Octógono das “meio-médias ligeiras” está se fechando. O ringue está lotado com os novos lançamentos de 250 street. A campeã, aparentemente imbatível em casa, é a Honda CB 300R, que tem surrado consistentemente a Fazer 250, mesmo após o rejuvenescimento que a Yamaha sofreu em 2011, e a Kasinski Comet GT250. Agora é a vez de a recém-chegada taiwanesa Dafra Next 250, da Sym, mostrar seus músculos.
Se a primeira impressão é a que conta, a CB parte para cima. Todas as motocicletas agradam bastante, com visual moderno e de linhas agressivas. As três têm faróis em formato de escudo, recém-adotado em algumas delas. Adivinhe quem abandonou primeiro o farol redondo, hoje relegado a versões custom ou saudosistas? A Honda é a única também a integrar o conjunto óptico ao painel, em um só bloco.
Reestilizada em 2012, com a adoção do farol trapezoidal e o afilamento da rabeta, a Comet é a única que não recebeu nenhum aparato aerodinâmico, como defletor de ar ou spoiler. Nas demais, vincos e aletas de direcionamento do vento para a refrigeração do motor são bem definidos. Na CB, as asas sob o tanque são mais discretas, camufladas na cor preta. Yamaha e Dafra trazem peças pontiagudas, agressivas e visualmente destacadas, da mesma cor da moto. A Dafra Next é a única a ter um spoiler sob o motor, que valoriza o visual esportivo.
Na Next e Comet, os bancos são bipartidos. A Fazer e a CB têm banco inteiriço em dois níveis, ressaltando a ergonomia, virtude das combativas japonesas. A posição de pilotagem, o conforto e a maciez do banco da Fazer e CB permitem rodar por mais tempo sem sacrifício nem incômodos exagerados, devido à boa densidade da espuma. Next e Comet também têm boa ergonomia, mas a espuma do banco, mais macia e menos espessa, não ajuda em tiros mais prolongados.
A Comet GT 250 propõe posição mais esportiva. Perde em conforto com isso, com banco mais baixo, pedaleiras recuadas e guidão mais largo. O tronco do motociclista fica à frente, sobre o tanque. Quem é mais baixinho fica quase deitado sobre o depósito, posição que exige que o piloto se ajeite constantemente, como numa cadeira de cinema durante um filme ruim.
Rodas de liga e freio dianteiro a disco são comuns a todas, mas só a Kasinski tem dois discos na frente. A Honda é a única a oferecer o sistema de freios antibloqueio nessa classe.
Três dos motores deste teste são monocilíndricos e apenas a Comet GT 250 monta um bicilíndrico em V. Mas, apesar de monocilíndricos, os três motores têm arquitetura bem diferente. O cabeçote da Honda CB 300R tem quatro válvulas e dois eixos-comandos de válvulas. A Dafra Next também tem o cabeçote multiválvulas, mas um único eixo de acionamento para as quatro. A Yamaha, privilegiando o torque em baixa, tem apenas duas válvulas e um só eixo-comando. A Comet tem quatro válvulas por cilindro e duplo comando.
Acelerá-los um após o outro é quase como fazer uma degustação de diferentes motores pequenos. O nível de vibração do motor é menor nas motos japonesas, mas as diferenças dinâmicas vão bem mais longe.
A CB 300 transmite mais força nas acelerações, o torque é mais intenso e começa logo nos giros iniciais. Ela fez a melhor marca na prova de aceleração de 0 a 100 km/h, registrando 9,6 segundos. A segunda mais rápida nessa medição foi a Comet, que chegou em 10,4 segundos. Dafra e Fazer fizeram a prova em 12,1 e 12,4 segundos, respectivamente. Apesar de a potência e o torque declarados por Honda e Dafra para suas “médio-ligeiras” serem muito próximos (26,5 cv a 7 500 rpm da primeira contra 25 cv a 7500 rpm da segunda), todas as medições de retomada foram melhores para a CB 300. A Fazer, com 21 cv a 8 000 rpm, superou a Next nas retomadas e só perdeu para a Comet no tempo levado para passar de 80 km/h, estabilizados, a 100 km/h.
Nas quatro motos as suspensões transmitem segurança. A mais precisa é a da Yamaha, que sacode menos, principalmente nas curvas de alta. Em seguida vem a Honda, capaz de copiar bem as irregularidades do asfalto, porém mais inquieta nas curvas de alta. A Next transmite parte das vibrações para o corpo, e também chacoalha em alta velocidade. A Kasinski é a que tem as suspensões mais macias e por isso mesmo a que mais balança ao contornar curvas de alta velocidade.
