As concessionárias da Kia ainda têm Soul remanescentes da primeira geração, lançada aqui em 2009. Não são muitos, pois a produção na Coreia foi encerrada no ano passado. No fim de agosto, encontramos o modelo por R$ 65 000, sem pechinchar. E, se você só tem essa quantia no bolso, corra. Pois vai faltar (muito) dinheiro para comprar um igual ao da foto abaixo. Esta é a segunda geração do crossover, que chega em setembro às lojas. O Soul ficou ligeiramente maior (2 cm a mais de comprimento e 1,5 cm de largura) e recebeu um upgrade na lista de equipamentos. As mudanças vieram acompanhadas de um aumento assustador no preço. São duas versões, que custam R$ 88 900 (U257) e R$ 92 900 (U258).
A Kia atribui o incremento no preço aos novos recursos tecnológicos e culpa o aumento de IPI que incide sobre os importados. “Até então, estávamos absorvendo as taxas mais altas, sem repassar ao preço final. Agora não temos como segurar”, diz Ary Jorge Ribeiro, diretor comercial da Kia. Em fevereiro, QUATRO RODAS avaliou o modelo americano, equipado com um 2.0 de 164 cv e injeção direta de combustível. Esse motor seria bem-vindo no Brasil, mas não será desta vez. Continuaremos com o conhecido Gamma 1.6 16V Flex, de 128/122 cv (álcool e gasolina). A tramissão automática de seis marchas com opção de trocas sequenciais também não mudou. A diferença é que a manual deixa de ser oferecida.
O propulsor 1.6 flex é competente, mas tem o brilho reduzido por causa do peso do carro (1 392 kg). Ao se pressionar o acelerador, o giro do motor sobe, inunda a cabine com ruídos acima do adequado, mas o carro parece não se empolgar. Fizemos 14,4 segundos na prova de 0 a 100 km/h.
Mesmo assim, o Soul evoluiu sem perder o que tinha de melhor. É gostoso de guiar, bom de curva, espaçoso e extremamente charmoso. Seu forte e marcante apelo visual seria um desafio para a renovação, então os designers mexeram pouco por fora. Na dianteira, um aplique preto passou a envolver os grandes faróis de milha, mesma tática utilizada na traseira para abrigar os refletores de posição. Na lateral, saiu o vinco em baixo-relevo que marcava as portas. E o perfil foi reduzido, pois o teto foi rebaixado em 3,5 cm. A altura ficou em 1,62 metro. A evolução interna é mais significativa. Painel, bancos, volante e quadro de instrumentos são todos novos. E fazem jus ao estilo do exterior. O volante é todo estilizado, com botões que controlam o rádio, Bluetooth e computador de bordo. É de couro com costuras amarelas, mesmo acabamento que recobre os bancos – até então só havia assentos de tecido.
A nova direção elétrica permite três ajustes de condução (Comfort, Normal e Sport), que variam a relação de assistência do motor, deixando o volante mais macio ou mais rápido. Na área do entretenimento, o novo multimídia tem tela touch de 4,3 polegadas e memória interna. É o mesmo display que exibe as imagens da câmera de ré, aposentando o visor embutido no retrovisor central.
A nova tabela de preços equiparou o Soul a um Audi A1. Será que vale tanto? Só se você for um fã incondicional do carro. E, se fizer questão de andar em um Kia, pode levar um Sportage 2.0 por R$ 2 000 a mais. Ou o Cerato por R$ 20 000 a menos. Nem o SUV nem o sedã são carros de nicho e tampouco têm o mesmo apelo visual do Soul. Mas ambos são negócios melhores do que ele.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Freia bem e não assusta nas curvas. A direção com três ajustes é legal, mas provavelmente você esquecerá que eles podem ser configuráveis.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
A dupla trabalha bem, mas é lenta. Funcionaria melhor em um carro menor. Para o Soul, o motor 2.0 que a marca já tem) cairia melhor.
★★★
CARROCERIA
Design nunca foi um problema e a nova geração preservou o visual inspirado. A traseira melhorou bastante, com um aplique preto que destaca o centro do porta-malas.
★★★★★
VIDA A BORDO
Na casa dos R$ 90 000 é possível encontrar um ambiente mais agradável, mas o Soul não desaponta os viajantes. O design é envolvente.
★★★★
SEGURANÇA
A nova geração não corrige uma ausência grave: a falta do controle de estabilidade (ESP) e de tração.
★★★
SEU BOLSO
São R$ 92 900 por um hatch grandão. Um carro que até o mês passado era encontrado por R$ 65 000.
Dá para justificar tanta diferença?
★★
OS RIVAIS
Audi A1
Por R$ 94 900, tem forte apelo visual e 185 cv sob o capô.
Volkswagen Golf
O VW custa menos e oferece mais, além de ser supereconômico
VEREDICTO
É um carro muito bacana, mas não vale mais do que R$ 65.000. Pelo que custa, no mínimo deveria ter mais potência no motor. Design sozinho não vende carro.
Motor | diant., transv., 4 cil. |
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Cilindrada | 1 591 cm3, 16V, VVT |
Diâmetro x curso | 77 x 85,4 mm |
Taxa de compressão | 12:1 |
Potência | 128/122 cv a 6 000 rpm (E/G) |
Torque | 16,5 / 16 mkgf a 5 000 rpm (E/G) |
Câmbio | automático / 6 marchas / tração dianteira |
Peso | 1392 kg |
Peso/potência | 10,9 / 11,4 |
Peso/torque | 84,4 / 87 |
Tanque | 54 l |
Suspensão dianteira | McPherson |
Suspensão traseira | eixo de torção |
Freios | disco ventilado (diant.), disco sólido (atrás) |
Direção | elétrica / 2,8 voltas |
Pneus | 235/45 R 18 |
0 a 100 km/h | 14,4 |
0 a 1000 m | 36,4 |
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D) | 5,9 |
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D) | 7,5 |
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D) | 11,4 |
Frenagem | 59,0 / 26,1 / 15,5 |
Ruído interno 1ª rpm máx | 38,6 / 66,0 |
Ruído interno 80 / 120 km/h | 61,8 / 68,7 |