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Honda CB 600F Hornet x BMW F 800 R

Os quatro cilindros da CB 600F Hornet batem os dois da F 800 R em desempenho e emoção

Por Eduardo Viotti
Atualizado em 9 nov 2016, 11h52 - Publicado em 7 jul 2011, 20h51
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  • Honda CB 600F Hornet x BMW F 800 R

    Antes de subir nas motos deste comparativo, antes mesmo de colocá-las na pista e de aferir seu desempenho, devo confessar: meu coração de tiozão batia mais forte pela BMW F 800 R. Ela outorga mais status, é mais imponente e tem melhor design. Acima de tudo, bem mais que a Honda CB 600F Hornet, a BMW é um símbolo de status, um artigo de grife de luxo, quase como um Rolex ou um terno Armani. Mas qual! Quando você sobe na moto e acelera, não há vontade de se “bacanear” que resista ao empuxo da adrenalina. Aí, meu caro, ganha a moto que acelera mais, faz mais curva e que desperta, lá no fundo, a paixão adolescente! A Honda fez isso com mais energia.

    Não se trata apenas de julgamento subjetivo. Os números frios confirmam a superioridade da líder do segmento sobre a desafiante germânica, recém-nacionalizada via Manaus. A BMW de alguns anos atrás só fazia modelos caríssimos, exclusivos e com tecnologia diferenciada e própria. Pouco a pouco, foi lançando modelos mais convencionais (e baratos), com motores encomendados à austro-canadense Rotax. O objetivo? Desafiar as japonesas, comendo pelas beiradas o apetitoso mercado que as marcas orientais dominam amplamente. Conseguiu.

    A Hornet concorre em valor (ambas têm preço praticamente igual) e em proposta com a alemã recém-nacionalizada. A montagem em Manaus reduziu o preço da F 800 R de cerca de 52000 reais para 36900, quase idêntico ao da CB 600F com ABS (na versão testada): 36680 reais. O duelo das duas street descarenadas tem outro fator que não é técnico e sim mercadológico a favor da BMW: o seguro e o risco de roubo, mais altos para o dono da Hornet, uma das motos mais visadas do mercado.

    IGUALMENTE SEM HARMONIA As duas naked top dessa faixa média/alta de mercado permitem comparações curiosas. Ambas têm, por exemplo, o mesmo peso a seco, exatamente 177 kg. O consumo médio também é equiparável, apesar das diferenças mecânicas: em torno dos 22 km/l para ambas. A partir daí, não há mais harmonia. A autonomia da Hornet, com seu tanque de 19 litros, beira os 418 km, e a da BMW, com 16 litros, chega a 352 km.

    Os motores são bem diferentes. O da Honda, embora seja cerca de 25% menor, é mais complexo que o da rival e tem melhor desempenho. Apesar de usarem a mesma taxa de compressão (12:1), a potência específica do tetracilíndrico da Honda é superior, desenvolvendo 179,2 cv por litro, contra uma potência por litro de 109 cv do dois-emlinha da BMW. A potência específica é uma projeção que serve para mostrar o rendimento de um motor independentemente de sua cilindrada. Na vida real, o 600 cc da Honda tem 103 cv a 12000 rpm, enquanto o 800 cc da BMW oferece 87 cv a 8000 rpm.

    Considerando o peso a seco de ambas, a relação peso/potência também é vantajosa para a Hornet, em uma proporção de quase 15%, apesar da menor cilindrada. No motor japonês, cada cavalo-vapor está encarregado de empurrar 1,73 kg de metal, borracha e plástico. Na moto alemã, a tarefa de cada um de seus “cavalos” é mais árdua: ele deve tocar 2,03 kg mundo afora. São 300 g/cv de diferença, o que, como veremos, é significativo.

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    Eles se refletem, por exemplo, nas acelerações e na velocidade máxima: a Hornet vai de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos, contra 4 segundos da rival. O excelente torque do bicilíndro mais parrudo quase equipara as coisas nessa prova, mas não é suficiente para ajudar a alemã na continuação: a japonesa chega aos 200 km/h em 13,3 segundos, enquanto a BMW leva 21,2 segundos para fazer o mesmo. Aí a diferença é evidente. A velocidade máxima obtida na reta de cerca de 1500 metros da pista de testes (média de duas passagens, no mínimo) assegura a vantagem da Honda. Ela atinge 213,9 km/h, contra 205,3 km/h da F 800 R.

