BMW Z3 completa 25 anos: relembre o primeiro teste do roadster
Relembramos o teste do roadster com motor seis cilindros e câmbio manual que foi um dos grandes sucessos da BMW
Divisor de águas para a BMW, o BMW Z3 sintetizou a essência de um carro moderno na forma de um roadster raiz. É por isso que seu aniversário de 25 anos merece ser comemorado.
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Sucessor do BMW Z1 Roadster, que teve produção limitada entre 1989 e 1991, o Z3 foi um sucesso e responsável por firmar a linhagem “Z”. Aliás, a última letra do alfabeto representa Zukunft, que em alemão significa “futuro”.
O Z3 bebeu das fontes de um roadster clássico da BMW, o 507, produzido entre 1956 e 1959. Foi um grande sucesso para sua época e até Elvis Presley tinha um.
Com a silhueta sedutora herdada do 507 e design atemporal com características clássicas que um roadster deve ter, como capô longo e a posição de dirigir quase em cima do eixo traseiro, o Z3 encanta até hoje.
E não é só de beleza que vive o Z3, pois sua mecânica segue a receita mais celebrada pelos puristas: motor seis cilindros em linha, tração traseira e câmbio manual.
Some tudo isso ao fato do Z3 ter praticamente estreado como o carro do espião James Bond em 007 contra GoldenEye, de 1995. Ficou fácil entender as aproximadamente 300.000 unidades vendidas no mundo todo até 2002.
O roadster também foi o primeiro BMW montado fora da Europa: todas as unidades saíram da fábrica da marca em Spartanburg, na Carolina do Sul, EUA – que atualmente só produz SUVs.
Com o sucesso absoluto, a família Z aumentou. Vieram o celebrado, caro e raríssimo Z8, produzido entre 2000 e 2003 com design ainda mais fiel ao ancestral BMW 507, e o Z4 que já esta em sua terceira geração e é vendido desde 2002.
Para comemorar os 25 anos do BMW Z3, a seguir você confere um teste publicado março de 1998, quando o esportivo chegou ao Brasil. Parabéns ao Z3 e vida longa ao Z4!
PRAZER AO AR LIVRE
O potente BMW Z3 2.8 chega para atiçar ainda mais a vontade dos apaixonados por aventura dentro de um belo conversível
Reportagem: Vagner Ambrósio • Fotos: Marco de Bari
Eles sempre foram sinônimo de pura sedução. Por razões óbvias, os conversíveis parecem ter sido inspirados nos verões quentes de países ensolarados – como o nosso. Com preços nada acessíveis, porém, tais carros estão tão distantes da maioria dos brasileiros quanto o Sol da Terra.
Isso ficou mais evidente depois que a General Motors parou de fabricar o Kadett GSi 2.0, em 1994, e a Ford, o Escort XR3, em 1995. O motivo para ambas empresas foi o mesmo: as minguadas vendas. “Nossa produção era quase artesanal. E o preço do carro passava de R$ 40.000, tornando-o pouco competitivo no mercado”, explica o gerente de produtos da Ford, Herivelto Sousa. “O modelo deixou de ser viável comercialmente.”
Embora as montadoras instaladas no país tenham deixado de produzir esse tipo de veículo, as importadoras têm trazido para cá um bocado de conversíveis sofisticados. O mais novo a chegar por aqui é o BMW Z3 com motor 2.8, um roadster (esportivo para duas pessoas) que começou a ser vendido no início do ano.
O preço: US$ 82 000 (com câmbio manual), ou cerca de R$ 92.000. Um brinquedo, portanto, para bem poucos. “Esperamos vender de 200 a 250 carros em um ano”, calcula o diretor de marketing da BMW do Brasil, Thomas Vieweg.
Ao entrar nesse BMW e acionar o botão para abaixar a capota, que agora é elétrica (no Z3 1.9, que desembarcou no país há um ano, ainda é manual), a sensação de liberdade é total. Dirigir torna-se uma tentação irresistível, ao mesmo tempo em que surge um punhado de dúvidas. A começar pelo traje ideal para ser usado quando se está num carro desses.
