C3, Mobi ou Kwid? Comparamos os carros mais baratos do Brasil com desconto
Com a chegada do Citroën C3, quem quer um carro popular ganha nova opção. Por menos de R$ 70.000, ele se junta a Fiat Mobi e Renault Kwid
A redução nos preços dos carros populares deu um novo fôlego aos carros mais baratos do Brasil. Além dos Renault Kwid e Fiat Mobi, que têm preço inicial de R$ 58.990, o Citroën C3 é uma nova opção entre os hatches de entrada.
Apesar de bem diferente dos subcompactos nas dimensões, o francês produzido em Porto Real (RJ) tem nos preços dois alvos bem definidos: as versões de entrada brigam com Kwid e Mobi, enquanto as intermediárias e topo de linha querem atingir hatches compactos como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e o próprio Peugeot 208.
Aqui, colocamos o C3 em sua faixa mais acessível contra seus concorrentes, em suas versões equivalentes em preços e já com os descontos patrocinados pelo governo federal e reforçados pelas fabricantes. O Citroën considerado é o Live, que parte de R$ 62.990, contra Mobi Trekking, topo de linha, de R$ 65.290, e Kwid Intense, intermediário, que sai por R$ 64.590.
Antes, algumas considerações: nas imagens, o C3 apresentado é o Feel, o mais caro com motor 1.0, já que a fabricante ainda não dispõe da versão mais barata para testes. No caso do Mobi, a Fiat não possui nenhuma unidade do modelo para testes. Por isso, buscamos de forma particular uma unidade 2023, mas encontramos apenas da versão básica, Like.
Mesmo com versões diferentes das consideradas, os números de testes são fiéis, já que não há diferenças físicas significativas entre as diversas versões.
A proposta dos três é satisfazer quem procura um carro, para a família ou empresa, com um custo relativamente baixo para comprar e manter e uma boa dose de espaço, segurança e tecnologia. Acompanhe como cada um se sai.
3°: Fiat Mobi – a partir de R$ 58.990
O subcompacto da Fiat já teve diversas versões e cores, motor de três cilindros e até opção de câmbio automatizado. Porém, isso ficou no passado. Sua oferta definhou nos últimos anos.
Além de uma gama de versões mais enxuta (Like e Trekking), o Fiat Mobi passou a ser o único equipado com um motor 1.0 de quatro cilindros – o antiquado 1.0 Fire de 8V, que entrega até 74/71 cv de potência e 9,7/9,3 kgfm de torque (etanol/gasolina).
Essa defasagem em relação ao mercado apareceu nos testes, feitos com gasolina, situação em que o Mobi acelerou de 0 a 100 km/h em longos 18,3 segundos, e obteve o pior rendimento entre os rivais. Suas médias de consumo ficaram em 12,2 km/l na cidade e 15 km/l na estrada.
Outro ponto negativo está na direção hidráulica, contra a elétrica dos demais. Isso resulta em um maior esforço do motorista em manobras e baixas velocidades.
Mesmo assim, o Mobi tem o maior custo de revisão do comparativo: R$ 5.080 até os 60.000 km, enquanto os rivais ficam na faixa dos R$ 3.800.
Em movimento, a falta de torque se mostra com a necessidade de se fazer constantes reduções de marcha, atitude dificultada pelo fato de o câmbio de cinco marchas ter engates imprecisos, com a alavanca solta demais.
Nem tudo é ruim, porém. Dinamicamente, o Fiat é melhor que os rivais. Ele passa uma boa sensação de estabilidade e robustez.
Por fora, a diferença do Mobi Like mostrado acima para o Trekking está em adesivos, barras no teto e calotas escurecidas. Já o interior apresentado nas imagens é do Trekking, com central multimídia de série (com Android Auto e Apple CarPlay), ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos e banco do motorista com regulagem de altura.
Mas volante com regulagem de altura, ESP, alarme e faróis de neblina estão disponíveis como opcionais. O acabamento é pior entre os rivais, em materiais e qualidade de montagem.
Em espaço interno, mais prós e contras: o Mobi tem mais espaço lateral do que o Kwid, mas perde no espaço para pernas no banco traseiro. O porta-malas de 200 litros é o menor.
O Mobi fica em último pela mecânica defasada, o pouco espaço e os custos de compra e manutenção.
