Ford EcoSport X Chevrolet Tracker
Eles se encontram em uma partida anunciada há anos. Quem está melhor preparado para o jogo?
Amigo leitor, amiga leitora, esta reportagem é histórica. Eu não sei quanto tempo você esperou para assistir a esse confronto, mas eu aguardei dez anos. Foi esse o tempo que a GM levou para treinar um SUV compacto em seus campos de prova e colocá-lo diante do EcoSport.
O problema é que nesse Corinthians x Palmeiras do setor automotivo ainda faltam jogadores no time da Chevrolet. A equipe da Ford está mais completa. Da categoria de base, com motor 1.6 e câmbio manual, ao atleta mais caro da equipe, o Titanium Plus 2.0 Powershift, os preços vão de 55 690 a 77 690 reais. O Tracker só está disponível com motor 1.8 (o mesmo do Cruze) e em versão única, LTZ. Oferecido nos pacotes chamados de LTZ 1 e LTZ 2, os valores vão de 71 990 reais a 75 490 reais.
Como você já comprou o ingresso, vou revelar outro porém. Apenas os 30 minutos do primeiro tempo serão disputados. O restante do confronto irá acontecer no ano que vem, quando a versão LT do Tracker chega ao mercado. Menos equipada, é ela que deve causar forte ameaça à Ford. Por enquanto, a GM vai ficar na retranca com a LTZ.
A dividida na faixa dos 75 000 reais envolve o EcoSport Titanium 2.0 Powershift e o Tracker LTZ. Para a Ford, a versão responde por cerca de 10% das vendas do modelo. Na empresa de Dearborn, o Freestyle 1.6 é o astro do time. Por causa dessa diferença de posicionamento, o ponto de encontro dos rivais permanecerá restrito ao bolso de poucos.
Já se acomodou na arquibancada? Então leia outro senão. Além de vir com menos jogadores, a GM está com o uniforme incompleto. O Eco tem ar-condicionado digital, faróis automáticos, sensor de chuva, sistema de partida sem chave, encosto de cabeça central no banco traseiro, som com toca-CD, estepe com rodas de liga e assistente de rampa. O estreante não tem nada disso.
Ambas as marcas dão canelada quanto o assunto é pneu. A Ford optou por manter o estepe pendurado do lado de fora na segunda geração do Eco, enquanto a GM adotou rodas de 18 polegadas – um exagero. São duas escolhas que seduzem o olhar na hora da compra, mas quebram o encanto quando se chega em casa. A roda sobressalente do Ford fica vulnerável a roubos e prejudica o custo de reparo em caso de colisão. Torça para que não seja necessária uma substituição prematura dos pneumáticos do Tracker. Cada um custa algo entre 500 e 600 reais. No entanto, a vantagem dinâmica das rodas grandes se manifesta positivamente na dirigibilidade. O Tracker é melhor de curva e consegue agradar ao motorista que gosta de uma direção entusiasmada.
O EcoSport ficou na frente nos testes de retomada, mas a calibração de suspensão e direção do Tracker dá a sensação de que o GM é mais ágil no trânsito. Vale uma ressalva: merecia ter direção elétrica, como o Eco, pois falta maciez nas manobras.
Há um empate em acabamento. No Tracker, o encaixe as peças é preciso, mas a percepção de qualidade dos plásticos utilizados nos dois deixa a desejar. Não por acaso, a portinhola de acesso ao bocal do tanque do Eco estava solta, por causa do braço frágil. O mesmo problema já se manifestou três vezes no EcoSport de Longa Duração – as autorizadas consertam, mas a tampa torna a desencaixar.
Feito sobre a plataforma GSV, mesma arquitetura que dá origem a Cobalt, Spin, Sonic e Onix, o pequeno SUV tem elementos comuns. As saídas de ar com estilo de turbina são do Sonic e o quadro de relógios com velocímetro digital é comum a todos.
No porta-malas os números mostram-se incoerentes, possivelmente por causa do método de medição utilizado. A Ford divulga que o bagageiro do Eco tem 362 litros, enquanto o do Tracker é de 306, segundo a GM. Lado a lado, no entanto, é nítido que a área do Chevrolet supera o rival com folga.
Enquanto o Tracker LT não vem, o placar aponta vitória fácil da Ford. Quer meu palpite? O técnico da GM deveria escalar o motor 1.6 na volta do intervalo. É ele o artilheiro com mais chances de chegar ao gol. Ou melhor, ao EcoSport.
ECOSPORT DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A assistência elétrica na direção faz a diferença. No entanto, o pneu de uso misto atrapalha o Eco frente ao Tracker.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
A transmissão de dupla embreagem e seis velocidades é uma evolução que merece destaque, mas é lenta nas respostas ao acelerador.
★★★★
CARROCERIA
Beleza não é problema, só que poderia vir acompanhada de mais esmero no acabamento.
★★★★
VIDA A BORDO
O interior poderia ser mais bem-acabado, mas oferece mais equipamentos, como CD player, faróis com acendimento automático e portaluvas refrigerado.
★★★★☆
SEGURANÇA
Tem seis airbags e controle de tração e estabilidade.
★★★★
SEU BOLSO
Por ser mais bem-equipado que o GM, entrega mais cobrando o mesmo.
★★★☆
TRACKER DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
O destaque é o acerto de suspensão, que poderia ser até mais macio com uso de roda menor. Melhor que o rival em estabilidade, dá a sensação de ser mais ágil que o EcoSport.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
A dupla formada pelo motor Ecotec 1.8 e pela transmissão automática GF6 de segunda geração bate um bolão.
★★★★
CARROCERIA
Tem visual robusto e vocação urbana, sem estepe exposto, o que é ideal nas cidades.
★★★★
VIDA A BORDO
Tem nada menos que 25 porta-objetos. Só no console são quatro porta-copos. O MyLink é a cereja do bolo e vem com uma câmera de ré que ajuda a estacionar.
★★★★
SEGURANÇA
Na versão LTZ 1 vem com airbags duplos. Não tem controle de tração e estabilidade, item oferecido de série em outros mercados.
★★★☆
SEU BOLSO
Custa caro e oferece menos que o principal rival, embora esteja bem equipado para a categoria.
★★★
VEREDICTO
O EcoSport está mais bem-equipado e tem itens de segurança obrigatórios na faixa de 75 000 reais. Neste quesito o GM deixa a desejar. Espere o Tracker LT chegar antes de fechar negócio. Entre os automáticos, o Eco SE 2.0 é o ideal. Para o Tracker LTZ ficar irresistível, deveria custar pelo menos 10000 reais a menos.
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