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Impressões: novo Honda Civic, o anti-Corolla

Ousado, esportivo e bem-acabado, o novo Civic é o oposto do seu rival da Toyota. Andamos no sedã que estreia no Brasil em 2016 com chances de se tornar líder de vendas.

Por Marcello Oliveira
Atualizado em 23 nov 2016, 20h33 - Publicado em 5 fev 2016, 16h06
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  • Honda Civic
    A nova geração do Honda Civic será produzida no Brasil, com motor 1.5 turbo ()

    O desempenho do Toyota Corolla no mercado brasileiro é impressionante. Em 2015, ele vendeu o dobro do segundo colocado dos sedãs médios. Mas essa supremacia pode estar com os dias contados, pois em meados de 2016 o vice-líder, o Honda Civic, ganha uma nova versão que é a antítese do atual Corolla.

    É só olhar as linhas da décima geração para notar que ela traz um conceito bem diferente do arquirrival. O Civic 2016 está mais ousado e imponente, ganhando ares sofisticados da Acura, divisão de luxo da Honda. Os designers criaram linhas modernas e ousadas ao transformá-lo numa espécie de sedã-cupê, que segue uma tendência que ganhará companhia até o final do ano, com a chegada do novo Chevrolet Cruze. É um estilo que agradará ao público mais jovem, mas que pode fazer os mais conservadores sentir falta dos três volumes bem definidos, típicos de um sedã.

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    Honda Civic
    Na traseira, o destaque fica para as lanternas, que invadem a tampa do porta-malas ()

    No entanto, mais que design, a Honda construiu um novo carro a partir do zero. A ideia era causar um estrondo no segmento e abalar o sucesso mundial que é o Corolla. Foi o que permitiu que o Civic crescesse: o comprimento aumentou 7,5 cm e a largura, 5 cm. Só a altura foi levemente reduzida (4 cm), para melhorar seu perfil aerodinâmico, mas sem prejudicar o espaço interno para a cabeça, já que bancos e piso foram rebaixados. Com a renovação, o carro passou a usar mais aços de alta resistência na construção, o que possibilitou que ficasse quase 30 kg mais leve, apesar do aumento de medidas.

    Para descobrir como esse conjunto se comporta nas ruas, fomos até Nova York para dirigir a versão topo de linha, a Touring (sim, é o mesmo nome que BMW e Mercedes utilizam para batizar suas peruas).

    Como o Civic 2016 acabou de chegar aos EUA, percebe-se que seu desenho moderno chama a atenção pelas ruas. Principalmente pela vistosa barra cromada que se estende por cima dos faróis, que na versão Touring são totalmente em leds – item inédito nessa categoria. Teto solar e rodas diamantadas de 17 polegadas completam o visual da versão.

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    Honda Civic Touring 2016
    Estilo da Acura: faróis agressivos, linhas vincadas e grade cromada ()

    O requinte externo acompanhou as mudanças internas. Ao volante, ele está diferente do antigo Civic, com posição de dirigir muito baixa e acabamento interno bem cuidado. Aliás, é nesse item que o Civic dá um banho no Corolla. O painel e as portas são revestidos com materiais de extremo bom gosto e toque macio. O couro dos bancos (que pode ser bicolor na versão americana) e do volante é de boa qualidade e sem falhas aparentes. O modelo até parece ser de uma categoria superior. O tradicional painel de dois andares deu lugar a um conjunto único, que acende em azul e branco para dar as boas-vindas ao motorista assim que apertamos o botão Start. O centro do quadro de instrumentos tem um mostrador todo digital, que pode ser ajustado. É lá que aparecem os principais dados do computador de bordo, além das informações do sistema de áudio e do ar-condicionado.

    Honda Civic
    Interior perdeu o painel de dois andares, mas o acabamento melhorou ()

    Tudo é controlado pelo volante multifuncional, que traz um recurso curioso: a tecla do ajuste de volume funciona como uma tela touchscreen de celular. Basta tocá-la com a ponta do dedo e arrastar para cima ou para baixo até o nível desejado.

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    No centro do painel, a tela multimídia de 7 polegadas sensível ao toque, antes voltada ao condutor, agora está perfeitamente centralizada. A maior novidade aqui são os aplicativos Apple CarPlay e Android Auto, que permitem espelhar seu smart-phone na tela do carro. A central é compartilhada ainda por um sistema próprio de navegação e duas câmeras externas que auxiliam em manobras, uma na traseira e outra logo abaixo do retrovisor direito, com a finalidade de eliminar o ponto cego. Ela transmite imagens sempre que a seta for acionada para a direita ou quando solicitado pelo motorista, por meio de um botão na alavanca da seta.

