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Honda GL 1800 Gold Wing

Aonde quer que ela chegue, causa impacto. Ainda bem que tem airbag...

Por Eduardo Viotti | fotos: Marco de Bari
Atualizado em 9 nov 2016, 12h06 - Publicado em 11 out 2012, 11h40
Honda GL 1800 Gold Wing

Era uma vez uma publicidade de cigarros que ficou célebre lá nos anos 70 pelo slogan: “Dinheiro não traz felicidade. Manda buscar”. É a mais pura expressão de cabotinismo, sem dúvida, mas tem sua graça, como algumas piadas politicamente incorretas. E, vou confessar, diante desta moto, eu não conseguia parar um minuto de pensar em como seria bem legal ter os 92 000 reais (mais as despesas com óleo – óleo? -, frete e seguro que a fábrica reclama) para gastar assim de estalo com moto e, claro, mandar buscar uma Gold Wing para pôr lá na garagem do nosso humilde solar…

Obviamente, a GL 1800 não é indicada para ser a única moto da garagem de um motociclista incurável, por ser grande e pesada demais, mas ela é absolutamente sensacional para pegar a estrada e ir longe. Quanto mais longe, melhor. É também a moto mais segura que existe: pode não ser a maior, a mais confortável (o que talvez seja) nem a touring mais empolgante, mas não tem para ninguém em termos de segurança. Além de bons sistemas ciclísticos e de freios, tem até airbag, que se infla à frente do piloto em caso de colisão frontal e impede que ele se projete adiante, mesmo se estiver caindo.

Em termos de preço, o segmento das grandes touring é o Himalaia do mundo motociclístico. A BMW K 1600 GTL é o Everest, custa 108 500 reais, segundo a tabela Fipe. Pela mesma fonte, a Harley-Davidson Ultra Limited custa quase 73000 reais (sua versão CVO, que testamos na edição passada, custa 104933 reais) e a Kawasaki Concours 14 sai por cerca de 77000 reais. Para escalar uma Gold Wing, como já disse, é preciso desembolsar algo acima de 92 000 reais (não se esqueça do óleo…). Não é, naturalmente, uma moto de volume: a Honda espera vender neste ano apenas 80 unidades desta versão.

As principais mudanças do modelo atual são cosméticas: um face-lift, em regra, com aquela troca básica de elementos ópticos, faróis e lanternas traseiras superiores (do bauleto) e redesenho do conjunto de luzes inferior traseiro, dos alforjes laterais e das aletas de refrigeração na carenagem lateral. Agora a GL só é vendida em preto e em branco, sempre com a tomada de ar lateral da cor prata-claro. Ficou mais bonita, sim, e mais moderna.

Outras mudanças dizem respeito à velocidade com que os avanços eletrônicos abrem brechas na atualidade dos modelos mais cheios de gadgets.

A Gold Wing ganhou a possibilidade de reproduzir tocadores de MP3 e celulares, além de acoplar dispositivos USB, como os pendrives. O som é fenomenal. Se você acha que simplesmente andar com ela já chama demasiada atenção, não faz ideia do que é atravessar uma bucólica cidade do interior com os alto-falantes a pleno. São 80 watts por canal, algo ensurdecedor. (Só pedimos encarecidamente que, por favor, não faça isso – é de extremo mau gosto…)

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Normal é a tentação de, em um teste como este, ficar descrevendo todos os detalhes de conforto e a luxuriante profusão de acessórios da moto. Afinal, ela é pródiga em detalhes e tem tudo. A começar pelo piloto automático (cruise-control), que mantém a velocidade constante. Bacana, mas praticamente inútil no Brasil, pelas características do tráfego nas estradas – todo mundo fecha, todo mundo “costura”. Também possui marcha a ré elétrica (motor de arranque invertido), suspensão multiajustável eletronicamente por botão no punho e com duas posições pré-programáveis de memória, completo computador de bordo e uma quantidade infindável de botões, um pouquinho exagerada e até desnecessária.

