A expectativa era de que a linha 2023 do Nissan Versa chegasse reestilizada. Afinal, o novo modelo já estava em produção no México desde o começo de 2023. Porém, o sedã só surgiu renovado no Brasil, agora como linha 2024. Paciência. O Versa 2024 está mais atraente e seguro.
A reestilização está concentrada na dianteira. A grade maior, em preto brilhante e detalhes cromados abaixo dos faróis, aproxima o Versa do SUV Kicks.
O sedã abandonou o estilo da grade cromada em forma de V, que serviu de identidade de marca, em outros tempos. O para-choque também foi redesenhado e agora passa a ostentar o novo logotipo minimalista da Nissan. Os faróis são exatamente os mesmos, de led na versão testada, a topo de linha Exclusive. A boa-nova é que agora, além da assinatura de led, os faróis são equipados com DRLs – eliminando a necessidade de acender as luzes durante o dia nas estradas evitando multas.
As dimensões não mudaram nesse facelift e o Versa continua com seus 4,49 m de comprimenteo e 2,62 m de entre-eixos – o que permite ter um espaço interno generoso.
O nível de isolamento acústico já foi melhorado na troca de geração em novembro de 2020, mas a Nissan garante que o novo modelo traz mais melhorias. Os vidros dianteiros estão mais espessos, assim como os carpetes. Há materiais isolantes dentro das colunas da carroceria e do painel. E a vedação melhorou também no contorno nas portas. O silêncio a bordo é perceptível, como detectamos nos diferentes regimes e, em especial, em ponto morto, em nosso teste de ruído. Enquanto o modelo anterior mediu 42,9 dBA, o 2024 produziu 38,1 dBA – uma evolução significativa.
Falando em vida a bordo, o Versa não é mais o sedã compacto que oferece o maior espaço interno da categoria. Ele continua com os bons 90 cm de espaço para as pernas dos passageiros traseiros, mas agora tem rivais como o VW Virtus, com 1 cm a mais, e o Honda City, com 10 cm extras! Ainda assim há mais espaço que em outros sedãs do segmento, como o Hyundai HB20S, por exemplo.
Na altura também são 90 cm, mas passageiros com mais de 1,80 metro vão bater a cabeça no teto da segunda fileira. O espaço para ombros está dentro da média: 143,5 cm.
Mas quem viaja no banco de trás não usufrui de saídas de ar dedicadas, enquanto os ocupantes de City e Virtus contam com essa comodidade. Há apenas uma entrada USB-C no centro para recarga rápida de smartphones.
Na frente, a mudança fica por conta de um novo console central com direito a um pequeno porta-objetos, onde cabe no máximo uma nécessaire. Mas ele traz entrada USB-C.
A outra novidade é a nova central multimídia com tela de 8”, exclusiva da versão mais cara. As outras duas versões, Sense e Advance, continuam com a mesma central do modelo anterior, com tela de 7”.
Ambas têm conexão com Apple CarPlay e Android Auto por cabo e isso torna a presença do carregador por indução (na Advance e Exclusive) no mínimo curiosa. Toda tecnologia é bem-vinda, mas o carregador wireless faz mais sentido com a presença de uma multimídia que permite pareamento sem fio – e assim liberta o motorista da obrigatoriedade de sempre carregar um cabo.
Os bancos dianteiros continuam anatômicos e sustentam bem o corpo no assento e no encosto. Eles têm a tecnologia que a Nissan chama de Zero Gravity (Gravidade Zero) que ajuda a reter o corpo humano em uma desaceleração brusca. E ficaram mais baixos na regulagem mínima para acomodar melhor os mais altos.
O revestimento dos bancos imita couro só na versão topo de linha, mas em todas as configurações o interior é trabalhado em dois tons: preto com azul ou cinza com preto. Também há a presença de um acabamento emborrachado na parte central do painel e nas portas. O quadro de instrumentos digital é de 7”, combinado com o velocímetro analógico.