    Honda Civic Touring 2016
    Central multimídia agora tela sensível ao toque de 7 polegadas ()

    Um grande destaque do interior é o espaço, em parte maior pelo entre- eixos que cresceu 3,2 cm, mas também pelos bancos mais finos e assoalho rebaixado. Apesar do caimento do vidro traseiro estilo fastback, alguém de 1,80 metro viaja com conforto atrás – pode até cruzar as pernas sem encostar no banco dianteiro ocupado por outra pessoa de mesma altura. A folga só não contempla quem senta no meio, por causa do túnel no assoalho – um retrocesso, já que o Civic 2015 tem o piso plano atrás.

    Honda Civic Touring 2016
    Dobradiças invadem o porta-malas, que conta com alavanca para rebater o encosto do banco traseiro ()
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    As mudanças estruturais melhoraram não só o espaço como o comportamento dinâmico do carro. É um reflexo da nova plataforma (25% mais rígida que a anterior, segundo a Honda) e também da carroceria mais baixa e larga. Entra nessa equação o desempenho do novo powertrain. O destaque é a estreia do VTEC 1.5 Turbo, o primeiro motor com turbocompressor (e injeção direta) da Honda, que rende 174 cv e 22,4 kgfm de torque. A Honda explica que ele pode receber três calibrações para render 150, 174 ou 204 cv. O escolhido para o Brasil é o mesmo oferecido para o mercado americano, de 174 cv.

    Embora nosso Civic vá ser produzido na fábrica de Sumaré (SP), a versão 1.5 turbo terá no início só opção a gasolina – o flex virá mais tarde. A versão de entrada, no entanto, continuará usando o 2.0 flex, que hoje rende 155/150 cv. O curioso é que a Honda divulga que os dois motores têm o mesmo consumo nos EUA, apesar da diferença de potência. Ponto a favor da modernidade do 1.5, que vem equipado sempre com câmbio CVT (o mesmo do Accord).

    Honda Civic Touring 2016
    Sensor de ponto cego fica instalado no espelho retrovisor ()

    No nosso test-drive em Nova York, esse motor mostrou que sabe empolgar. A chata suavidade do CVT conversa bem com a brutalidade do turbo, entregando respostas amigáveis, sem trancos, mas com acelerações sempre fortes e progressivas – vai de 0 a 96 km/h em 6,8 s. Esse 1.5 também se revelou extremamente silencioso, inclusive nas altas rotações. Nos trechos de asfalto irregular, percebe-se um conjunto de suspensão (McPherson na frente e multilink atrás) mais firme do que antes, que não chega a ser desconfortável. Serve para deixar claro a nova vocação do Civic: prazerosamente esportiva, longe da suavidade do Corolla.

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    Honda Civic
    O sedã está 7,5 cm maior no comprimento e 5 cm na largura ()

    Concebido para ser o mais seguro do segmento, o sedã traz controle de tração e estabilidade, ABS com EBD e BAS, assistente de partida em rampas, controle de cruzeiro adaptativo com aviso de colisão e frenagem automática. Outra novidade é o assistente de mudança de faixa: num desvio de trajetória, o volante vibra para alertar o motorista e, automaticamente, a direção leva o carro para dentro da faixa, se o condutor não fizer força no sentido contrário. Mas há boa chance de alguns desses itens não chegar por aqui, como ocorreu com o HR-V. O único ponto fraco desse ótimo conjunto pode ser o custo Brasil. Nos EUA, o 2.0 básico é só 8% mais caro que o Corolla de entrada, mas o 1.5 top salta para 15% sobre o Toyota mais caro. Como a Honda brasileira sempre se destacou pelos altos preços, esse pode virar o calcanhar de Aquiles do Civic. Tomara que não.

    Ficha Técnica – Honda Civic Touring 2016
    Motor dianteiro, gasolina, 4 cilindros
    Cilindrada 1.496 cm³
    Potência 174 cv a 550 rpm
    Torque 22,4 mkgf a 1700 rpm
    Câmbio automático CVT
    Dimensões 463 cm (comprimento); 141,5 cm (altura); 179 cm (largura); 270 cm (entre-eixos)
    Peso 1.326 kg
    Peso/Potência 7,62 kg/cv
    Peso/Torque 59,19 kg/mkgf
    Porta-malas 416 litros
    Tanque 47 litros
    Suspensão dianteira independente, McPherson
    Suspensão traseira independente, multilink
    Freios discos ventilados (diant) e discos sólidos (tras)
    Direção elétrica
    Pneus 215/50 R17
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