spin foi mais econômica que o rival na estrada, já que o Aircross cravou 12 km/l no ciclo rodoviário e empatou na cidade, com o Citroën ficando com a média de 10,6 km/l.
Como não existe almoço grátis, ficar mais econômico e emitir menos tem seu preço: nos testes de desempenho, a nova Spin foi mais lenta que a versão anterior. Fez de 0 a 100 km/h em 14,2 segundos, enquanto a anterior acelerou em 12,5 segundos.
Na chamada pista D1, do campo de provas – que simula trechos de serra, estradas planas e também com diversos tipos de piso em bom e mau estado de conservação – não senti diferença de desempenho na Spin, com acelerações progressivas, graças à chegada do torque máximo aos 2.600 rpm.
Citroën C3 Aircross se garante com motor turbo
Esse perde e ganha verificado pelos números de desempenho e consumo mostra como o motor Chevrolet se tornou um cobertor curto. Principalmente, quando se alinha a Spin ao Aircross, o qual é equipado com o motor 1.0 GSE turbo, de três cilindros (herdado do Fiat Pulse), que rende 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque, acoplado ao câmbio CVT de sete marchas simuladas. São 19 cv e 2,7 kgfm a mais.
O Citroën consumiu mais na estrada, mas sem dar vexame, e empatou em consumo na cidade, atendendo os mesmos padrões de emissões, e ainda apresentou melhor desempenho em pista.
Em nosso teste, a versão topo de linha (Shine) do Aircross fez em 11,8 segundos o 0 a 100 km/h. E suas retomadas de velocidade também foram melhores que as da Spin (confira tabela abaixo).
A dinâmica dos sete lugares
O que mais impressionou positivamente na Spin foi a melhora conseguida na estabilidade da carroceria e no comportamento dinâmico, como um todo. E atribuo esse benefício à recalibração dos amortecedores e ao alargamento das bitolas (3,4 cm mais largas).
No trecho com o asfalto remendado da pista D1, em Indaiatuba (SP), pude sentir o sistema de suspensão trabalhar para filtrar as imperfeições, mesmo nos buracos maiores, por onde as rodas passavam sem que houvesse batidas secas. No contorno de curvas sucessivas, a 70 km/h de velocidade, a carroceria praticamente não rolava, apesar de a Spin ter ficado 1,6 cm mais alta.
Outro ponto que merece destaque, a bordo da Chevrolet, é o conforto dos bancos, que são novos e trazem espumas de múltipla densidade que favorecem a ergonomia.
O Aircross, por sua vez, também tem bom comportamento dinâmico e é igualmente elogiável pelo conjunto de suspensão, que prioriza o conforto filtrando as emendas do asfalto e sustentando o peso da carroceria, de modo que o motorista pode contornar as curvas com boa estabilidade e sensação de segurança.
Falando de vida a bordo, as estratégias em termos de conteúdo são diferentes nas duas marcas. Enquanto a Chevrolet quer modernizar o seu carro, que já sentia o peso da idade, com design atraente e tecnologia embarcada, a Citroën, que tem um projeto mais novo, foca no que acredita que é essencial oferecer nessa categoria: muito espaço interno, além do rendimento do motor e do bom comportamento dinâmico.
Quando se fala de conteúdo, porém, pesa na balança quem tem mais para entregar. Neste comparativo: a Spin. Na versão topo de linha, a Spin traz frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa, de ponto cego e de colisão e até indicador de distância do carro da frente em segundos, item inédito.
A novidade também são os seis airbags, incluindo os de cortina que protegem até mesmo os passageiros da terceira fileira. E estreia na Spin a nova geração da central multimídia MyLink, que traz tela de 11” com operação intuitiva e há uma interação com o quadro de instrumentos digital de 8”. Ao volante, parece que as duas telas são uma só e isso traz sofisticação para a cabine, além de melhorar a ergonomia, pois ambas ficam localizadas no campo de visão do motorista. O acabamento é esmerado, com adoção de partes emborrachadas.
