Mercedes GLA x BMW X1 x Audi Q3: o trio de ferro
Agora fabricados no Brasil, BMW X1 encara Audi Q3 e Mercedes GLA pela coroa de melhor SUV compacto premium
“Trio de ferro” foi uma expressão criada pela imprensa esportiva na década de 1920 para definir a tríade de clubes (Corinthians, Palmeiras e São Paulo) que dominaram o esporte na capital paulista por várias décadas. Só mesmo uma rivalidade tão ferrenha e antiga poderia igualar a competição existente entre Audi, BMW e Mercedes-Benz.
Referências no segmento premium, as alemãs são inimigas mortais no mundo inteiro – e no Brasil não seria diferente: aqui, elas travam uma disputa feroz pela liderança do setor. No ano passado, segundo o ranking da Fenabrave, a Audi foi a líder, seguida por Mercedes e BMW.
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Nessa briga de foice, Q3, X1 e GLA se destacam entre os maiores sucessos de cada marca, a ponto de se adaptarem às peculiaridades do mercado nacional (dois deles têm motor flex) para vender mais. Confrontamos os SUVs pela primeira vez em 2012, e o Q3 levou a melhor naquela ocasião.
Algumas coisas mudaram desde então: a BMW lançou a nova geração do X1 e começou a fabricá-lo em Araquari (SC), quase ao mesmo tempo em que a Audi iniciou a produção do Q3 reestilizado em São José dos Pinhais, no Paraná. O GLA mudou menos: de dois anos para cá, a única novidade foi a adoção da tecnologia bicombustível, já que a recém-iniciada produção no Brasil não mudou nada nele – nem mesmo o preço.
Será que o resultado vai se repetir desta vez?
3° – Mercedes-Benz GLA 200 Style
Único modelo a não sofrer mudanças desde o último encontro desse trio, o GLA está mais para um hatch avantajado do que um SUV. Nada de posição elevada de dirigir e maior altura livre do solo: o Mercedes assume sua vocação urbana sem medo de ser feliz.
A falta de uma versão 4×4 e a suspensão excessivamente dura (boa em estradas lisas e ruim nos pisos irregulares) indicam que o GLA não gosta de sair do asfalto. Mas considerando que a maioria dos donos de SUVs nunca botam seus carros na lama, ser urbano tem vantagens: a falta de estabilidade que acomete boa parte de seus rivais praticamente inexiste no Mercedes.
Desde o ano passado o motor 1.6 de 156 cv é flex, mas, como a Mercedes-Benz cedeu uma unidade da versão top Enduro movida apenas a gasolina, não foi possível aferir os números com etanol no tanque.
Por dentro, o GLA é o mais acanhado do trio, embora tenha praticamente o mesmo tamanho dos seus rivais (são 4,41 m, contra 4,43 m do X1 e 4,38 m do Q3). O porta-malas é o menor de todos (421 litros) e o teto baixo incomoda os ocupantes mais altos no banco de trás – que, nem com esforço, leva três adultos.
A partir do segundo semestre, começam a ser vendidos os primeiros GLA produzidos em Iracemápolis (SP), de onde já sai o Classe C. Poderia custar menos (R$ 144.900, ou R$ 2.000 a mais que o Q3), mas quem precisa de um carro essencialmente urbano pode se encantar com o GLA. Agora, se você valoriza modelos com porte avantajado e valentes para encarar trilhas sem dificuldades, melhor escolher um dos seus pares.
2° – Audi Q3 Attraction 1.4 TFSI
Veterano da turma, o Q3 ainda é competitivo, embora seu poder de sedução não seja mais o mesmo. O design já dá sinais de cansaço, mesmo com a reestilização feita no ano passado – uma nova geração estreará em 2017.
Mas quem tem um Q3 não tem motivos para lamentar, já que ele ainda é um dos melhores SUVs do mercado – e é o mais vendido do segmento. A cabine tem bom espaço para quatro adultos mais bagagens, mas o acabamento não é refinado como no X1.
