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Comparativo: EcoSport enfrenta Kicks, Captur e Creta

Kicks, Captur e Creta recebem o renovado EcoSport 2018 e promovem um pega pra capar entre os SUVs automáticos abaixo dos R$ 90.000. Com qual você fica?

Por Péricles Malheiros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 dez 2017, 16h01 - Publicado em 29 ago 2017, 17h54
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  • Kicks x Captur x EcoSport x Creta
    Nissan Kicks, Renault Captur, Ford EcoSport e Hyundai Creta (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Pai dos SUVs compactos, o EcoSport fez escola. Desde 2003, quando a primeira geração estreou, todas as marcas rivais copiaram a receita.

    Assim, com o passar dos anos, SUVs montados sobre plataformas de hatches pipocaram por todos os lados. O sucesso foi tão grande que a moda se espalhou por todo o planeta, levando a um efeito migratório de clientes de hatches médios, minivans e SUVs.

    Com a segunda geração, de 2013, o Eco ficou muito mais bonito. Aliás, bonito a ponto de manter as mesmas linhas básicas na reestilização que acaba de ganhar, com a chegada da linha 2018.

    A Ford aproveitou também para sanear o acabamento e a oferta de equipamentos, dois dos pontos mais criticados pelos antigos proprietários.

    No cofre, instalou um novo motor, 1.5 de três cilindros, prometendo maior eficiência do que a do 1.6 quatro cilindros que se aposenta. Com tantas novidades, não podíamos deixar de receber o Eco sem um belo comparativo com os principais SUVs compactos automáticos do mercado.

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    Kicks, Creta e Captur, de portas abertas, recebem o precursor do segmento, todos abaixo dos R$ 90.000. Chevrolet Tracker LT e Honda HR-V LX ficaram de fora por conta da desprezível participação no mix de vendas, bem abaixo de 10%. Na prática, são meras versões-fantasma para atrair gente para as lojas.

    4° EcoSport Freestyle 1.5 – R$ 89.990

    O EcoSport é o mais agradável de dirigir, mas é o menor em espaço e porta-malas
    O EcoSport é o mais agradável de dirigir, mas é o menor em espaço e porta-malas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Não há o que questionar: ninguém bate o EcoSport 2018 em conteúdo. A versão FreeStyle, aqui considerada, tem sete airbags, central multimídia, ar-condicionado digital, indicador de pressão de pneus e DRL (led de uso diurno), apenas para citar os mais importantes ou exclusivos.

    Mas, nesse mundo criado pelo próprio EcoSport, nem tudo é conteúdo – e, com o passar do tempo, logo ele parece não ter notado isso.

    Pequena, a carroceria do Eco tem 410 cm de comprimento, ou seja, é 23 cm menor que a do Renault Captur – uma diferença bem maior do que os 17 cm que separam, por exemplo, as carrocerias de cinco e sete lugares do Citroën C4 Picasso.

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    Ainda que se defenda (com certa dificuldade) em espaço na cabine, o Eco continuará tendo no porta-malas o epicentro de suas críticas. Para começar, o estepe na tampa (com abertura lateral) obriga o motorista a achar uma vaga grande, caso precise guardar bagagem.

    Porta-malas é muito pequeno: apenas 356 litros
    Porta-malas é muito pequeno: apenas 356 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Depois, o formato (muito curto) dificulta a acomodação de objetos mais avantajados. Por fim, o volume de 356 litros (75 menos que o do Creta, o segundo menor do comparativo) limita demais o uso familiar.

    Ao fazer a segunda geração do Eco, a Ford não anteviu as necessidades dos clientes vindos de carros maiores. Hoje, o que se vê é um Eco excelente de dirigir, bem acabado e com bons itens de tecnologia e segurança, mas que tropeça em um ponto supervalorizado por quem compra um SUV: espaço.

    Interior refinado, com materiais e montagem de qualidade e painel sóbrio
    Interior refinado, com materiais e montagem de qualidade (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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    A linha 2018 trouxe ainda o novo motor 1.5 (três cilindros), que aposenta o 1.6 (quatro cilindros) no Eco. Pena que a evolução não se traduziu em números.

    Enquanto o 1.6 com câmbio PowerShift (dupla embreagem) ia de 0 a 100 km/h em 12,6 s e consumia 11,1 km/l de gasolina na cidade e 14,2 na estrada, o Eco 2018 com caixa automática 6F15 (de conversor de torque) cravou 12,6 s, 10,6 km/l e 14,6 km/l. 

