Impressões: Maserati Levante, o tridente multiuso
A Maserati se rende ao segmento mais aquecido do mundo e pretende agitar os mares com o Levante, primeiro SUV da marca
O clube de SUVs de alto luxo tem novos inscritos: recentemente deu boas-vindas ao Bentley Bentayga, Jaguar F-Pace e Mercedes GLE. Agora é a vez da Maserati entrar nesse grupo, que apresenta o Levante ao mundo.
Antes de torcer o nariz para o recém-chegado, lembre-se do Cayenne. Os puristas se contorceram antes de seu lançamento, mas o utilitário rendeu alto volume de vendas e dinheiro – isso ninguém pode negar.
A Maserati quer aproveitar os bons ventos com o Levante, sobretudo em novos mercados, como a Ásia, em especial a China.
Não por menos, o nome do utilitário homenageia um vento do Mediterrâneo. O Viento de Levante sopra no oeste daquele oceano pelo Estreito de Gibraltar, direcionando nuvens e chuva para a região.
A produção ficou a cargo da fábrica de Mirafiori, perto de Turim. Para ter ideia da importância do SUV, a empresa espera vender 70.000 carros em 2018, ante os 5.000 que comercializou em 2006 – antes dos Quattroporte e Ghibli.
No Brasil, o Levante foi exibido durante o Salão do Automóvel, e já está à venda por preços entre R$ 650.000 e R$ 740.000.
Por fora, impressionam as proporções de coupé, com portas traseiras sem moldura e apurado coeficiente aerodinâmico (0,31), apesar da enorme área frontal.
Parte desse resultado vem de uma cortina elétrica entre as tomadas de ar e o radiador, dotada de lâminas que abrem e fecham conforme a necessidade de refrigeração do motor ou redução de resistência ao ar.
Com 5 metros, o Levante é o maior de seu segmento. Tem entre-eixos até 10 cm maiores que os rivais. O interior do carrão conta com ares de lounge vip. E é ainda possível tornar a cabine mais aristocrática por meio da opção do couro bicolor personalizável.
Mas nem tudo é perfeito. Falta o head-up display (tecnologia que projeta informações no para-brisa) e o quadro de instrumentos é muito parecido com o do Ghibli, com retroiluminação branca. O clássico relógio analógico da Maserati está situado ao centro do painel e o acabamento interior é valorizado pelas molduras cromadas de alumínio.
Como opcional, um jogo de bancos Comfort pode ser acrescido na versão top (Luxury), que conta com 12 opções de ajuste elétrico, capazes de alterar a inclinação do suporte lombar ou ângulo do assento, além de dispor de aquecedor e ventilação.
Tecnicamente, o Levante tem como base a mesma plataforma do Ghibli (entre-eixos e largura são iguais), mas adaptada ao utilitário esportivo.
No entanto, será difícil chamar esse italiano luxuoso de aventureiro. Ele tem o menor vão livre entre os rivais (6,1 cm) e privilegia o conforto de rodagem, apesar de dispor de tração integral nas quatro rodas (item de série) e suspensão pneumática.
Além do sistema de tração AWD automático, o SUV conta com um recurso de vetorização de torque. Essa tecnologia redistribui a força para rodas externas de uma curva, ao mesmo tempo em que freia os pneus de dentro, aumentando sua estabilidade em curvas fechadas. Além disso, a divisão de peso entre os eixos está equilibrada em 50%/50%.
O Levante dispõe de dois motores V6. A unidade 3.0 a gasolina, dotada de injeção direta e turbo, está disponível em duas versões com potências de 430 e 350 cv, enquanto a turbodiesel 3.0 é capaz de gerar 275 cv.
Todas as versões do Levante contam com uma transmissão automática de oito velocidades (da ZF), com quatro modos de condução: Normal, I.C.E. (que em geral conhecemos como Eco), Sport e Off-road.
A distribuição da tração é de normalmente 100% para as rodas traseiras, podendo chegar a 50% para cada eixo em apenas 150 milésimos de segundo.
Foi a primeira vez que a Maserati organizou um test-drive com percursos em trechos alagados, cobertos por lama e pedras soltas.
E também é a primeira vez que vejo um carro dessa marca centenária vir equipado com gancho de reboque – acessório que permite puxar até 2,7 toneladas.
Eu não esperava ver o tridente da Maserati sujo de barro, mas, assim como ocorreu com a Porsche, o logotipo azul e branco ganhou vida com um pouco de lama.
A suspensão pneumárica ajustável permite aumentar o vão em relação ao solo, e mesmo com ângulos de entrada e saída bem limitados, ele não fez feio, graças à inteligência da tração 4×4 em modo Off-road.
No Brasil, apenas as duas versões a gasolina estão à venda. A configuração Luxury, com 350 cavalos, sai por R$ 640.000. Já a verão Sport com 450 cavalos chega a R$ 740.000.
Os valores são intermediários entre o Porsche Cayenne GTS (R$ 619.000) e o Cayenne Turbo (R$ 728.000), e sensivelmente acima do Jaguar F-Pace mais caro (R$ 408.500).
VEREDICTO
O Levante é o primeiro rival à altura do Cayenne. Oferece nível de luxo, exclusividade e desempenho compatíveis com a marca do tridente.
FICHA TÉCNICA
Motor | gas., dianteiro, V6, 24V, 9,7:1; 2.979 cm³; 430 cv a 5.750 rpm, 59,1 mkgf entre 1.750 – 5.000 rpm |
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Câmbio | automático, 8 marchas, AWD |
Direção | hidráulica |
Suspensão | triângulos sobrepostos (diant.) e multilink (tras.) |
Freios | discos ventilados |
Pneus | 265/50 R19 (diant.), 295/45 R19 (tras.) |
Dimensões | comprimento, 500,3 cm; altura, 167,9 cm; largura, 196,8 cm; entre-eixos, 300,4 cm; peso, 2.109 kg; tanque, 80 l; porta-malas, 580 l |
Desempenho | 0 a 100 km/h em 5,2 s; velocidade máxima de 264 km/h |
Preço | a partir de R$ 640.000 |