Ao contrário do A3 Sedan, que passou a beber etanol quando virou nacional, o motor 1.4 de 150 cv do Q3 não virou flex. Felizmente, a Audi manteve o câmbio S tronic de seis marchas e a suspensão traseira multilink – o A3 Sedan nacional usa a caixa Tiptronic e suspensão traseira com eixo de torção.
Bom de guiar, o Q3 tem uma direção leve nas manobras e seu câmbio troca as marchas rapidamente. Os pneus de perfil mais alto encaram bem os buracos e a suspensão não é dura como a dos rivais. E não fez feio na pista. Mesmo sendo 15 cv mais fraco que o GLA, o Q3 empatou com o Mercedes no 0 a 100 km/h (9,5 s) e o seguiu de perto nas retomadas – mas não foi páreo para o X1 nos testes.
O Audi tem mais espaço (e presença) que o GLA e não fica tão atrás do X1 em equipamentos. Seu maior trunfo, no entanto, está no preço: por R$ 142.990, é o mais barato do trio. Faltam alguns itens presentes no X1, como ar digital, piloto automático e GPS, mas eles equipam o Q3 Ambiente (R$ 153.990), que, mesmo custando R$ 9.000 a mais que a Attraction, ainda é quase R$ 13.000 mais barato que o X1 básico.
1° – BMW X1 GPsDrive 20i
Demorou, mas o X1 enfim deixou de lado o ar de perua para assumir a vocação de SUV. A segunda geração ficou 1,5 cm mais curta, porém cresceu na largura e altura. Mesmo com entre-eixos menor, o espaço para pernas atrás aumentou 74 mm e o porta-malas agora leva 505 litros (82 a mais).
Se o X1 é o mais espaçoso dos três, os méritos vão para a nova plataforma, que melhorou o aproveitamento do espaço trocando a tração traseira pela dianteira (o mesmo tipo que há no Q3 e GLA), despertando a ira dos fãs fervorosos da marca. Silencioso, o X1 é bom de guiar, mas não tanto quanto a maioria dos BMW de tração traseira.
Se serve de consolo a eles, sobra fôlego para o 2.0 turbo flex de 192 cv, graças ao feliz casamento com o eficiente câmbio de oito marchas. O X1 venceu os rivais com folga em aceleração e retomada e ainda ficou bem em consumo.
Ele também se destaca no conteúdo. Traz itens indisponíveis no Q3, como seletor de modos de condução, faróis full led e uma completa central multimídia (difícil de operar, devido ao botão seletor pouco intuitivo) com ConnectedDrive, que oferece informações do trânsito em tempo real e até serviço de concierge.
A suspensão, no entanto, é dura demais e acusa o golpe ao passar por buracos, além de aparentar ser frágil até para encarar a buraqueira urbana. Outro ponto negativo é o preço alto (R$ 166.950), ainda mais considerando que o Q3 é R$ 23.960 mais barato.
Se dinheiro não for problema, leve o X1. Além de mais rápido, bebe pouco, é bonito, mais espaçoso, bem-acabado e não mudará tão cedo, ao contrário de Q3 e GLA, que serão logo renovados.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio – GLA e Q3 não desagradam, mas os 192 cv do motor 2.0 e a eficiente caixa de 8 marchas encantam no X1.
Dirigibilidade – O X1 anda (e freia) mais, mas a suspensão dura castiga os ocupantes. O GLA fica no meio-termo e o Q3 é mais equilibrado.
Segurança – O Q3 traz o básico, enquanto o GLA tem sete airbags e só o X1 faz chamadas de emergência.
Seu bolso – Entre os três alemães, não há relação custo-benefício melhor que a do Q3. O X1 poderia custar menos.
Conteúdo – X1 e GLA trazem pacotes mais equipados que o Q3.
VEREDICTO
O GLA é uma boa compra, mas não para quem procura um SUV capaz de enfrentar os buracos de nosso asfalto. Escolher entre o X1 e o Q3 é quase uma questão de gosto pela marca. Mas se o saldo bancário permitir, leve o BMW, que é mais carro. Ganha de todos em espaço, desempenho, itens de série e modernidade de projeto.
