Muito tem se falado sobre o novo Polo nos últimos dias, destacando a tecnologia protagonizada pelo motor 1.0 TSI e pelo quadro de instrumentos digital, ambos disponíveis apenas em suas versões mais caras. Para grande parte dos brasileiros, porém, a versão intermediária com motor 1.6 está mais próxima da realidade.
Mas será que o Polo 1.6 MSI fica muito aquém do Comfortline TSI, R$ 10.000 mais caro? Nós andamos no modelo e trazemos a resposta.
O conjunto mecânico soará como o grande diferencial dos R$ 54.990 iniciais cobrados pelo Polo intermediário. Equipado com motor 1.6 16V de 117/110 cv e 16,5/15,8 mkgf (etanol/gasolina), ele só pode ter transmissão manual ─ o que pode mudar com a chegada do câmbio automático no Gol em breve.
Contudo, apesar dos números mais modestos em relação aos 128/115 cv e 20,4 mkgf do 1.0 turbinado, o aspirado vai de 0 a 100 km/h em 9,6 s, de acordo com a Volkswagen. O tempo é exatamente o mesmo do TSI.
Na prática, o Polo 1.6 é beneficiado justamente pelo câmbio manual. A correta distribuição das marchas favorece o torque em baixa e garante um rápido e silencioso ganho de velocidade.
A quinta marcha, porém, tem relação muito curta, o que faz o motor girar alto logo após os 100 km/h. Uma relação alongada ou o câmbio de seis marchas do Golf fariam bem ao carro e aos nossos ouvidos.
Se o câmbio manual ajuda o 1.6 e prejudica o 1.0 TSI, a diferença de torque equilibra as contas. No TSI, é possível fazer retomadas e ultrapassagens sem a necessidade de reduções. No 1.6, não.
Mesmo com o giro alto em velocidades mais elevadas, o torque máximo de 16,5 mkgf (etanol) exige reduções para que se faça as manobras com mais agilidade e segurança. Em subidas, então, é bom ter um pouco mais de paciência ─ para o turbo, essa é uma tarefa simples.
Em resumo, o 1.6 entrega desempenho satisfatório pela presença da transmissão manual, especialmente em rodagens urbanas ─ situação na qual a comodidade de um câmbio automático faz falta, isso se ter de pisar na embreagem for realmente um incômodo.
Assim como na mecânica, a relação de custo-benefício entre preços e equipamentos é um dilema para o Polo 1.6 MSI. Por R$ 54.990, o modelo traz os mesmos acabamento e itens de série do 1.0 MPI, de entrada.
Como exemplos: ar-condicionado analógico, direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas, computador de bordo, suporte para smartphone no painel, rádio com USB e Bluetooth, regulagem de altura do banco do motorista, Isofix e quatro airbags.
O exemplar disponibilizado, contudo, estava equipado com o pacote opcional mais completo Connect, de R.600, que adiciona rodas de liga leve de 15 polegadas, controles de estabilidade e tração, volante multifuncional e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
Com ele, o modelo vai a R$ 57.590 ─ sem pintura metálica. Mesmo assim, o valor ainda é R$ 7.600 mais em conta em relação ao 1.0 TSI.
A lista de equipamentos (mesmo sem o kit opcional) parece suficiente, mas algumas ausências não se justificam para um carro de quase R$ 60.000.
Não há, nem mesmo como opcional, comandos eletrônicos para ajustar os retrovisores externos ─ no lugar deles estão os antiquados pinos de regulagem manual ─ e ajuste para a coluna de direção (nem mesmo para altura).
Faróis de neblina, luzes diurnas, sensores de estacionamento e câmera de ré também não são oferecidos.
No acabamento, o hatch também tem seus poréns desde a versão mais cara, que chega a R$ 74.940. No 1.6, apenas o rádio tem superfície brilhante. No restante do painel, tudo é fosco e de toque rígido, inclusive a faixa central que ganha pintura brilhante no Highline 200 TSI e as saídas de ar, normalmente com algum detalhe cromado.
A impressão é de estar à bordo de um modelo inferior. Já os bancos de tecido não geram incômodo algum. Pelo contrário: são bonitos e confortáveis.
Assim como nas demais versões, cinco pessoas viajam com conforto no Polo (especialmente pelo túnel central baixo na parte traseira). Todos podem, inclusive, levar bagagens: são 300 litros de porta-malas, assim como no Fiat Argo.
A CONCORRÊNCIA
Fiat Argo Drive 1.3 e Hyundai HB20 Comfort Plus 1.6 são os rivais diretos do Polo 1.6 MSI. E a briga não é fácil. Antes da chegada do Polo, fizemos um comparativo entre Argo, HB20 e Onix.
O Argo é equipado com um moderno motor 1.3 de quatro cilindros com até 109 cv e 14,2 mkgf com câmbio manual de cinco marchas. Por R$ 53.900 iniciais, o modelo já vem equipado com central multimídia, disponível apenas no Polo de R$ 57.590.
O Fiat também leva a melhor por ter ajuste de altura da coluna de direção e monitoramento da pressão dos pneus, inexistentes no Volks. Fica devendo, porém, os airbags laterais e os vidros traseiros elétricos.
Por mais R$ 1.400, o Argo pode ter sensores de estacionamento traseiros e câmera de ré, indisponíveis no Polo, assim como os retrovisores externos com comandos e rebatimento elétricos presentes no pacote Convenience, de R$ 1.200, que adiciona também vidros traseiros elétricos (estes, de série no VW).
Já o Kit Stile inclui faróis de neblina e rodas de liga leve. Por R$ 58.400 (ou R$ 810 a mais em relação ao Polo completo), o Argo com todos os opcionais oferece mais itens de conforto e conveniência, mas esquece da segurança dos quatro airbags e do ESP do Polo.
O HB20 é oferecido em pacote único, sem opcionais, por R$ 52.880. Assim como o Argo, ele tem apenas dois airbags e não oferece ESP. No mais, o rádio com USB e Bluetooth é simples como no Polo de entrada, não há rodas de liga leve e tampouco direção elétrica (no Hyundai, é hidráulica).
No entanto, estão lá os ajustes do volante e os comandos elétricos dos retrovisores elétricos.
VEREDICTO
Com dose de tecnologia e bom desempenho, o Polo 1.6 mostra-se uma ótima opção para quem ainda não conseguiu chegar no Comfortline 200 TSI.
A falta de alguns itens de conforto e de um melhor acabamento, no entanto, podem fazer com que você repense a compra ─ a não ser que não se incomode ao ajustar os retrovisores à moda antiga enquanto ouve sua playlist preferida no Spotify (pela conexão com o moderno Android Auto).