Ficha Técnica – Fiat Mobi Trekking
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 8V, 999,1 cm³, 74/71 cv a 6.000 rpm, 9,7/9,3 kgfm a 3.250 rpm (etanol/gasolina)
- Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
- Direção: hidráulica, 9,96 m (diâmetro de giro)
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
- Pneus: 175/65 R14
- Peso: 961 kg
- Peso/potência: 13,1/13,6 kg/cv
- Peso/torque: 99,9/104,2 kg/kgfm
- Dimensões: comprimento, 359,6 cm; largura, 166,6 cm; altura, 155,2 cm; entre-eixos, 230,4 cm; porta-malas, 200 litros; tanque de combustível, 47 l
- Equipamentos de série: ar-condicionado, 2 airbags, monitoramento de pressão dos pneus, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, central multimídia, direção hidráulica, banco do motorista com regulagem de altura
2°: Renault Kwid – a partir de R$ 58.990
O Renault Kwid começa bem por ser o mais equipado, rápido e econômico dos três compactos.
Seu motor 1.0 de três cilindros com 71/68 cv é o menos potente, mas vai bem no torque (10/9,7 kgfm), e, sempre com câmbio manual de cinco marchas, empurra o carro mais leve: 820 kg ante 1.056 KG do C3, que é o mais pesado dos três.
Assim, o Kwid vai de 0 a 100 km/h em 15,9 segundos e consegue médias de consumo de 14,8 km/l na cidade e 17,9 km/l na estrada.
O Renault passa agilidade em centros urbanos, com boas retomadas, bons engates de câmbio e suspensão robusta para enfrentar buracos, valetas e lombadas.
Porém, a mesma suspensão eficiente na cidade provoca efeitos negativos em altas velocidades e transmite certa insegurança pela instabilidade: em curvas, a carroceria rola mais do que o prudente.
O hatch da Renault é o mais equipado dos três: traz luz diurna de led, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay (além de uma tela grande e de boa qualidade), vidros dianteiros elétricos, câmera de ré, assistente de partida em rampa, start-stop, ar-condicionado e, mais importante, quatro airbags – os demais têm apenas dois.
O acabamento é bom, com materiais e visual simples, e encaixes cuidadosos. Mas há pontos em que a qualidade percebida é falha. Os polêmicos três parafusos das rodas não afetarão sua segurança, mas estão entre as economias duvidosas, assim como os comandos dos vidros, posicionados no painel para reduzir custos com fiação elétrica até as portas.
A que mais atrapalha, porém, é a saída única do lavador do para-brisa, que esguicha água insuficiente para limpeza do vidro, assim como o limpador único. Mais do que limitar a área limpa, o limpador deixa a sujeira bem no campo de visão do olho esquerdo do motorista, e isso atrapalha.
No espaço interno, embora acomode melhor os ocupantes traseiros e tenha porta-malas maior (290 l) que o do Mobi, ele peca no espaço lateral. Uma pessoa de estatura média dirige com o ombro encostado na coluna central e o cotovelo no apoio de braço da porta.
O Kwid é uma opção interessante para uso urbano, principalmente. Mas a instabilidade na estrada e o aperto da cabine o atrapalharam neste comparativo. Fica em segundo.
Ficha Técnica
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 12V, 999 cm³, 71/68 cv a 5.500 rpm, 10/9,4 kgfm a 4.250 rpm (etanol/gasolina)
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 165/70 R14
Peso: 820 kg
Peso/potência: 11,5/12,1 kg/cv
Peso/torque: 82/87,2 kg/kgfm
Dimensões: comprimento, 368 cm; largura, 157,9 cm; altura, 147,9 cm; entre-eixos, 242,3 cm; porta-malas, 290 litros; tanque de combustível, 38 l
Equipamentos de série: ar-condicionado, 4 airbags, DRL de led, assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus, vidros elétricos dianteiros, retrovisores externos elétricos, central multimídia, sistema start-stop, câmera de ré
1°: Citroën C3 Live – a partir de R$ 62.990
Não se deixe enganar pelas fotos acima: como já explicado, a versão considerada, Live, não estava disponível para testes. As imagens são da topo de linha, Feel. O que muda? Nada de rodas de liga leve, barras no teto e, muito menos, a grande central multimídia.
No C3 Live, a lista de equipamentos de série inclui dois airbags, alerta de pressão dos pneus, vidros dianteiros elétricos, assistente de partida em rampa, ar-condicionado e luz diurna halógena, entre outros pormenores.
Não há auxílio de estacionamento, nem rádio. Por dentro, o acabamento é simples, com arremates duvidosos. Mesmo assim, é superior aos concorrentes, com maior variação de texturas, soluções práticas para celulares e cabos, e porta-objetos espaçosos e por todos os lados.
O quadro de instrumentos decepciona e se parece mais com um computador de bordo, não há nem conta-giros. Mostradores analógicos fariam mais sentido.
Mas vamos aos trunfos que deram a vitória do comparativo ao C3. Começando pela mecânica, o motor é o 1.0 Firefly da Fiat, que equipa Fiat Argo e Peugeot 208.
