O Hyundai Creta ganhou, no último mês de agosto, as novas versões Comfort Plus, com foco estético, e Platinum Safety, focada em segurança. Uma terceira versão, porém, estreou sem qualquer comunicação por parte da marca: a Limited Safety, que ganha um interessante pacote de segurança.
A falta de aviso sobre a nova configuração é curiosa, já que o Creta Limited Safety pode ser facilmente enquadrado como o de melhor custo-benefício na gama. Por R$ 147.890, ele tem uma lista de equipamentos atraente para quem busca por um SUV abaixo dos R$ 150.000, e sai por apenas R$ 1.500 a mais em relação à Limited, que serve de base.
Mas isso pode indicar algo sobre o futuro da linha Creta. Assunto para daqui alguns parágrafos.
Por fora, (quase) tudo igual
Nas ruas será difícil identificar um Creta Limited Safety entre os vários Limited e Platinum (ou Platinum Safety, agora). A dianteira tem grade prateada com acabamento fosco, mesmo tom utilizado no aplique do para-choque.
Os faróis automáticos têm assinatura diurna e noturna em leds, e são halógenos. Apesar da iluminação mais antiga (e barata) e de ser por projetores, combinação que costuma tirar eficiência do conjunto, o Creta entrega boa visibilidade noturna, com iluminação eficiente. Na nova versão, há facho alto adaptativo.
Na traseira, nada muda em relação às demais versões com motor 1.0 turbo. Estão lá as lanternas com assinatura em leds e o aplique prateado no para-choque. A lateral mantém as mesmas rodas das versões Limited e Platinum, com 17 polegadas e pneus 215/60. É neste ângulo, contudo, que está a única diferença estética do Limited Safety: as maçanetas são na cor do carro, não cromadas.
Acabamento e espaço seguem como argumentos
O bom acabamento sempre foi um dos destaques do atual Hyundai Creta, mesmo em suas versões básicas e intermediárias. É fato que não há materiais emborrachados ou revestidos no painel, diferente de seus rivais Jeep Renegade e Honda HR-V, mas há evidente cuidado na qualidade e no encaixe das peças.
Há uma boa mistura de texturas e materiais, com plásticos em preto brilhante, que imitam aço escovado e até que imitam couro perfurado, em uma porção central do painel. Junto, há até costuras falsas para que a (boa) encenação do falso couro fique ainda mais realista. Dá resultado. Os bancos são em tecido, que poderiam ser de melhor qualidade.
O espaço também tem seu lugar entre os pontos positivos do Creta. Quem vai atrás não tem problemas de falta de espaço para as pernas, muito pelo contrário. O mesmo vale para a cabeça. No caso de um terceiro ocupante, o assento central dá conta, até porque o túnel central do assoalho é baixo e permite acomodação. O problema ficará para a disputa de ombros.
Também quem for atrás terá, entre as comodidades, saídas de ar-condicionado, um pequeno porta-objetos e uma porta USB, do tipo A, mais antigo.
As bagagens também irão sem aperto: o porta-malas do Creta tem 422 litros. É uma boa capacidade, menor apenas que de Renault Duster, que tem 475 litros, e do Nissan Kicks, com seus 432 litros.
Lista de equipamentos mais recheada
A versão Limited, que serve de base para a Limited Safety, já tem um ótimo pacote de equipamentos de série. Há piloto automático, câmera de ré, volante com ajustes de profundidade e altura, ajuste eletrônico manual do facho dos faróis, seis airbags, monitoramento de pressão dos pneus, chave presencial e carregador de celulares por indução.
A lista segue com ar-condicionado automático digital (de apenas uma zona) e central multimídia com tela de 8 polegadas e Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Há duas portas USB na dianteira, ambas do tipo A, mais antigo. Já está na hora de pensar em trocá-las pelo tipo C.
Como diferencial, além dos já citados faróis altos adaptativos, a nova versão adiciona: detector de fadiga, alerta de colisão com frenagem automática de emergência para carros e pedestres, sistema de permanência e centralização do veículo na faixa, e quadro de instrumentos digital, com tela de 7 polegadas. Um pacote bastante significativo pela diferença de preço.