O Versa continua equipado com o motor 1.6 aspirado, que rende até 113 cv e 15,3 kgfm combinado com o câmbio CVT com simulação de até seis marchas. Trata-se de um conjunto robusto conhecido no mercado. Porém, o Versa tem um dos motores mais fracos do segmento, ficando na frente apenas do Toyota Yaris (110 cv e 14,9 kgfm com o motor 1.5 Dual VVT-i).
Rivais como o City, que traz o 1.5 aspirado (126 cv e 15,8 kgfm), e o Virtus, com o 1.0 turbo (128 cv e 20,4 kgfm), levam vantagem quando o assunto é desempenho.
O Versa fez 11,8 segundos de 0 a 100 km/h, enquanto os rivais cumpriram a prova em cerca de 10,5 segundos.
E a defasagem se verifica também nas marcas de consumo. Em nossos testes, o Versa conseguiu as médias de 11,5 km/l, na cidade, e 16 km/l, na estrada, face aos concorrentes com médias próximas de 13 km/l e 17 km/l, respectivamente. Essas diferenças já seriam suficientes para a Nissan considerar adotar um motor com melhor rendimento. Quem sabe na próxima.
Pensando na dirigibilidade e no isolamento da cabine, os engenheiros modificaram a suspensão, na troca de geração (nos pontos de fixação, geometria e batentes), e a direção (com o aumento da rigidez da coluna e uma relação mais curta).
Na prática, a suspensão ficou mais eficiente, filtrando melhor pisos irregulares e reduzindo a rolagem da carroceria nas curvas. E a direção está mais precisa, embora bem leve. Os pneus mais largos também proporcionam essa estabilidade e segurança no contorno de curvas mais acentuadas.
O conforto é comprometido pelo comportamento da transmissão CVT em retomadas. Como a simulação das trocas de marchas é realizada em altas rotações, entre 4.500 e 5.000 rpm (em razão da disponibilidade do toque), o ruído do motor que invade a cabine se torna bastante incômodo. Já em velocidades constantes o casamento motor e câmbio é harmonioso e o motor trabalha em baixas rotações privilegiando o consumo (e o silêncio).
O outro ponto positivo da linha 2024 é que o conteúdo, em especial de segurança, está mais rico. Conta agora com o alerta de colisão frontal e a frenagem autônoma de emergência, além de chave presencial como item de série desde a versão de entrada.
O sistema anticolisão passa a contar com câmera atrás do retrovisor interno, que atua junto com o radar, e isso faz com que o sistema fique mais preciso, segundo a marca.
A versão topo de linha ainda traz alerta de tráfego cruzado traseiro, monitoramento de ponto cego e alerta de atenção do motorista. De todo modo, ficou faltando piloto automático adaptativo, que está presente em rivais como City e Virtus, que também são bem equipados.
Mas o Versa pode ser uma boa escolha pelo custo/benefício, afinal esta versão topo de linha custa R$ 126.590 e é bem mais acessível que as versões topo de linha dos concorrentes.
Veredicto – Entre os sedãs compactos, vale a pena pensar no Versa. Ele ficou bonito, bem equipado e mais seguro.
Teste – Nissan Versa 2024
Aceleração
0 a 100 km/h – 11,8 s
0 a 1.000 m – 33,6 s – 154,3 km/h
Velocidade máxima- n/d
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 5,2 s
D 60 a 100 km/h – 6,8 s
D 80 a 120 km/h – 8,9 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 14,5/26,1/60,2 m
Consumo
Urbano – 11,5 km/l
Rodoviário – 16 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – 38,1/69,8 dBA
80/120 km/h – 63,6/69,6 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h- 95 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha – 1.800 rpm
Volante – 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico – R$ 126.590
Garantia – 3 anos
Concessionárias – 160
Ficha técnica – Nissan Versa 2024
Preço: R$ 126.590
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cil., 1.598 cm3, 113 cv a 6.300 rpm, 15,2 mkgf a 4.000
Câmbio: automático, CVT, 6 marchas simuladas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.) /eixo de torção (tras.)
Freios: discos vent. (diant.) e tambor (tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: 205/55 R16
Dimensões: comprimento, 449,5 cm; largura, 174 cm; altura, 146,5 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.139 kg;
tanque, 41 litros; porta-malas, 482 l