É um três-cilindros de 75/71 cv e 10/10,7 kgfm (etanol/gasolina), sempre com câmbio manual de cinco marchas. É um motor robusto, com torque interessante e que aparece cedo, porém ruidoso.
Os números obtidos nos testes, com gasolina, ficam atrás dos do Kwid. O C3 vai de 0 a 100 km/h em 16,4 segundos e consegue as boas médias de consumo de 14,1 km/l, no ciclo urbano, e 15,8 km/l, no rodoviário.
Sua dirigibilidade é elogiável, com bons engates no câmbio (os mesmos do 208, mais justos e firmes) e direção leve. A suspensão tem um acerto confortável e macio como todo Citroën, mas herda a robustez dos primos Fiat, com ótima absorção em terrenos acidentados.
O Citroën é o mais espaçoso dos três graças às suas dimensões. Até quatro ocupantes viajam confortáveis e no porta-malas cabem 315 litros.
Outro ponto positivo vem dos custos. Ele é o mais barato no preço de compra e tem revisões em conta (tecnicamente empatado com o Kwid).
O C3 vence pelo equilíbrio: tem bom espaço, mecânica robusta, boa dirigibilidade e custos baixos. Tudo isso compensa a falta de equipamentos, problema mais fácil de contornar do que outros como espaço e motor.
Ficha Técnica – Citroën C3 Live 1.0
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 6V, 999 cm³, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10/10,7 kgfm a 3.250 rpm (etanol/gasolina)
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,5 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/65 R15
Peso: 1.056 kg
Peso/potência: 14,1/14,9 kg/cv
Peso/torque: 105,6/98,7 kg/kgfm
Dimensões: comprimento, 398,1 cm; largura, 173,3 cm; altura, 158,6 cm; entre-eixos, 254 cm; porta-malas, 315 l; tanque de combustível, 47 litros
Equipamentos de série: ar-condicionado, 2 airbags, monitoramento de pressão dos pneus, vidros elétricos dianteiros, DRL halógenas, computador de bordo, predisposição para rádio, assistente de partida em rampa
Veredicto Quatro Rodas
O Fiat Mobi peca por ter uma mecânica defasada, enquanto o Kwid, o mais bem equipado do trio, perde a chance da vitória por espaço interno. O C3 vence pelo equilíbrio entre espaço generoso, mecânica robusta e baixos custos, contra a enxuta lista de itens de série. As faltas do Citroën são contornáveis, ao contrário dos problemas dos rivais.
Testes de desempenho
Citroën C3 | Renault Kwid | Fiat Mobi | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 16,4 s | 15,9 s | 18,3 s |
0 a 1.000 m | 37,9 s – 132,9 km/h | 37,1 s – 138,2 km/h | 39,1 – 128,8 km/h |
Velocidade máxima* | 160 km/h | N/D | 151 km/h |
Retomadas | |||
40 a 80 km/h em 3ª | 9,4 s | 9,6 s | 9,4 s |
60 a 100 km/h em 4ª | 14,9 s | 15,3 s | 18,7 s |
80 a 120 km/h em 5ª | 39,3 s | 31,1 s | 38,2 s |
Frenagens | |||
60/80/120 km/h a 0 | 14/25,2/57,7 m | 15,7/27,9/62,1 m | 16,5/29,6/65,5 m |
Consumo | |||
Urbano | 14,1 km/l | 14,8 km/l | 12,2 km/l |
Rodoviário | 15,8 km/l | 17,9 km/l | 15 km/l |
Ruído interno | |||
Neutro/RPM máx. | 46,1/71,8 dBA | 43,8/69 dBA | 44,8/73,4 dBA |
80/120 km/h | 69,9/73,6 dBA | 70,8/75,4 dBA | 68,5/71,4 dBA |
Aferição | |||
Velocidade real a 100 km/h | 93 km/h | 97 km/h | 95 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D | N/D | 3.000 rpm | 3.000 rpm |
Volante | 3 voltas | 3,3 voltas | 2,5 voltas |
Seu Bolso | |||
Preço | R$ 68.990 | R$ 69.490 | R$ 69.580 |
Garantia | 3 anos | 3 anos | 3 anos |
Concessionárias | 122 | 295 | 520 |
Seguro ** | R$ 2.800 | R$ 3.695 | R$ 3.938*** |
Revisões até 60.000 km | R$ 3.854 | R$ 3.840 | R$ 5.080 |
*Dados de fábrica **Perfil Quatro Rodas: homem, casado, 35 anos, com garagem. Cotações feitas pela TEx *** Marca só divulga o valor das revisões até 50.000 km
Condições de teste (1/2/3): alt. 660 m; temp., 23,5/31,5/26°C; umid. relat., 74/44/66%; press.,1.012,5/1.012/1.012 kPa