Afinal, o motorista de um conversível é quase visto por inteiro. Besteira? o papa na moda masculina no Brasil, Fernando de Barros, não acha. E dá a receita. “O ideal é usar roupas que tenham apelo esportivo. Ternos escuros não são a melhor opção, a não ser que o conversível seja o único carro da pessoa.”
Outra grande preocupação de proprietários de carro conversível é a com a segurança. A impressão de vulnerabilidade é bem maior do que num modelo com capota rígida. Afinal, fechar os vidro ou travar as portas parece não ter muito sentido. Nem mesmo a polícia tem recomendações específicas para os donos de tais carros.
“A melhor coisa é sair já de casa com a capota abaixada, evitando assim paradas no meio do caminho. E escolher percursos sem semáforos, para evitar a aproximação de estranhos”, ensina o investigador Edivaldo Camargo, do 78º Distrito Policial da capital paulista. Entendido isso, vamos para a rua com um Z3.
Dirigir o carro na cidade é sentir duas sensações antagônicas: prazer e frustação. A primeira é provocada por você estar comandando um conversível de design arrojado, saído das telas do cinema (foi o carro usado por “Bond, James Bond” no filme 007 contra GoldenEye) e objeto do desejo de uma legião de aficionados por belas máquinas. Um automóvel que não passa despercebido – assim como quem está dentro dele.
A sensação de frustação, porém, vem pela impossibilidade de extrair mais potência do motor desse BMW dentro do perímetro urbano. Ao engatar a segunda marcha, por exemplo, o motor ruge ferozmente e o carro parece saltar sobre o da frente, tão forte é sua arrancada. Ou seja, falta espaço no trânsito urbano para usar o mínimo de toda a potência que o carro oferece.
Com o perdão da frase feita, pode-se dizer que o motor de seis cilindros tornou ainda melhor o que já era bom. Não é para menos, pois tem 192 cv de potência, contra 150cv do modelo equipado com motor 1.9, de quatro cilindros. Mesmo quem não é afeito sutilezas mecânicas percebe que o Z3 se desloca facilmente, deixando para trás, sem esforço, a maioria dos automóveis.
Ele é perfeito, por exemplo, para entrar numa avenida na brecha entre um carro e outro ou para executar uma ultrapassagem. A potência do motor permite que manobras desse tipo sejam feitas com muita segurança. Para o veículo não perder a estabilidade devido à motorização maior, a fábrica aumentou a largura da bitola de trás e passou a utilizar pneus mais largos.
Daí veio a necessidade de redimensionar a carroceria. Assim, a parte traseira ficou mais larga e os pára-lamas, mais salientes que os do 1.9.
Enquanto se desfrutam as delícias de comandar uma máquina como o Z3, passa-se a sentir todos os tormentos dos donos de conversível.
“O barulho de motos e ônibus desregulados incomoda demais. Não dá nem para conversar nem gritar”, lastima Nélio Longobardo, proprietário de um Mercedes-Benz SL 500. É bem verdade. Ao medir o nível de ruído dentro do Z3 em uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, a Marginal do Tietê, o ponteiro chegou a atingir 106 decibéis ao cruzar com o barulhento caminhão.
Tal índice daria para deixar qualquer um louco ou surdo se fosse constante, já que o limite suportável pelo ouvido humano é de 94 decibéis. E essa não é a única chateação. Tem mais.
“Diversas vezes fui atingido por mal-educados que cuspiam do ônibus ou atiravam pontas de cigarro”, conta o bancário José Giacomucci, proprietário de um Escort XR3 1992, com apenas 30.000 km. “Por isso, evito usar o carro na cidade. Mas quando estou na estrada, principalmente a caminho do litoral, não deixo de arriar a capota. É demais. Uma delícia!”
Como na maioria das vezes o conversível é o terceiro carro da família, ele acaba saindo da garagem só em ocasiões especiais e para locais mais apropriados do que as ruas sufocantes das grandes metrópoles – nada mais adequado para um roadster como o Z3 2.8.
FICHA TÉCNICA
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