Honda HR-V
O SUV compacto nipo-brasileiro será feito no interior de São Paulo com o motor 1.8 do Civic e a transmissão CVT do Fit
O HR-V já foi apresentado oficialmente durante o Salão do Automóvel. Mas a Honda ainda faz mistério com o modelo. Foi a única marca que optou por não ceder uma unidade para fotos ao lado os rivais, alegando que o SUV baseado no Fit não está pronto. Falta definir a lista de equipamentos de cada versão e os detalhes de acabamento do interior.
A razão para o jogo de esconde-esconde é a seguinte: o HR-V (Vezel em outros países), produzido em Itirapina (SP), não será tão bem-equipado quanto o equivalente japonês. Como ocorre no City, só as versões mais caras terão o ar-condicionado digital, controlado por tela sensível ao toque, sem botões. Só a EX e a EXL devem contar com o refinado acabamento preto brilhante do console. As formas do painel serão iguais às do modelo japonês, incluindo o console flutuante, mas não se anime com a alavanca de câmbio com capa de plástico translúcido: isso é exclusivo da versão híbrida avaliada, assim como o freio de estacionamento elétrico. O nosso será mecânico, acionado por cabos, como o Fit.
Apesar de caprichar no acabamento e na qualidade de fabricação, a Honda continuará deixando de lado mimos triviais, como a função um-toque em todos os vidros e espelhos de cortesia com iluminação para o motorista, especialmente na versão de entrada, que terá a missão de oferecer um preço mais atraente na estreia do crossover no Brasil.
No entanto, o HR-V será o único a vir com sistema modular de assentos. Parecido com o do Fit, permite que os bancos sejam rebatidos de acordo com a necessidade do motorista. Os assentos traseiros, por exemplo, podem ser dobrados para cima, possibilitando o transporte de objetos grandes, aproveitando o espaço entre o assoalho e o teto. Até os bancos dianteiros se integram ao traseiro, formando uma cama de emergência.
Em março de 2014, QUATRO RODAS foi ao Japão conhecer o Vezel, onde andou com exclusividade no SUV. Nosso contato revelou que a Honda pretende valorizar o tamanho compacto da carroceria, a vocação urbana e o preço de sedã médio.
A mecânica terá uma combinação inédita: o motor 1.8 FlexOne do Civic (de 140/139 cv, com etanol e gasolina) e a transmissão CVT do Fit. Sem marchas, a versão mais cara terá borboletas que permitem a simulação de trocas manuais.
O rival a ser batido é o EcoSport. Com 429,5 cm de comprimento e 177 de largura, o HR-V tem quase o mesmo tamanho do Ford (424,1 e 176,5 cm), só que o Eco inclui o estepe. Assim, o HR-V tem carroceria maior e, portanto, mais espaço interno. Mas a ofensiva também precisa conter 2008 e Renegade – este terá opção 4×2 gasolina e 4×4 diesel. Na faixa entre R$ 70 000 e R$ 85 000, a pretensão é atender quem aprecia a posição de dirigir elevada e faz questão da sensação de robustez, mas não abre mão de um carro compacto, estritamente urbano. Aliás, esse é um dos grandes diferenciais do HR-V no segmento. Enquanto os outros flertam com o off-road, o HR-V passa longe disso. “Os novos SUV estarão adaptados aos anseios do consumidor e à vida na cidade”, diz Roberto Akiyama, vice-presidente comercial da Honda. “Os compradores querem carros altos, que tragam maior sensação de força e que não consumam tanto combustível”, afirma.
Para os fabricantes, os SUVs representam uma oportunidade de ouro. Como dificilmente custam menos de R$ 60 000, proporcionam maior margem de lucro por unidade vendida. “São carros maiores, com mais equipamentos, capô elevado e pneus grandes. Eles oferecem mais, por isso custam mais”, diz Akiyama. Num ano difícil para a indústria, as marcas do setor contam com os SUVs para aquecer o mercado em 2015 e 2016, que deve receber pelo menos dez modelos distintos. E o Honda será um dos primeiros: deve estar nas lojas até março.
VEREDICTO
O HR-V tem visual atraente, mecânica confiável e bom nível de espaço. Mas seu melhor atributo é a força da marca. Prepare-se, porém, para o preço: ter um Honda não custa pouco.