Mecânica de sempre
O modelo é equipado com motor 1.0 turbo de três cilindros, sempre com 120 cv e 17,5 kgfm, independentemente do combustível utilizado (etanol ou gasolina). O câmbio é automático de seis marchas.
Segundo nossos testes, feitos com gasolina, o Creta vai de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos – mesmo número obtido por um Volkswagen T-Cross 1.0 turbo. O consumo é bom, mas poderia ser melhor. Alcançou as médias de 11,5 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada, números piores que os 11,7 km/l urbanos e 16,9 km/l rodoviários do T-Cross.
A entrega de desempenho é satisfatória no Creta, especialmente para uso urbano, onde o motor trabalhará em rotações mais altas. Na estrada, há maior exigência de reduções de marcha, já que o SUV perde o fôlego com alguma frequência – afinal, ainda estamos falando de um motor 1.0 turbo. No geral, não gerará emoções, nem boas, nem ruins.
O câmbio tem bom escalonamento, focado no conforto, com trocas rápidas, suaves e silenciosas. O mesmo foco é dado à direção, sem qualquer pretensão esportiva, e à suspensão, que absorve muito bem as imperfeições do solo.
Qual o sentido?
Como dito há pouco, o Creta Limited Safety custa apenas R$ 1.500 a mais em relação à Limited comum, ou seja, parte de R$ 147.890. Assim, a pouca diferença faz com que a versão Limited não faça sentido algum.
Isso pode indicar uma possível mudança na linha do Creta, onde a Limited Safety tomará o lugar da Limited, em breve. Ou, em outra hipótese, a Limited comum absorverá o novo pacote Safety. Essa mudança só deverá acontecer, porém, quando os estoques da Limited acabarem.
A marca não confirma, mas é uma hipótese plausível, até porque isso já aconteceu com a Platinum. Ela desapareceu do site da Hyundai e cedeu o lugar para a Platinum Safety. Essa dança das cadeiras acontece ainda com a proximidade da versão Limited Safety, em equipamentos, com a antiga Platinum comum. Ou seja, a Limited Safety já fez a sua primeira vítima.
Veredicto
O Creta Limited Safety não tem itens “luxuosos” como câmeras laterais, faróis de led ou piloto automático adaptativo, mas oferece ótimo pacote de tecnologia e segurança. Somando-se aos bons acabamento e espaço, além da dirigibilidade agradável, ele pode ser considerado um dos melhores SUVs abaixo dos R$ 150.000. Já na linha Creta é, sem dúvidas, a versão com melhor custo-benefício.
Teste Quatro Rodas – Hyundai Creta Limited Safety
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 11,3 s
0 a 1.000 m: 33,2 s – 152,5 km/h - Velocidade Máxima:
180 km/h (segundo a Hyundai) - Retomada:
D 40 a 80 km/h: 5,2 s
D 60 a 100 km/h: 7 s
D 80 a 120 km/h: 8,9 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 14,8/26,4/59,2 m - Ruído Interno
Neutro/rpm máx.: 41,8/62,2 dBA
80/120 km/h: 63,2/69,5 dBA - Consumo:
Urbano: 11,5 km/l
Rodoviário: 14,4 km/l - Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 97 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 6ª marcha: 2.250 rpm
Volante: 3 voltas - Seu bolso
Preço básico: R$ 147.890
Garantia: 5 anos - Condições de teste: alt. 660 m; temperatura, 32 °C; umidade relativa,32%; pressão, 1.011,5 kPa
Ficha Técnica – Hyundai Creta Limited Safety
- Motor: flex, dianteiro, 3 cilindros, 12 V, turbo, injeção direta, 998 cm³, 120 cv a 6.000 rpm, 17,5 kgfm a 1.500 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.)
- Direção: elétrica
- Pneus: 215/60 R17
- Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 179 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 261 cm; porta-malas, 422 l; tanque de combustível, 50 l