Nissan Qashqai
Sucesso mundial, o modelo deve inaugurar a nova safra de SUVs que a Nissan vai vender no Brasil
Não precisa ser nenhum especialista de mercado para saber que o segmento de SUVs é o que mais cresce no Brasil. Dito isso, vá até o fim da revista e procure na Tabela de Preços quantos carros desse tipo a Nissan oferece no Brasil. Nenhum, certo? Se você estranhou isso, imagine os japoneses da matriz. Sabendo que não pode ficar de fora dessa brincadeira, a montadora preparou sua ofensiva. A maior artilharia está reservada ao compacto Kicks, que chega em agosto, já como nacional. Mas o primeiro utilitário esportivo da Nissan atual chega antes, no fim do ano, e o mais cotado para o posto é o Qashqai (pronunciasse “cach-cai”), que viria importado. O próprio CEO da marca na América Latina, José Luis Valls, admitiu no Salão de Buenos Aires que “o Qashqai poderia cair bem no Brasil”.
Batizado com o nome de uma tribo nômade persa, que vive no sudoeste do Irã e faz alguns dos melhores tapetes do mundo, o modelo é a escolha quase obrigatória quando se pensa num SUV da marca. Ele é o carro que praticamente criou a categoria dos utilitários esportivos mais urbanos, baseados em plataforma de automóvel, que na Europa são chamados crossovers. Não é à toa que ele nasceu para substituir um hatch médio, o falecido Almera. Apresentado em 2006, o Qashqai tornou-se um sucesso acima de qualquer expectativa – previsto para atingir 100 000 por ano, vendeu mais que o dobro. Hoje ele acumula 2,5 milhões de unidades pelo planeta, é o Nissan mais vendido da Inglaterra e, em 2013, chegou a ser o carro da marca mais comercializado do mundo. Até seus concorrentes passaram a seguir seu conceito, como Toyota RAV4 e Honda CR-V.
As qualidades que causam esse frisson estão apoiadas em três pilares. O primeiro é o comportamento dinâmico. Apesar da suspensão de construção simples (McPherson à frente e eixo de torção atrás), o ótimo trabalho de afinação resultou num rodar confortável, que filtra bem as irregularidades e não inclina demais na curva, como vimos no nosso teste-drive em Genebra (Suíça). A condução lembra mais um automóvel, apesar de a carroceria ser maior. Com 4,38 metros, ele é pouco menor que um Hyundai ix35 (4,41 metros) e tem o mesmo entre-eixos (2,64 metros). Contribui para sua boa estabilidade a baixa altura, de 1,59 metro – o concorrente coreano possui 1,66.
O motor escolhido para nossa avaliação é o 1.6 de 163 cv (com turbo e injeção direta), hoje o favorito para vir ao Brasil. Ele alia funcionamento muito suave e silencioso com desempenho que dá gosto para um SUV: 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e máxima de 200 km/h (segundo a fábrica) para este câmbio manual de seis marchas. Como opção, há ainda um CVT com sete marchas virtuais programadas.
PORTA-MALAS POLIVALENTE
Outro atributo que cativou os europeus é a funcionalidade. Seu interior bem-acabado com superfícies macias ao toque oferece porta-objetos e recursos úteis no dia a dia. Um bom exemplo é o porta-malas, de 439 litros, que traz um sistema de piso duplo, com 16 possibilidades de ajuste. São dois painéis horizontais que podem ser erguidos ou baixados, formando uma prateleira que divide o porta-malas em um compartimento de carga superior e outro inferior. Ou então uma das tampas pode ser posicionada na vertical, criando uma divisória para separar as compras do mercado das malas, por exemplo.
Há também uma configuração na qual as duas pranchas formam um piso perfeitamente plano quando se rebatem os bancos traseiros. Além disso, essas placas possuem uma superfície fácil de limpar de um lado e um carpete suave do outro. O motorista escolherá qual usar dependendo se a bagagem está suja ou não.
A terceira virtude que fez a fama do Qashqai é o conteúdo. Desde a versão mais simples, ele traz de série computador de bordo com tela de 5 polegadas, som com Bluetooth, freio de estacionamento elétrico, indicador de pressão dos pneus, assistente de arranque em subida e luzes diurnas de leds. Mas o melhor são as versões superiores, nas quais encontramos vários equipamentos que não costumamos ver nos concorrentes, especialmente os de segurança.
Um deles é o Safety Pack, que agrega aviso de mudança involuntária de faixa, identificador de placas de trânsito, regulador automático de farol alto e sistema de anticolisão frontal (aciona o freio em caso de colisão iminente). Numa versão superior, acrescenta alerta de fadiga, aviso de veículo no ponto cego, sistema de estacionamento automático e a central multimídia Nissan Connect, que aceita aplicativos de smartphones e mostra uma visão 360o de cima do carro, como há no Range Rover Sport.
A definição do pacote de equipamentos que estará disponível do Brasil vai depender da faixa de mercado na qual a Nissan posicionará seu SUV. Como o Kicks atuará no segmento do EcoSport, o Qashqai ficaria num patamar acima, provavelmente acima das versões intermediárias do Honda HR-V (R$ 81 000) e abaixo do CR-V (R$ 135 000). Como já mostraram os europeus, essa briga tem tudo para esquentar.
VEREDICTO
Comportamento dinâmico, funcionalidade e itens de série são o forte do Nissan Qashqai, que oferece ainda um design atraente.
★★★★☆
Motor | dianteiro, transv., 4 cilindros em linha, 16V, turbo injeção direta |
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Cilindrada | 1 618 cm³ |
Diâmetro x curso | 79,7 x 81,1 mm |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Potência | 163 cv a 5 600 rpm |
Torque | 24,5 mkgf a 2 000-4 000 rpm |
Câmbio | manual, 6 marchas (CVT opcional), tração dianteira |
Dimensões | comprimento, 437,7 cm; altura, 159 cm; largura, 180,6 cm; entreeixos, 264,6 cm |
Peso | 1 440 kg |
Porta-malas/caçamba | 439 litros (1 513 litros com bancos rebatidos) |
Tanque | 55 litros |
Suspensão dianteira | McPherson |
Suspensão traseira | eixo de torção |
Freios | discos ventilados na frente, sólidos atrás |
Direção | elétrica |
Pneus | 215/65 R16 |
0 a 100 km/h | 9,1 segundos |
Velocidade máxima | 200 km/h |