Dirigimos o Grande Panda, hatch com aura de Uno que renovará a Fiat no Brasil
O Grande Panda estreia, na Itália, em versões híbrida e elétrica, e chega ao Brasil ano que vem, com opções a combustão para substituir Mobi e Argo

O Fiat Panda sempre foi sinônimo de carro urbano italiano. Mas agora as coisas mudaram radicalmente. O caçula de Turim cresceu e virou o Grande Panda, um misto de hatch e crossover de 3,99 metros que chega ao mercado europeu em versões híbrida e 100% elétrica, e desde o ano passado já roda em testes no Brasil, onde estreia sua carreira internacional, em 2026.
O novo modelo não substitui o Fiat Panda, que segue em linha (com propulsão híbrida), na Itália, na versão de sua terceira geração, apresentada em 2012. Tal como aconteceu com Fiat Cinquecento, ao lançar o Grande Panda, a Stellantis criou uma espécie de submarca que vai identificar uma nova família de carros. Outros estão previstos, como dois SUVs e uma picape cabine dupla (esta para o Brasil, pelo menos).

Para a América do Sul, ainda não há definição de como as coisas vão funcionar, uma vez que, no Brasil, o modelo deve tomar o lugar dos compactos Fiat Mobi e Fiat Argo, de uma tacada só. E nem mesmo o nome Grande Panda está garantido.
Colocados lado a lado, fica impossível negar o parentesco entre os dois Panda. O Fiat Grande Panda remete esteticamente ao carro original, aquele desenhado por Giorgetto Giugiaro, em 1980. As formas são quadradas, as linhas claras e as superfícies bem esculpidas. Na visualização de perfil, sim, surge a dianteira alta e o corte da janela traseira, que se conecta a uma coluna perfeitamente vertical. Não faltam, porém, elementos próprios e inéditos que transmitem uma sensação de modernidade e atenção aos detalhes.

A máscara frontal, por exemplo, possui uma intrincada assinatura de led e, na versão elétrica avaliada, há uma tampa que esconde a tomada de recarga. E é justamente nessa tampa que está o nome Fiat, em letras garrafais. Inscrição que também aparece no volante. Nas laterais, há o nome Panda, em relevo. E, na traseira, surgem as duas marcas Fiat (ainda maior) e Panda (menor que nas laterais), também em relevo.


Oferecido em cores alegres por fora, o Grande Panda também segue esse estilo por dentro, em um ambiente jovial. O painel apresenta inserções fluorescentes e revestimento de tecido confeccionado com bambu, com aparência de madeira.
No painel frontal generoso, com visual que remete aos primeiros Panda e traz um easter-egg na lateral, há dois monitores: o que fica atrás do volante, com diagonal de 10”, é dedicado aos instrumentos; e o outro, de 10,3” com tecnologia touch, abriga a central multimídia. A escolha de deixar botões físicos para gerenciamento do ar-condicionado foi bem acertada.


O design do carro que será fabricado no Brasil, em Betim (MG), não será exatamente igual. A tendência é que a versão brasileira tenha outros destaques (para substituir o custoso painel de led frontal, por exemplo) até mesmo porque chegará pelo menos um ano mais tarde (a previsão é início de 2026) e existe a necessária adequação ao gosto local (principalmente em relação ao interior colorido).
As formas quadradas, porém, seriam um convite para a Fiat reviver o nome Uno. O carro que deixou saudades, na segunda geração que foi desenvolvida no Brasil, lançada em 2010, trouxe muitos elementos do Panda italiano, apresentado dois anos depois.

No que diz respeito ao espaço interno, o Grande Panda está em linha com a média do segmento. Motorista e passageiro se acomodam tranquilamente na dianteira, enquanto na traseira vale a regra dois é bom, três é demais. O porta-malas tem um bom volume de 361 litros, pena que a abertura traseira elevada dificulte o acesso.