X1 GP sDrive 20i | Q3 Attraction 1.4 TFSI | GLA 200 Style | |
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Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,8 s | 9,5 s | 9,6 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 28,4 s – 188,2 km/h | 31,3 s – 165,6 km/h | 31 s – 171,1 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 3,2 s | 4 s | 4 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 4 s | 5,7 s | 4,9 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 4,9 s | 7,1 s | 6,9 s |
Frenagem 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 14,8 / 25,9 / 63,1 m | 16,2 / 27,2 / 60 m | 16 / 26,7 / 60,4 m |
Consumo urbano | 10,9 km/l | 10,7 km/l | 11,4 km/l |
Consumo rodoviário | 14,4 km/l | 13,1 km/l | 15,3 km/l |
Ruído interno (Neutro / RPM máximo) | 39,7 / 74,8 dBA | 42,3 / 67,2 dBA | 42 / 69,3 dBA |
Ruído interno (80 / 120 km/h) | 61,6 / 66,6 dBA | 62,8 / 67,4 dBA | 62,3 / 67,7 dBA |
Aferição do velocímetro a 100 km/h | 98,2 km/h | 99,4 km/h | 98,7 km/h |
Aferição da rotação a 100 km/h em 5ª marcha | 1.700 rpm | 2.100 rpm | 1.900 rpm |
Volante | 2,4 voltas | 2,6 voltas | 2,6 voltas |
Preço básico | R$ 166.950 | R$ 142.990 | R$ 144.900 |
X1 sDrive 20i | Q3 Attraction 1.4 TFSI | GLA 200 Style | |
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Motor | diant., transv., 4 cil., 16V, turbo, 1.998 cm³, flex, 192 cv entre 5.000 e 6.250 rpm, 28,5 mkgf entre 1.250 e 4.500 rpm, 82 x 94,6 mm | diant., transv., 4 cil., 16V, 1.395 cm³, 150 cv entre 5.000 e 6.000 rpm, 25,5 mkgf de 1.500 a 3.500 rpm, 74,5 x 80 mm, 10:1 | diant., transv., 4 cil., 16V, 1.595 cm³, flex, 156 cv a 5.300 rpm, 25,5 mkgf a 1.250 rpm, 83 x 73,7 mm, 10,3:1 |
Câmbio | automático, 8 marchas, tração diant. | automatizado, 6 marchas, tração diant. | automatizado, 7 marchas, tração diant |
Direção | elétrica, 11,4 m (diâmetro de giro) | elétrica, 11,8 m (diâmetro de giro) | elétrica, 11,8 m (diâmetro de giro) |
Suspensão | McPherson (diant.), multilink (tras.) | McPherson (diant.), multilink (tras.) | McPherson (diant.), multilink (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant. e tras.) | disco ventilado (diant. e tras.) | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) |
Pneus | 225/50 R18 | 235/55 R17 | 235/50 R18 |
Peso | 1.485 kg | 1.405 kg | 1.435 kg |
Peso / potência | 7,73 kg/cv | 9,4 kg/cv | 9,2 kg/cv |
Peso / torque | 52,1 kg/mkgf | 55,1 kg/mkgf | 56,3 kg/mkgf |
Dimensões | comprimento, 443,9 cm; largura, 182,1 cm; altura, 160 cm; entre-eixos, 267 cm; tanque de combustível, 61 l | comprimento, 438,8 cm; largura, 183,1 cm; altura, 159 cm; entre-eixos, 260,3 cm; tanque de combustível, 64 | comprimento, 441,7 cm; largura, 180,4 cm; altura, 149,4 cm; entre-eixos, 269,9 cm; tanque de combustível, 50 l |
Equipamentos de série | ar digital, 6 airbags, ESP, controle de tração, faróis full led, controle de descida, seletor de modos de condução, piloto automático, sensor de estacionamento traseiro, central multimídia ConnectedDrive. | ar-condicionado, assistente de partida em rampa, banco do motorista com ajuste elétrico, revestimento em couro sintético, faróis bi-xenon, 6 airbags, sensor de chuva, ESP, controle de tração. | rampa, piloto automático, central multimídia, botão Start/Stop, rodas de liga leve aro 18, revestimento parcial em couro e volante com regulagens de altura e profundidade. |