    O motor de dois cilindros em linha tem mais torque (8,7 mkgf a 6000 rpm) que o quatro-em-linha japonês (6,53 a 10500). A maior cilindrada explica parte da diferença, mas também contam a concepção e o objetivo. A Honda quer ser mais jovial e esportiva com seu 600 cc. A BMW queria dirigibilidade urbana, e ganhou todas as provas de retomada. Torque é a força que você sente em uma pilotagem casual. Potência é privilégio dos que escalam o conta-giros até as faixas altas, próximas à “red zone”.

    Assim, a dirigibilidade de ambas é francamente diferente. A BMW é mais calma e pacata, com menos esportividade e um ronco mais grave como música de fundo. Vibra mais, bem mais que a Hornet. Também é mais alta e magra. É tão boa de curvas quanto a japonesa, mas os freios da Honda são mais delicados na entrada em ação do ABS. O aviso de que o sistema começou a agir é mais agressivo na F 800 R, e chega a assustar os mais incautos. A ideia é exatamente essa: conter os ímpetos do apressadinho. Mas, convenhamos, sempre é possível fazê-lo com mais delicadeza.

    A Hornet é velha conhecida. Bem baixinha e compacta, é boa de curvas e está sempre “na mão”, com o motor cheio. O som de um quatro-cilindros de moto é incomparável. Para mim, nenhum outro som de motor é tão instigante e belo: nem o batidão de um só cilindro, nem o ritmo compassado e grave de um V2. O giro alucinado de um quatro-emlinha veloz só é suplantado por um V8, V10 ou V12 automobilístico europeu de alta rotação. Ouça uma Ferrari ou Lamborghini e depois conversamos.

    Em maneabilidade, as motos se equivalem, novamente com ligeira vantagem para a suspensão invertida frontal da Honda, melhor de curvas, já que os pneus têm idênticas medidas.

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    Agora que já vimos por que a Hornet ganhou o comparativo, deixo claro: se você é calmo ao pilotar, quer uma moto para passear sem pretensões esportivas – talvez para fazer um papel bacana diante da turma -, a BMW F 800 R é a opção. Agora, se você pilota porque é viciado em adrenalina, fique com a Hornet. Se é, como eu, um pacato cavalheiro de meia-idade, talvez prefira a BMW… Eu ainda fico com a CB 600F!

    HONDA CB 600F HORNET TOCADA Sempre na mão, muita esportividade, redondinha. Leve, ligeira e adaptada ao tráfego urbano.

    ★★★★

    DIA A DIA Perfeita sob muitos aspectos, exceto um: seu próprio sucesso a condena a ser isca de gatunos… Ah, vida ingrata!

    ★★★★

    ESTILO O jeitão é totalmente Jaspion: está bem manjado e começa a perder identidade. Lá fora, já foi reciclado.

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    ★★★

    MOTOR E TRANSMISSÃO Derivado da CBR, uma peça de precisão. O câmbio é dos melhores que há.

    ★★★★

    SEGURANÇA Freios ABS, bons pneus, boas suspensões. A insegurança só vem dos outros.

    ★★★★

    MERCADO Fácil de revender, tem elevada liquidez e baixa desvalorização. Só o seguro é que pega.

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    ★★★★

    BMW F 800 R TOCADA Mais alta, mais magrela, mais senhorial. Espetacular na cidade, vibra um pouco demais em longas viagens.

    ★★★★

    DIA A DIA Excelente para uso diário, leve, esbelta e atraente, além de evidenciar o status de seu proprietário.

    ★★★★

    ESTILO Ao contrário da rival, é cheio de personalidade e identidade: marca presença e delimita território.

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    ★★★★

    MOTOR E TRANSMISSÃO Motor twin com predileção pelo torque em baixas e médias, ideal para condução casual na cidade. Câmbio justo e preciso.

    ★★★★

    SEGURANÇA Muito segura, ainda mais com o ABS. É boa de curvas e inspira enorme solidez.

    ★★★★

    MERCADO A marca é um ícone de sofisticação tecnológica e garante o valor de revenda de seus produtos.

    ★★★★

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