Entretanto, o mais importante é que em movimento a moto é impecável. Na estrada, fique bem entendido, porque na cidade não dá, especialmente se houver trânsito. Transpira segurança. Ela só é perigosa parada, ainda mais se o piso for um pouco inclinado e se, para cúmulo do azar, houver areia ou óleo sob a sola das botas. Afinal, são 387 kg a seco, quase meia tonelada com carga total. Conselho de amigo: não use, jamais, calçado com sola de couro.

Sob o aspecto ciclístico, a moto tem um chassi de dupla viga de alumínio forjado, com o motor fazendo parte da estrutura. O conjunto é surpreendentemente rígido, sem torções nem mesmo quando levado seriamente ao limite.

As suspensões também são eletronicamente assistidas, não só pelas regulagens na traseira mas pelo sistema antimergulho na dianteira, sensacional e que muda bastante o comportamento de uma mastodôntica criatura como esta em frenagens fortes. A estabilidade é bem boa. Deitá-la na curva é muito mais fácil do que parece: ela se joga vorazmente, sem medo de procurar a inclinação. Aí a pedaleira raspa – não tem muito jeito de evitar.

Ainda nas suspensões, dá para notar que a Gold Wing sofre um pouco nas péssimas condições de piso e nas lombadas, obstáculos, costelas de vaca e buracos que fazem parte constante de nosso dia a dia. Nos Estados Unidos, mercado para o qual esta máquina foi planejada, não tem disso não. Ok, claro que tem, mas a quantidade não tem nem termos de comparação.

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Os freios são também a última palavra, equipados com sistema Dual CBS e ABS. Isso significa que a distribuição da frenagem frente/traseira é controlada pela central eletrônica usando os mesmos sensores do ABS. Não é apenas hidráulico, como o C-ABS das Honda nacionais, e é um sistema muito mais complexo e eficiente do que aquele que equipa, por exemplo, a Hornet, a CB 1000R ou a XRE 300. São potentes o suficiente e seguram bem a onda, mesmo depois de superaquecidos em uma descida de serra.

O motor boxer é uma beleza. Realmente é uma bela peça de engenharia e apuro mecânico, precisão e equilíbrio. Tem dois radiadores laterais de refrigeração líquida, um sobre cada bancada de três cilindros. Produz 118 cv a 5 500 rpm e 17 mkgf de torque máximo a 4 000 rpm. O nível de vibrações é bem baixo. Elas são finas, quase imperceptíveis, mesmo após horas ao guidão. A “patada” do seis-cilindros de 1,8 litro, acredite, não é tão súbita nem impressionante, apesar dos números de torque e potência, mas ele cresce vorazmente rápido, cheio, macio e vigoroso – vou te contar, é uma delícia.

O eixo cardã no monobraço traseiro é quieto, robusto, requer pouca manutenção. Também já é uma marca registrada do modelo, que traz esse sistema de transmissão secundária desde os anos 70, quando ainda tinha quatro cilindros e nenhuma carenagem. O câmbio de seis marchas poderia ter 12… Eu estou brincando: como está é bem escalonado e muito preciso.

A Gold Wing é uma máquina mais que aprovada em todo o mundo, um dos grandes patamares mundiais de qualidade e sofisticação tecnológica. Superconfortável, permite viajar a 200 km/h sem medo, ouvindo um sonzinho, sentado no melhor – e mais seguro – banco de moto que você pode encontrar. Está bom ou quer mais?

TOCADA

Andando, é maravilhosa, confortável e veloz. Parada,
é um problema: se
o pé escorregar… Quero ver levantar depois.

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★★★★★

DIA A DIA

Não cabe sequer cogitar a respeito.
A menos que sua rotina diária seja a de viajar por estradas largas e longas.

ESTILO

Conservador,
começa a ficar datado. O atual face-lift
veio exatamente
para tentar amenizar essa característica. Melhorou, modernizou, mas ainda é meio “tiozão”.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO


O seis-cilindros boxer é sensacional: preciso, exato, tem torque, potência, maciez e suavidade mecânica. O eixo cardã é bem reforçado e quieto.

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★★★★★

SEGURANÇA

Se ela não tiver a nota máxima, a quem caberá o posto? Nenhuma outra moto no mundo é tão completa em itens de segurança.

★★★★★

MERCADO

É cara, mas tem público fiel, bom valor de revenda e não é difícil de negociar. Difícil é achar uma usada.

★★★★

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