Hyundai Veracruz era grande e potente; relembre o primeiro teste
Com lugar e conforto para sete, o crossover tinha sempre tração 4x4, mas gostava mesmo é de um bom asfalto
Publicado originalmente em dezembro de 2007
Em casa com mais de dois filhos, é comum que o caçula chegue num momento em que o orçamento doméstico já ultrapassa o previsto. No caso do Hyundai Veracruz foi diferente. O terceiro crossover da família, lançado no fim de 2006, já chegou com a estrada asfaltada pelo bom momento vivido pela marca. Com visual mais cosmopolita (e americano), ele é maior que seus irmãos Tucson e Santa Fe e teve suas linhas criadas no novo centro de design da marca, localizado, não por acaso, na Califórnia.
O Veracruz chegou ao Brasil em julho e concorre com modelos como Jeep Grand Cherokee Limited e Volkswagen Touareg V6, vendidos na mesma faixa de preço. Mas essa proximidade se deve mais à coincidência entre os preços que ao que eles entregam. Isso porque os rivais são utilitários esportivos na melhor acepção da palavra — equipados com sistemas de transmissão mais robustos, com opção de marcha reduzida –, enquanto o Veracruz é um crossover, sem ambições de se aventurar por trilhas off-road pesadas.
O primeiro nome do Brasil foi Ilha de Vera Cruz. Mas a Hyundai não sabia disso, quando batizou o crossover. Ela se inspirou na cidade de Veracruz, que fica no México. Tucson e Santa Fé, aliás, também são nomes de cidades, só que americanas. Tucson fica no Arizona e Santa Fé, no Novo México.
Em condições normais de temperatura, pressão e rodagem, o Veracruz tem tração 4×2 dianteira. O modo 4×4 entra apenas se for convocado pelo motorista (basta apertar um botão). E serve apenas para vencer obstáculos, descer ladeiras ou trafegar por trechos arenosos ou lamacentos, em velocidades inferiores a 30 km/h.
O Veracruz não veio ao mundo para exibições de valentia. Sua missão é transportar pessoas com conforto. Para isso, ele é dotado de bancos de couro, sistema de som, teto solar elétrico e ar-condicionado digital. Ele oferece lugar para sete, em três fileiras de bancos (a terceira é escamoteável). Todos os ocupantes são contemplados com saídas individuais de ar-condicionado e airbags ” são dez ao todo.
O motorista conta com piloto automático, computador de bordo e coluna de direção regulável em altura e profundidade (a variação não é muito ampla, porém). No capítulo segurança: ABS e controles de tração e de estabilidade, de série.
Ao volante, ele continua sendo familiar. Os comandos estão à mão, são fáceis de manusear e suas funções são percebidas de forma intuitiva. O acabamento é agradável ao toque e também aos olhos. À noite, a iluminação suave, nas cores azul e branca, transmite uma atmosfera tranquila.
Em pisos bem conservados, o Veracruz roda com maciez e silêncio. No asfalto liso, o único barulho que incomoda a bordo é o do controle remoto de abertura das portas batendo no painel. Já as ruas esburacadas, embora as irregularidades não cheguem a perturbar a suspensão, provocam ruídos nas peças do acabamento.
Apesar das dimensões ” são 4,80 metros de comprimento, 1,75 de altura e 1,90 de largura ” o motorista tem a sensação de estar ao volante de um automóvel. Você só lembra que o Veracruz é um crossover grande quando freia e faz curvas.
A suavidade de comportamento, o desempenho do motor V6 de 270 cv e as quase 2 toneladas de peso formam uma combinação que pode surpreender os desavisados. Na hora de parar, o Veracruz pede que o motorista pise no freio com energia. E, nas curvas, que se respeite a velocidade aconselhada. Isso porque o Veracruz tende a sair de frente, quando seu limite é ultrapassado. Em nosso teste, no entanto, o crossover se saiu bem nas provas dinâmicas. A carroceria rola pouco para um crossover de grandes dimensões. A suspensão garante o equilíbrio. E os freios, paradas em espaços seguros.
Para ir da imobilidade até os 100 km/h, o Veracruz precisou de apenas 9,5 segundos. Mas, nas ruas, ele reage melhor quando já está embalado. Levando-se em conta porte e categoria, nas medições de consumo ele se mostrou relativamente econômico, com as médias de 6,5 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada. Como se viu, a família Hyundai não está precisando fazer economia, mas nos dias atuais o comedimento nessa área é sempre bem-vindo e correto.
Veredicto – O Veracruz cumpre o que promete, como crossover de luxo, e oferece conforto a bordo, sem descuidar da segurança. Pelo mesmo preço, porém, existem utilitários no mercado que, embora não sejam tão completos, têm aptidões para encarar as trilhas off-road com maior desenvoltura.
Ficha técnica – Hyundai Veracruz
- Preço original: R$ 175.000
- Preço corrigido: R$ 437.138 (IPCA)
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, v6. em linha, 24V, DOHC, 3.778 cm3, 270 cv a 6.000 rpm, 36,2 kgfm a 4.500 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração integral sob demanda
- Direção: hidráulica; 3,3 voltas entre batentes, 11,3 m diâmetro de giro
- Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
- Pneus: 245/60 R18
- Dimensões: comprimento, 484 cm; largura, 193 cm; altura, 175 cm; entre-eixos, 280 cm; porta-malas, 1.103 litros; peso, 1.965 kg
Teste – Hyundai Veracruz
Teste – Honda ZR-V
Aceleração
0 a 100 km/h: 9,5 s
0 a 1.000 m: 30,7 s
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,7 s
D 60 a 100 km/h: 5,0 s
D 80 a 120 km/h: 6,4 s
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 35,8 / 59,0 dBA
80/120 km/h: 55,3 / 60,8 dBA
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,4/26,9/63 m