Longa Duração: nosso Renault Kwid demorou, mas chegou
Com a pré-venda bloqueada para empresas, tivemos que aguardar a procura baixar para encontrar uma unidade a pronta entrega. Mas enfim a espera acabou
Desde a chegada do Hyundai HB20, em 2012, o mercado não manifestava tanto interesse por um automóvel. Tanta euforia foi repetida no ano passado, agora pelo Renault Kwid. Falou-se por meses sobre o subcompacto de baixo custo que chegaria ao Brasil.
E olha que alguns meses antes veio a notícia do fraco desempenho em testes de segurança com uma unidade produzida na Índia.
Em junho de 2017, começava o esquema de pré-venda do Kwid, cercado mais por expectativa do que por incertezas.
Sobre a questão da segurança, a Renault trabalhou rápido, reforçando a unidade brasileira não apenas estruturalmente, mas também com airbags laterais.
Mais recentemente testado pelo Latin NCAP, o modelo brasileiro foi avaliado com três estrelas. O resultado no teste de impacto é melhor que o dos rivais Mobi (uma estrela), e Ka (reprovado). Mas vamos ao que interessa: o nosso Kwid.
Com tanta expectativa do mercado, era natural que o hatch de (teoricamente) baixo custo fosse incorporado à nossa frota de Longa Duração.
Encontramos a versão que queríamos (Intense, top de linha) na concessionária R-Point, de São Paulo, a preço de tabela, R$ 40.390. Negócio fechado.
Do início ao fim do teste, não nos identificamos em momento algum como QUATRO RODAS, o que inclui, claro, a retirada do carro. Conforme nosso procedimento padrão, os veículos dessa seção são tratados de forma anônima.
Uma pergunta frequente que recebemos, aliás, é sobre a documentação. Os veículos não são registrados em nome da Editora Abril.
“O técnico demonstrou bom conhecimento do produto. Como se trata de um veículo simples, focou nos recursos da central multimídia e no porta-malas, ressaltando a importância de usar o pino-guia para colocar o estepe, no caso de ter um pneu furado, já que as rodas do Kwid são presas por apenas três parafusos”, conta o editor de Longa Duração, Péricles Malheiros.
Perguntado sobre os recalls (de freio e de suporte do motor) que afetaram o modelo, o rapaz garantiu: “Seu carro é dos lotes mais recentes, está pronto pra sair rodando sem problema”.
Com o tanque praticamente vazio, paramos no primeiro posto para abastecimento e checagem geral.
“A calibragem dos pneus estava ok, o que é muito raro. Foi uma decepção abrir o capô e ver que um projeto moderno ainda conta com tanquinho auxiliar de partida a frio. O segundo susto foi ver que ele não tinha nem uma gota sequer de gasolina. O capô pede uma pancada muito forte para ser fechado. Está alinhado com os para-lamas, mas com seus batentes evidentemente desregulados”, disse Péricles.
Em ruas estreitas, onde as casas ao lado devolvem o som da rodagem do carro com mais nitidez para o motorista, o ruído incomodou.
“Notei que não eram rangidos de borracha. Com o carro estacionado, descobri que as calotas são presas apenas pelos parafusos centrais. Como não há presilhas de pressão nem sequer nas bordas, o resultado é o barulho constante do plástico da calota contra o metal da roda”, conta Péricles.
Para a cabine, o editor dispensou elogios e críticas: “Gostei do alerta sonoro de luzes acesas e da central multimídia, mas incomoda a posição das teclas dos vidros elétricos, no painel. Também é preciso se adaptar às portas que não destravam com a retirada da chave da ignição: para sair do carro é preciso, antes, apertar um botão acima do ar-condicionado”.
Renault Kwid – 0 km
Ficha técnica
- Versão: 1.0 12V Intense
- Motor: 3 cilindros, dianteiro, transversal, 999 cm3, 12V, 70/66 cv a 5.500 rpm, 9,8/9,4 mkgf a 4.250 rpm
- Câmbio: manual, 5 marchas
- Combustível: flex (gasolina)
- Seguro (perfil QUATRO RODAS): R$ 1.789
- Revisões (até 60.000 Km): R$ 2.499