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Ka+ x Prisma x Voyage x Grand Siena

O novo Ford Ka+ entra no segmento de maior volume e importância do nosso mercado. No teste de boas-vindas, ele encarou os três sedãs líderes dessa categoria

Por Paulo Campo Grande
Atualizado em 8 nov 2016, 18h00 - Publicado em 15 out 2014, 14h57
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    Se, sozinho, o segmento de compactos brasileiro representasse o mercado de um país, ele ocuparia a oitava posição no ranking de vendas mundiais. Estaria à frente de países como França e Itália, com um volume de 2 112 000 unidades, considerando as vendas de 2013. Os compactos respondem por 59% do comércio de veículos no Brasil. Nesse segmento há de tudo: modelos variados (em tamanho, motorização e faixa de preço) e compradores com as mais diversas expectativas. Os sedãs, que somam 30% de participação nesse universo, são a escolha de clientes com perfil maduro, que orientam a decisão de compra levando em conta experiências anteriores, reputação das marcas e conteúdo dos modelos, entre outros aspectos. É nesse ambiente que o Ford Ka+ ingressa. E, para mostrar que não terá vida fácil, colocamos o novato para brigar com os três mais vendidos da categoria: Chevrolet Prisma, Fiat Grand Siena e VW Voyage. As versões analisadas são as mais completas de cada carro, com exceção do Voyage – escolhemos a intermediária Highline, porque é a que mais se aproxima dos R$ 50 000 dos rivais. Acompanhe a seguir como cada um se saiu no confronto.

    4º Fiat Grand Siena Essence 1.6

    Olhando o preço, o Grand Siena chama atenção por ser o mais barato. Mas, analisando o conteúdo de série, logo se entende a razão do valor atraente: o Grand Siena tem menos itens que os rivais. Na versão Essence 1.6 16V, ele custa R$ 46 150 e vem com ar-condicionado, computador de bordo, faróis de neblina e banco do motorista com ajuste de altura, entre os equipamentos mais relevantes. Som, conexão Bluetooth, sensor de estacionamento, retrovisores elétricos e volante multifuncional, entre outros itens oferecidos por pelo menos um dos rivais, são opcionais. Se o comprador acrescentar o Kit Emotion 2, com rádio (inclui viva-voz, entrada USB e conexão Bluetooth) e retrovisores elétricos, o preço final sobe para R$ 47 951. É próximo dos R$ 47 490 do Ford Ka+. Mas, ainda assim, o Fiat carece de outros recursos.

    No que diz respeito ao custo-benefício, o Grand Siena perde terreno e quem se destaca é o Ka+. Na versão 1.5 SEL, ele é o único equipado com ESP e assistência de partidas em rampa, de série. E sua central multimídia Sync é a mais completa, com sistema que permite usar aplicativos de smartphone e sistema de chamadas telefônicas de emergência. Prisma e Voyage ficam em posições intermediárias. Ambos têm sensor de estacionamento. O Prisma é o único que vem com banco traseiro bipartido, abertura elétrica do tanque e rodas de alumínio. O Voyage tem exclusividade no ajuste da direção em altura e profundidade e nos repetidores nos retrovisores.

    Outro aspecto em que o Grand Siena fica em desvantagem, e que também pesou para que ele ficasse no quarto lugar deste comparativo, foi o tempo de garantia. A cobertura da Fiat para esse modelo é de três anos apenas para motor e câmbio. Para os demais sistemas é de apenas um ano, enquanto as concorrentes oferecem garantia integral com duração de três anos.

    DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

    Confortável, tem direção leve e suspensão solta. Mas não é inseguro. Os freios respondem com eficiência.

    MOTOR E CÂMBIO

    Na pista, o Grand Siena não conseguiu fazer valer o motor mais potente da turma.

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    CARROCERIA

    Seu porte de sedã médio impressiona. Mas, por dentro, o espaço é de sedã compacto.

    VIDA A BORDO

    A cabine é confortável. Pena que a maioria dos equipamentos a bordo seja vendida como item opcional.

    SEGURANÇA

    Tem faróis de neblina e sistema de alerta para limite de velocidade.

    SEU BOLSO

    Tem preço básico convidativo. A garantia de fábrica integral dura apenas um ano. O custo do seguro fica em patamar intermediário.

