Citroën C3 tem peça perdida na revisão e está mais econômico e barulhento aos 60.000 km
Concessionária se esqueceu de carimbar o manual, errou no rodízio e perdeu uma peça, entre outras trapalhadas, mas C3 está tão econômico quanto híbridos

Em outros tempos, o nosso Citroën C3 iria para o desmonte agora. Mas, como o teste agora vai até os 100.000 km, ele foi direto para a revisão de 60.000 km na Citroën Maggi de Itu (SP), onde agendamos o serviço via WhatsApp. Às vésperas da revisão, nosso C3 estava esquisito: “Após duas horas estacionado, morreu duas vezes na partida e na terceira chegou a falhar, o que voltou a acontecer na manhã seguinte”, relatou o editor Henrique Rodriguez.
O serviço de 60.000 km contempla a troca da correia de acessórios (o motor Firefly usa corrente de comando, afinal), além da troca do óleo e de todos os filtros. Por R$ 1.312, é a segunda mais cara do plano de revisão (a de 40.000 km troca as velas e custa R$ 1.626). O orçamento ainda sugeria limpeza do motor, oxi-sanitização e higienização do ar-condicionado, mas negamos. Porém, pedimos a inclusão de alinhamento, balanceamento e rodízio (R$ 146). No total, essa revisão custou R$ 1.458.
O carro ficou pronto 20 minutos mais cedo. E não houve nenhum alerta sobre a condição dos freios, que a Citroën Faberge disse, na parada dos 50.000 km, que acabariam antes dos 60.000 km. O que achamos estranho.

“Assim que fui organizar as coisas, reparei que a revisão não estava carimbada e retornei. O consultor se desculpou por ter esquecido”, conta o piloto de testes Leonardo Barboza.
Mas os problemas continuaram a aparecer. Na conferência dos serviços, reparamos que o rodízio só foi feito de um lado e que o duto que leva o ar da grade à caixa do filtro de ar do motor sumiu. Entramos em contato na manhã seguinte e, pasmem, o consultor disse que não haviam mexido no local e que o mecânico não havia reportado a falta da peça. Contestamos, pois trocaram o filtro do motor. Então ele disse que a peça poderia ter sido retirada na revisão anterior, informando que uma nova custaria R$ 148. Protestamos novamente, mas desta vez com imagens feitas dias antes que mostravam o duto em seu devido lugar. Sem contra-argumentar, ele disse que levaria o caso para a “gestora”. No dia seguinte, tivemos o retorno autorizando a reposição da peça.

De volta à Itu, para recolocarem o duto, aproveitamos para pedir a nota fiscal da revisão – que não havia sido enviada e, até o fechamento desta edição, ainda não chegou.
As cabeçadas ao dar a partida no motor continuaram a ocorrer. Mas a regra é refazer os testes de desempenho e o consumo aos 60.000 km, para saber como o motor 1.0 6V Firefly está evoluindo e, também, entender o desgaste de outros componentes.

Indo direto ao ponto, o motor está com mais fôlego agora, aproveitando melhor seus 75 cv e 10 kgfm. O tempo de 0 a 100 km/h baixou 0,4 s e agora é 16,8 s. As retomadas também foram mais rápidas, como você pode ver na tabela ao lado. Mesmo com o desgaste esperado, os freios estão atuando melhor: de 100 a 0 km/h, o carro percorre 40,75 m, uma redução de 2 m na distância de frenagem, nessa prova.
O consumo está mais comedido: passou de 14,1 para 15,3 km/l em regime urbano e de 16,6 para excelentes 17,9 km/l na estrada, com gasolina. Só ratifica nossos registros mensais de consumo: o C3 é o carro mais econômico no teste de Longa Duração em anos – desde os tempos do Toyota Prius, que era híbrido.

Para a surpresa de ninguém, onde o C3 está pior é no que diz respeito ao ruído do motor. O decibel é uma escala em projeção geométrica, então os 4,3 dB a mais em ponto morto é bastante significativo. Em rotação máxima parado, o aumento foi de 5,1 dB. Nas medições em movimento, onde vento e pneus interferem, o aumento foi de 2 dB. Isso certamente tem relação com o barulho e a vibração do três-cilindros, que seguem sem solução em nosso carro porque, dizem as oficinas, é “normal em algumas unidades” do C3.
Isso é o que mais tem prejudicado a popularidade do carro entre os motoristas da equipe, além do desconforto nos bancos.

Nosso C3 apresentou mais um defeito neste início de ano: a ventilação do sistema de ar-condicionado só está funcionando nas velocidades 1 e 4. Aconteceu de um dia para outro, em pleno verão. Isso pode indicar a queima da resistência do ventilador, responsável por controlar a velocidade, mas deixaremos o diagnóstico definitivo para uma concessionária.
Teste – Citroën C3 First Edition
C3 1.505 km |
c3 64.024 km |
|
0 a 100 km/h (s) | 17,2 | 16,8 |
0 a 1.000 m (s) | 38,3 | 38,1 |
40 a 80 km/h (s) | 9,9 | 9,2 |
60 a 100 km/h (s) | 17,7 | 14,8 |
80 a 120 km/h (s) | 43,6 | 38,3 |
Cons. urbano (km/l) | 14,1 | 15,3 |
Cons. rodoviário (km/l) | 16,6 | 17,9 |
Ruído int. Neutro/RPM máx. | 44,1/66,5 dBA | 50,4/71,6 dBA |
Ruído int. 80/120 km/h | 65,7/70,5 dBA | 67,8/72 dBA |
Citroën C3 – 65.108 km
Versão: | First Edition 1.0 |
Motor: | 3 cil., diant., transv., 999 cm3, 6V, aspirado, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7/10 kgfm a 3.250 rpm |
Câmbio: | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Seguro: | R$ 1.824 (Perfil Quatro Rodas) |
Revisões: |
Até 100.000 km – R$ 9.264 |
Gastos no mês: | Combustível: R$ 4.169 Revisão: R$ 1.312 Alinhamento: R$ 146 |
Consumo: | No mês: 12,4 km/l com 39,1% de rodagem na cidade Desde abril/23: 13,5 km/l com 34,5% de rodagem na cidade |
Combustível: | flex (gasolina) |