    O layout do painel é agradável e sóbrio
    O layout do painel é agradável e sóbrio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    De todos aqui, o Eco é o mais agradável de dirigir, obediente e com pronta resposta a acelerador e volante, mas é o menor em espaço e porta-malas e o único com design que não parece realmente novo. Além de ser o modelo mais caro do comparativo.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ficha técnica

    3° Captur Zen 1.6 – R$ 86.450

    O Captur teve o pior desempenho nas provas de aceleração e consumo
    O Captur teve o pior desempenho nas provas de aceleração e consumo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Para o bem e para o mal, o Captur parece ser o oposto do EcoSport. Na verdade, um Duster com traje de gala, ele está anos-luz atrás do Ford no que se refere à qualidade percebida na cabine: só de olhar um e outro, perceberá – pelo brilho excessivo e rebarbas de alguns plásticos – que o Renault é inferior nesse quesito.

    Volante sem ajuste de profundidade e teclas sem iluminação reforçam ainda mais tal impressão. Mas, há muito mais o que se observar para ranquear um comparativo tão acirrado.

    A cabine deixa a desejar com plásticos com brilho excessivo e rebarbas em alguns
    A cabine deixa a desejar com plásticos com brilho excessivo e rebarbas em alguns (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Se no acabamento o Eco leva ampla vantagem, por fora o Captur dá o troco. A carroceria com volumes sinuosos e dianteira elevada confere um aspecto robusto, de SUV de verdade.

    O longo entre-eixos (267,3 cm, o maior deste confronto) ganha ainda mais destaque por conta da suspensão elevada. Difícil imaginar um obstáculo capaz de raspar os para-choques ou o assoalho do Captur.

    Mas, de novo, foi a maior oferta de espaço para pessoas e bagagens que deixou o Captur (pouco, bem pouco) à frente do Eco, no cômputo final.

    Porta-malas com bons 437 litros
    Porta-malas com bons 437 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Ainda que o Captur tenha sido lançado em março deste ano, ele desperta muito mais curiosidade na rua do que o Eco 2018. Em equipamentos, a versão Captur Zen se defende bem – mas lembre-se, ninguém supera o EcoSport. Há airbags laterais, controles de estabilidade e tração e chave presencial.

    Mas a central multimídia (com câmera de ré) é vendida à parte, por R$ 2.500. Pechinche, pois uma pesquisa no início de julho mostrou que a rede Renault entregava o Captur já equipado com a central por quase o preço do básico, R$ 85.000.

    Ao volante, a posição de dirigir ultraelevada do Captur é outro ponto que comprova a sintonia fina da Renault com esse público – especialmente o feminino, admirador confesso de SUVs em boa parte pela vista panorâmica do trânsito propiciada a partir do banco do motorista.

    O painel de instrumentos tem boa leitura
    O painel de instrumentos tem boa leitura (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Na pista, o corpanzil e o powertrain menos moderno fez do Captur o pior SUV nas provas de aceleração (eternos 14,4 s) e consumo (altos 10,1 e 13,2 km/l) – veja ficha na página 59.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ficha técnica

    2° Creta Pulse 1.6 – R$ 86.740

    Airbags laterais não estão disponíveis nem como opcionais
    Airbags laterais não estão disponíveis nem como opcionais (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Enquanto EcoSport e Captur se engalfinhavam pela conquista da terceira posição, Creta e Kicks faziam o mesmo na disputa pelo topo.

    Mas, diferentemente do que rolou no andar inferior – onde os rivais mostravam armas absolutamente distintas -, aqui o que se viu foram dois carros gêmeos em quase tudo.

    Apenas R$ 250 separam o preço de tabela do Creta Pulse (R$ 86.740) do Kicks SV (R$ 86.990). Por fora, ambos são quase idênticos às suas respectivas versões mais caras (Prestige, no Creta e SL no Kicks).

    No pacote de equipamentos, novo empate técnico. Os dois têm sistemas eletrônicos de auxílio de direção, com controle de estabilidade e tração e de partida em rampa.

    Bem montado, o Creta tem volante multifuncional, mas fica devendo central multimídia
    Bem montado, o Creta tem volante multifuncional, mas fica devendo central multimídia (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    E acredite: esses dois são parecidos até nos deslizes: nenhum deles oferece airbags suplementares (laterais e do tipo cortina).