Já no Citroën C3 Aircross, mesmo na versão mais cara, não há tecnologias de auxílio à condução e há só quatro airbags. É elogiável que o modelo traga quadro de instrumentos digital de 7” e central multimídia de 10”, mas o interior, herdado do C3, é bem simples, com excesso de plástico rígido. Ao compararmos as duas cabines, é fácil chegar à conclusão de que a Spin pertence até a uma categoria superior.
Para não dizer que não existem equipamentos exclusivos no Aircross, há uma espécie de ventilador de teto para ajudar a climatizar melhor a cabine, mas ele é mais barulhento do que devia, e os dois bancos extras são removíveis com o foco em versatilidade e espaço do porta-malas. Contudo, não é a solução mais conveniente, e sim mais barata.
A Spin continua com o rebatimento tradicional da terceira fileira por meio de duas alças e com ela rebatida tem 553 litros de porta-malas, enquanto o Aircross, sem a presença dos dois bancos, traz uma capacidade menor, com 493 litros. Com os sete assentos montados, sobram 50 litros no Citroën e 162 litros na Chevrolet – mais que o triplo.
O preço da nova Chevrolet Spin Premier 2025 é R$ 144.990, ou R$ 8.400 mais cara que a versão Shine de sete lugares do Citroën C3 Aircross, que custa R$ 136.590.
Porém, mesmo sendo mais cara, é a Spin que vence o comparativo pelo conjunto da obra: é mais bem equipada, tem mais espaço interno e traz uma vida a bordo superior graças ao acabamento melhorado, Wi-Fi embarcado e central multimídia de última geração. Ela perde em desempenho para o rival e era desejável que tivesse um motor mais moderno, mas o bom e velho aspirado recebeu melhorias e ainda dá conta do recado. No tempo dele, claro.
Veredicto Quatro Rodas – A recém-lançada Spin 2025 mudou para melhor e ficou mais atraente, melhorou a dinâmica e é rica em equipamentos, desbancando o rival C3 Aircross.
Ficha Técnica – Chevrolet Spin Premier 2025
Motor: flex, diant., transv., 4 cil. em linha, 1.796 cm³; 8V, 111/106 cv a 5.200 rpm, 17,7/16,8 kgfm a 2.600/2.800 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Peso: 1.292 kg
Dimensões: compr., 442 cm; larg., 195,3 cm; alt., 169,8 cm; entre-eixos, 262 cm; porta-malas, 553 litros, tanque, 53 litros
Ficha Técnica – Citroën C3 Aircross 2024
Motor: flex, dianteiro, transversal, três cilindros, turbo, 999 cm3, 12V, turbo, 130/125 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: CVT, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 215/60 R17
Peso: 1.272 kg
Dimensões: compr., 432 cm; larg., 179,6 cm; alt., 165,5 cm; entre-eixos, 267,5 cm; porta-malas, 493 litros; tanque, 47 litros
Teste de desempenho Quatro Rodas
Chevrolet Spin 1.8 AT | Citroën C3 Aircross 1.0T CVT | |
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 14,2 s | 11,8 s |
0 a 1.000 m | 35,6 s – 144,2 km/h | 33,7 s – 154,3 km/h |
Velocidade máxima | n/d | n/d |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 6,5 s | 5 s |
D 60 a 100 km/h | 8,4 s | 6,5 s |
D 80 a 120 km/h | 11,6 s | 8,8 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 15,4/27,7/61,9 m | 14,4/26,7/60 m |
Consumo | ||
Urbano* | 10,5 km/l | 10,6 km/l |
Rodoviário* | 13,4 km/l | 12 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 43,6/74,1 dBA | 45,3/72,4 dBA |
80/120 km/h | 61,3/73,2 dBA | 60,9/73,2 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h | 94 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha | 2.000 rpm | 2.000 rpm |
Volante | 2,7 voltas | 2,7 voltas |
Seu Bolso | ||
Preço | R$ 144.990 | R$136.590 |
Concessionárias | 600 | 182 |
Garantia | 3 anos | 3 anos |
Condições de teste: alt. 624/660 m; temp., 34/36,5 °C; umid. relat., 54 /50%; press., 765/757 mmHg
*Números de consumo do Inmetro (PBEV).