    3º VW Voyage 1.6 Highline

    Dono de um comportamento dinâmico exemplar, o Voyage é menos confortável que os outros, mas compensa a falta de suavidade com reações mais rápidas e precisas ao volante. Sua direção é a mais firme e a suspensão, a mais estável. Nos demais, sempre há concessões aqui e ali. O Fiat é o que mais inclina nas curvas. Ford e Chevrolet são os donos das direções mais leves.

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    Na pista, o VW apresentou rendimento dentro da média. Tecnicamente empatado com o Grand Siena, o Voyage acelerou de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos. E, nas medições de consumo, conseguiu 10,9 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada, rodando com gasolina. O melhor rendimento ficou com o estreante. O Ford Ka+ fez de 0 a 100 km/h em 11,1 segundos e ficou com as médias de 12,1 km/l no consumo urbano e 16 km/l no rodoviário. O Prisma terminou na lanterna, com as piores marcas. Nas

    provas de aceleração, o GM obteve o tempo de 12,1 segundos. E, nos ensaios de consumo, as marcas de 9,6 km/l na cidade e 13,1 km/l na cidade. De modo geral, os resultados dos testes refletem a capacidade dos conjuntos mecânicos de cada carro. O Ka+ vem com motor 1.5 16V de 105 cv de potência. O Voyage traz motor 1.6 8V de 101 cv. E o Prisma conta com motor 1.4 8V de 98 cv. A exceção é o Grand Siena, que, sendo equipado com motor 1.6 16V de 115 cv, poderia ter andado mais.

    O Voyage perdeu pontos por detalhes. Nos equipamentos, ele é o único com rodas de aço. Em relação ao espaço interno, é o mais apertado na região dos ombros, nas duas fileiras de bancos. Seu seguro

    também é o mais caro (veja na pág. 57). Com exceção do Ka+, que ainda é um desconhecido para as seguradoras e teve o valor do seguro cotado pelo Banco Ford/Mapfre, o custo da apólice dos demais foi calculado pela corretora Segurar.com, considerando um perfil conservador de motorista. No fim das contas, o sedã da Volkswagen ficou com o terceiro lugar no comparativo.

    DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

    O Voyage apresenta comportamento firme, obediente e seguro.

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    MOTOR E CÂMBIO

    Seu rendimento ficou na média dos rivais.

    CARROCERIA

    O acabamento é de boa qualidade, mas o estilo perde em atualidade.

    VIDA A BORDO

    Apesar de estreita, a cabine recebe bem quatro ocupantes. É bem-equipado.

    SEGURANÇA

    Conta com sensor de estacionamento e faróis de neblina.

    SEU BOLSO

    A família tem mais opções mais baratas. A garantia é de três anos. Entre as cotações levantadas, seu seguro foi o mais caro.

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    2º Chevrolet Prisma 1.4 LTZ

    Apesar de apresentar um rendimento aquém do dos concorrentes, o Prisma se garantiu na segunda posição graças à juventude de seu projeto. Ele só não é mais novo que o Ka+. Foi lançado em 2013, enquanto o Grand Siena chegou em 2012 e o Voyage, em 2008. O Chevrolet é fruto da nova plataforma mundial da GM, batizada de GSV. Em função dessa atualidade, o Prisma desfruta de um estilo moderno, ergonomia bem-resolvida e equipamentos de última geração, como a central multimídia MyLink (com tela touch, função áudio streaming e conexão Bluetooth para celular e uso de aplicativos).

    Assim como os outros, ele também comete seus pecados, como nos puxadores internos, que foram deslocados para trás (para liberar espaço no porta-objetos) e ficaram malposicionados. Para completar, os puxadores ainda têm uma emenda, a união de suas peças plásticas, que machuca a mão. De modo geral, porém, a qualidade dos materiais e do acabamento do GM é boa. O painel em duas cores tem partes bem-encaixadas. E os bancos são revestidos com combinação de tecidos. A cabine, por sua vez, é ampla. E há bom espaço para ombros e pernas, nas duas fileiras de bancos. O porta-malas só perde para o do Grand Siena em capacidade. Ele leva 500 litros, enquanto o Fiat transporta 520 litros. No Voyage cabem 480 litros e, no Ka+, 445 litros.