    As similaridades continuam. Tanto as dimensões externas como internas são bastante próximas. No porta-malas, por exemplo, o Creta (com 431 litros) leva o equivalente a uma caixinha de leite a menos que o Kicks (com 432). Até o estilo do para–choque traseiro desses dois é parecido.

    Painel tem boa leitura
    Painel tem boa leitura (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Mas chega de falar dos pontos de contato. Vamos às diferenças. O câmbio do Creta é baseado em uma caixa automática com conversor de torque e seis marchas com opção de troca por meio da alavanca.

    No Kicks, a Nissan coloca a caixa Xtronic, com relação continuamente variável, que se diferencia da CVT do Captur apenas pelo fato de não possibilitar a seleção manual das marchas.

    No uso, o Creta pede um tempo de adaptação à calibragem arisca do acelerador, embora o solavanco na saída seja bem menos incômodo do que o notado na versão com motor 2.0.

    São 431 litros de volume para bagagem
    São 431 litros de volume para bagagem (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Ainda que pequenas, as principais diferenças surgiram na pista, onde o Kicks se valeu do peso menor do que o do Creta (1.359 kg ante 1.132 kg) para entregar performance e consumo ligeiramente melhores, mesmo com um motor com menos torque e potência.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ficha técnica

    1° Kicks SV 1.6 – R$ 86.990

    O Kicks SV tem como opcional bancos e laterais de porta de couro e airbags laterais do tipo cortina
    O Kicks SV tem como opcional bancos e laterais de porta de couro e airbags laterais do tipo cortina (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Pela nossa análise, o Kicks está um fio de cabelo à frente do Creta, mas essa diferença é tão pequena que dá para recomendar: se ficou na dúvida entre ambos, pode deixar o lado emocional decidir, pois gosto pessoal ainda é um ponto importante para despertar aquela agradável sensação de ter feito o melhor negócio – ainda que você queira que ele seja o mais racional possível.

    Ligeiramente mais eficiente, ou seja, com uma boa relação entre performance, dinâmica e consumo, o Kicks, claro, não é perfeito. Para quem está constantemente na estrada, alguns pontos incomodam: faltam apoio de braço entre os bancos dianteiros e piloto automático.

    O tanque com capacidade para apenas 41 litros de combustível restringe demais a autonomia, obrigando a paradas mais constantes. Considerando os resultados dos nossos testes de consumo rodoviário com gasolina, o Kicks é o único com autonomia inferior a 600 km, mesmo tendo registrado bons 14,4 km/l na estrada.

    No pacote de equipamentos, o Kicks SV tem como destaque chave presencial para portas e partida do motor, sistema de auxílio de estacionamento com sensores e câmera traseira e sistema de navegação por GPS, itens mais atraentes no dia a dia do que o start-stop que o Creta tem e o Kicks não.

    Câmbio CVT do Kicks é o mesmo do Captur
    Câmbio CVT do Kicks é o mesmo do Captur (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Uma pena o painel digital ter ficado restrito à versão SL, top de linha, de R$ 95.990. Seria um belo diferencial até diante do completo EcoSport FreeStyle.

    O painel digital só está disponível na versão topo de linha SL
    O painel digital só está disponível na versão topo de linha SL (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O Kicks SV tem um único pacote opcional, o Pack Plus, que inclui revestimento dos bancos e laterais de porta de couro e airbags laterais e do tipo cortina. Se o orçamento permitir, invista os R$ 3.000 pedidos por ele. No Creta, os mesmos itens só são ofertados na versão top de linha, Prestige 2.0, de R$ 100.990.

    Porta-malas comporta 432 litros
    Porta-malas comporta 432 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Sem desgarrar da concorrência em nenhum dos itens analisados, o Kicks leva a melhor no comparativo justamente pela regularidade e equilíbrio, repetindo a vitória obtida ano passado, logo em sua estreia no mercado.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ficha técnica

    Veredicto

    A Ford errou ao manter o Eco pequeno na segunda geração. Enquanto isso, a concorrência notou que consumidores de outros segmentos (como sedãs) migrariam para os SUVs com suas necessidades. Ao Captur, cabe evoluir em acabamento e motor. Creta e Kicks, se cuidarem melhor dos itens desegurança, serão produtos ainda mais competentes.

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