Quanto aos freios, todas têm conjuntos bem dimensionados. Na Next, a tubulação revestida de malha de aço é um bom recurso contra frenagens “borrachudas” e é menos suscetível ao fading. A perda de desempenho causada por aquecimento, também chamada de fadiga, foi justamente o problema que apresentaram Fazer e Comet, esta apesar de seus dois grandes discos frontais.
Com preço sugerido de 10 190 reais, a Next é a mais barata, seguida pela Comet, a 10 990 reais. Na outra ponta está a CB, a mais cara, por 11690 reais na versão básica e 13390 com C-ABS, como na versão testada. Completa a lista a Fazer, com preço de 11 279 reais. Infelizmente para o nosso bolso, aqui a hierarquia ditada pelo preço não é desmentida: a mais cara é mesmo a melhor. É também, de longe, a mais vendida. Ô, vida…
4 ° KASINSKI COMET GT 250
TOCADA
A posição não é das mais confortáveis. A moto é parruda, mas tem boa maneabilidade.
★★★
DIA A DIA
Pode ser um pouco cansativa. O corpo do condutor fica jogado à frente, sobre o tanque, e as pedaleiras são bem recuadas.
★★★
ESTILO
Imponente, é a que parece maior entre todas. Também é bonita e agressiva. O novo conjunto óptico valorizou o visual.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O motor demora para subir de giros, mas, conforme vai ganhando rotação, fica mais vigoroso. O câmbio tem engates bastante precisos.
★★★★
SEGURANÇA
Tem boa estabilidade, mas a torção do chassi faz-se notar nas curvas em alta velocidade. Os dois grandes discos de freio frontais garantem boas frenagens.
★★★
MERCADO
A Kasinski vem trabalhando intensamente modelos e revendas, mas ainda perde bastante valor na segunda venda.
★★★
3 ° DAFRA NEXT 250 TOCADA
Seu porte é avantajado, mas é agil e fácil de direcionar. Vai bem entre os carros.
★★★★
DIA A DIA
O banco macio demais pode tornar o uso diário cansativo, principalmente depois de muitas horas.
★★★
ESTILO
Vistoso e sem parafusos à vista. A combinação de cores valoriza o pacote visual.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O motor tem boas respostas e está bem próximo dos demais monocilíndricos, mas o câmbio é impreciso e vez por outra aparecem neutros fantasmas: seriam “pontos mortos”?
★★★
SEGURANÇA
Boa de suspensão, é firme. Os freios têm tubos com malha de aço e os pneus ajudam na aderência em todas as condições.
★★★★
MERCADO
Nova, ainda não construiu reputação. O primo scooter Sym Citycom é um baita sucesso.
★★★
2 ° YAMAHA FAZER 250 TOCADA
Com excelente estabilidade, a rigidez da suspensão a faz ótima para contornar qualquer tipo de curva.
★★★★
DIA A DIA
Ótima para uso diário: ir e vir ficam divertidos, além de ser econômica.
★★★★
ESTILO
Ficou atual e moderna depois de seu face-lift. As linhas chamam atenção pela sobriedade.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O comando simples no cabeçote a deixa um pouco mais lenta que a Honda nas respostas ao acelerador. O barulhinho persiste, mas é inofensivo, ainda que chato. O câmbio é preciso.
★★★
SEGURANÇA
Boa de estabilidade e firme nas curvas, seus freios respondem à altura. Faltou a opção do ABS.
★★★★
MERCADO
Neste quesito, é a segunda mais barata e conta com uma boa rede de concessionárias. Também perde pouco na revenda.
★★★
1 ° HONDA CB 300R TOCADA
Tem boa ergonomia, é confortável e permite acomodação de qualquer biotipo. Em alta velocidade, oscila nas curvas.
★★★★
DIA A DIA
Agilidade não lhe falta: o maior inconveniente é o interesse dos gatunos pelo modelo.
★★★★
ESTILO
Foi a precursora dos faróis em formato de escudo. Suas linhas ainda são atraentes e lembram as irmãs Hornet e CB 1000R.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O melhor motor da categoria, tem bom torque desde baixas rotações e é elástico. Seu câmbio é muito preciso.
★★★★
SEGURANÇA
Com C-ABS, não tem para ninguém.
★★★★
MERCADO
Líder absoluta, tem ótimo valor de revenda e a maior rede de concessionárias.
★★★★