    A Ford diz que seu sedã tem a vantagem de possuir dobradiças laterais que não invadem o porta-malas e, por isso, o espaço para a bagagem pode ser mais bem aproveitado. De fato, nas marcações que fizemos nas fotos acima, indicamos quanto cada haste entra no porta-malas dos veículos, quando a tampa está fechada. Mas há outro aspecto que deve ser considerado, que é o tamanho do vão que permite o acesso da bagagem (as medidas horizontais). E, nesse caso, o Prisma e o Grand Siena são os mais favorecidos.

    DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

    Tem calibragens mais tolerantes que as do Voyage, mas é equilibrado e gostoso de dirigir.

    MOTOR E CÂMBIO

    Dono do motor menor e mais fraco, ficou para trás nos testes de pista.

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    CARROCERIA

    Estilo moderno, ergonomia bem-resolvida e boa qualidade construtiva.

    VIDA A BORDO

    É confortável e bem-equipado para o dia a dia.

    SEGURANÇA

    Conta com sensor de estacionamento e faróis de neblina.

    SEU BOLSO

    Seguro ligeiramente mais em conta. Três anos de garantia. Preço mais alto que o dos rivais.

    1º Ford Ka+ SEL 1.5 16V

    Quem estava acostumado ao Ford Ka antigo deve ter estranhado o fato de esse modelo estar neste comparativo, ao lado de Voyage e Siena. Essa sensação é compreensível, afinal, o Ford que sempre concorreu com os sedãs compactos era o Fiesta. O Ka competia com os subcompactos, como Chevrolet Celta e Fiat Mille. A confusão é fácil de ser eliminada, porém, quando se observa que a Ford reposicionou sua linha nos últimos tempos. O New Fiesta subiu alguns degraus e, agora, foi a vez do Ka. Esse movimento, aliás, não é exclusivo da Ford. É possível verificar isso na Chevrolet, com o próprio Prisma. O Ka deixou de ser um subcompacto.

    Derivado do New Fiesta, o Ka é um compacto menos sofisticado. Mas não deve nada ao irmão em coisas como tecnologia, por exemplo. E, em outros aspectos, é até superior. Comparando o New Fiesta Sedan com o Ka+ descobre-se que, apesar de o Fiesta ser maior por fora (porque cresceu ao se reposicionar no mercado), por dentro ele é menor. Na cabine, o Ka+ oferece mais espaço em quase todas as posições. A única medida em que ele fica em desvantagem, de 1 cm, é a da distância para as pernas do motorista. Nas demais, está sempre 1 ou 2 cm à frente. A maior diferença, 8 cm, surge na distância para as pernas no banco traseiro. Segundo o engenheiro Klauss Mello, da Ford, esse aumento de espaço foi possível com o deslocamento do assento. Alinhado com os novos rivais, o Ka+ também faz bonito, principalmente na área para cabeça e pernas dos ocupantes.

    Quem estava acostumado ao conceito antigo do Ka, um apertado carro de entrada, deve ter se surpreendido com sua vitória. Mas o novo Ka inaugura uma outra fase no segmento. Com preço convidativo, pacote de equipamentos completo com itens exclusivos e rendimento superior na pista, e ainda considerando desempenho e consumo, não foi difícil para ele vencer com facilidade seus rivais.

    DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

    Bom de dirigir, sabe conciliar conforto e dirigibilidade. Freou bem.

    MOTOR E CÂMBIO

    Melhor rendimento na pista, com desempenho superior e consumo de combustível abaixo da média.

    CARROCERIA

    Visual mais simples e conservador que o do New Fiesta. Mas o acabamento é de boa qualidade.

    VIDA A BORDO

    É espaçoso e bem-equipado. E tem vários porta-objetos espalhados pela cabine.

    SEGURANÇA

    Traz ESP, HLA (assistente de rampa) e faróis de neblina.

    SEU BOLSO

    Três anos de garantia, preço interessante e valor de seguro abaixo dos da concorrência.

    VEREDICTO

    Mais equipado, com melhor rendimento (desempenho e consumo) e preço competitivo, o Ka+ venceu com facilidade o comparativo. O Prisma, em segundo, agradou pela modernidade e também pelos equipamentos. Na sequência veio o Voyage, com sua boa dirigibilidade. E o Grand Siena ficou em quarto porque, apesar do preço atraente, perde pontos no custo-benefício.

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