Nova plataforma
O Grande Panda é o primeiro carro da Stellantis feito sobre a plataforma STLA Smart Car, um novo nome dado à plataforma CMP que, no Brasil, já é usada pelos modelos da Citroën e da Peugeot.
É por isso que o novo hatch da Fiat tem proporções parecidas com o C3 brasileiro. O comprimento é praticamente o mesmo: 3,99 m para o Grande Panda e 3,98 m para o C3. Já na altura, ele é 1 cm menor, medindo 1,57 m. Enquanto o entre-eixos tem os mesmos 2,54 m. A diferença maior fica na largura, com o Fiat medindo 1,76 m de largura (sem espelhos), 3 cm a mais que o Citroën.



Na Itália, o Grande Panda é oferecido com motorização híbrida leve e elétrica pura. A primeira utiliza motor 1.2 combinado com módulo de 48 volts e entrega potência de 100 cv e 10,5 kgfm, tendo um motor elétrico de 29 cv instalado no câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas. Esse sistema é mais robusto do que o apresentado no Brasil, nos modelos Fiat Pulse e Fiat Fastback Hybrid, que têm arquitetura elétrica de 12 V, e provalmente estará no Grande Panda mineiro.
O segundo adota uma unidade síncrona de ímã permanente com 113 cv e 12,4 kgfm. É alimentado por uma bateria de fosfato de ferro-lítio (LFP) com capacidade de 44 kWh, que promete 320 km de autonomia.

O Grande Panda pode ser recarregado tanto em corrente alternada, até 7,4 kW de potência, como corrente contínua, até 100 kW de potência. Anexado a uma coluna rápida, pode assim passar de 20 a 80% em 26 minutos, segundo a Fiat.
No Brasil, além do híbrido leve, haverá as versões com motor a combustão (1.0 e 1.3 da família Firefly e GSE turbo). O 100% elétrico ainda seria um plano para o futuro.

Como anda o Grande Panda?
Durante o evento de apresentação, em Turim, a Fiat deu a oportunidade de testar apenas a versão elétrica. A primeira coisa que o motorista aprecia ao volante é a oferta do torque totalmente disponível e uma resposta imediata à pressão do acelerador, que também é acentuada pela ausência do câmbio escalonando as entregas. Na cidade, o carro se torna animado e muito fluido.
Segundo a Fiat, o Grande Panda elétrico acelera de 0 a 100 km/h em 11 segundos e atinge 132 km/h de velocidade máxima. Há também um bom sistema de freio, que passa confiança e aciona o modo regenerativo assim que o pedal do acelerador é aliviado.

A posição de dirigir elevada e as formas regulares da carroceria, combinadas com a ampla área envidraçada, permitem ter boa apreciação do exterior, percebendo-se com precisão as dimensões reais do carro.
Graças a suspensões bem calibradas e direção leve, o Grande Panda apresenta um comportamento confortável, mas também muito reativo e comunicativo.
O Grande Panda é oferecido na Europa em três níveis de acabamento (Pop, Icon e RED), sendo as duas primeiras disponíveis com a motorização híbrida, e a terceira com a elétrica. A Pop custa 18.900 euros (R$ 113.069) e a Icon, 20.400 euros (R$ 122.043), enquanto a RED sai por 24.900 euros (R$ 148.964). No lançamento, na Itália, há uma edição especial, La Prima, com rodas exclusivas e equipamentos como rack no teto e conectividade Apple CarPlay e Android Auto sem fio a bordo. Essa é vendida por 22.900 euros (R$ 136.999), na configuração híbrida, e 27.900 euros (R$ 166.911), na 100% elétrica, igual à que aparece nas fotos. As primeiras entregas do Grande Panda, na Itália, estão programadas para o início de março.
Veredicto Quatro Rodas
A Fiat surpreende com um projeto criativo que atualiza um design consagrado e associado à marca. Deve agradar, na Itália e no Brasil.
Ficha Técnica
Preço: 27.900 euros (R$ 166.911), versão La Prima
Motor: elétrico, 113 cv e 12,4 kgfm
Bateria: fosfato de ferro-lítio, 44 kWh
Câmbio: automático, 1 m, dianteiro
Direção: elétrica; diam. de giro, 10,9 m
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 185/55 R15
Dimensões: comprimento, 399 cm; largura, 176 cm; altura, 157 cm; entre-eixos, 254 cm; peso, 1.532 kg; porta-malas, 361 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 11 s; veloc. máx., 132 km/h; autonomia, 320 km
*Dados de fábrica