BMW M340i preserva a cultura alemã mesmo com ingredientes a mais
Conhecemos, em primeira mão, o BMW Série 3, que foi reestilizado e chega em breve ao Brasil, com novidades de eletrificação
Dirigir nas Autobahnen, no famoso sistema rodoviário alemão com trechos sem limites de velocidade, está no imaginário de todo entusiasta automotivo. E foi lá que QUATRO RODAS teve o primeiro contato com o novo BMW Série 3, entre as cidades de Garching e Regensburg, na região da Baviera.
Conhecemos o modelo em sua versão mais apropriada para ocasião, diga-se: a esportiva M340i que deverá ser exportada para o Brasil, junto com a 330e, no futuro.
Por enquanto, a única certeza que temos é que, por aqui, teremos as versões equipadas com motor 2.0 turbo flex, igual ao do modelo antecessor, produzidas em Araquari (SC), a partir de outubro, com entregas previstas para novembro.
Uma pequena dose de eletrificação é a principal novidade do M340i. Agora, o esportivo passa a ser um híbrido leve, com o auxílio de um sistema elétrico constituído por um motor-gerador, que substitui o alternador. Ele é alimentado por uma bateria de 48 V e oferece 11 cv a mais para ajudar nas acelerações.
Apesar disso, ele não abriu mão do motor 3.0 turbo de seis cilindros a gasolina, de 374 cv e 51 kgfm. De acordo com a BMW, o modelo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e chegar aos 250 km/h de velocidade máxima, limitada eletronicamente.
Desempenho é, de fato, um dos atributos mais marcantes do modelo. Suas acelerações fortes são condizentes com as rodovias de alta velocidade da Alemanha, com saídas e retomadas rápidas, acompanhadas de um belo ronco saído do seis-cilindros, com tons levemente agudos e direito a estouros no escapamento em trocas de marcha e reduções do rápido câmbio de oito marchas.
A direção precisa e progressiva também segue a receita de esportividade, assim como a suspensão, mais rígida e fechada (com cursos menores). Nas ruas e estradas alemãs isso não trará maiores problemas, além do balanço típico de conjuntos mais rígidos.
Já nas ruas brasileiras, com buracos, valetas, emendas e asfalto de má qualidade, os ocupantes certamente sofrerão pancadas mais fortes – reforçadas pelas grandes rodas de 18 polegadas calçadas com pneus 225/45 na dianteira e 255/40 na traseira. Além da direção, a tração integral permitiu que o sedã mantivesse a rota das curvas do trajeto, sem escapadas, mesmo debaixo de chuva.
Também não há problemas com espaço no M340i. Os ocupantes do banco traseiro vão confortáveis e sem aperto, exceto um terceiro passageiro central, que terá problemas na acomodação dos pés pelo túnel central alto.
No porta-malas vão 480 litros de bagagem – volume bem maior do que os 365 divulgados para o modelo brasileiro. A diferença acontece pela presença do estepe temporário no porta-malas do modelo nacional, que não existe nos modelos vendidos na Europa.
À primeira vista, o Série 3 parece ter mudado pouco. Mas um olhar mais atento mostra que não é bem assim. Na dianteira, os faróis full-led agora têm formato menos recortado, sem o antigo degrau que havia na parte inferior. A grade ganhou barras duplas e o para-choque adotou aberturas maiores e mais angulosas.
Na traseira, as lanternas de led seguiram sem mudanças, enquanto o para-choque tem cortes e aberturas também mais destacados. Na versão M340i especificamente, a mais esportiva antes da extrema M3, as saídas duplas de escape têm formato retangular e há uma imitação de difusor de ar entre elas. De lado, as rodas têm desenho novo e acabamento diamantado.
Essas alterações fizeram com que o Série 3 ganhasse ares ainda mais esportivos. Mas, fora isso, nenhuma alteração mais radical de estamparia foi feita, já que se trata de uma reestilização de meia-vida.
A maior novidade está na parte de dentro do modelo – que mantém alto nível no acabamento, com materiais emborrachados, couro e imitação de fibra de carbono. Além do novo seletor de marchas, quase que disfarçado no console central, o painel agora tem um conjunto curvo de telas que representam o quadro de instrumentos (de 12,3 polegadas) e a central multimídia (de 14,9 polegadas), assim como no Série 4 e no SUV elétrico iX.
Com a mudança, o console do Série 3 fica mais limpo visualmente por perder alguns botões físicos, cujas funções passam a ser controladas diretamente na central multimídia, com conexão com Android Auto e Apple CarPlay.
Por falar na central, não dá para ignorar o navegador nativo do modelo, de funcionamento confuso e que exige certo costume e aprendizado. Quando em uma rota, o sistema poderia apresentar cores mais contrastantes para melhor entendimento.
Além disso, há um atraso entre a posição do veículo e a rota indicada: é preciso ficar atento para não perder as entradas que, na tela, parecem estar mais distantes do que realmente estão. É bastante confuso, especialmente quando não se tem ideia alguma do percurso – como foi o nosso caso em plenas ruas alemãs, com placas e legislações diferentes.
Ainda entre os equipamentos, o M340i tem ar-condicionado de três zonas, head-up display, sistema de estacionamento semiautônomo, faróis altos automáticos, carregador de celulares por indução, memória de manobras (o carro faz o inverso dos últimos 50 metros percorridos, como para manobras) e sistemas de condução semiautônoma de nível 2.
Entre eles estão piloto automático adaptativo que funciona entre 30 e 210 km/h com função Stop & Go (quando o veículo chega a parar e, assim que o tráfego é liberado, volta a acelerar automaticamente), assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência.
A linha 2023, o Série 3 não apenas mantém como reforça suas principais qualidades e características tipicamente alemãs: é bom de dirigir, tem esportividade na medida certa e ficou com uma aparência ainda mais atraente, por dentro e por fora.
Resta saber quais versões serão vendidas por aqui. Nossas apostas são em ao menos três: a nacional 320i, com motor 2.0 turbo flex; a híbrida plug-in 330e, que une um motor 2.0 turbo a outro elétrico; e a esportiva M340i, aqui apresentada. Também não podemos descartar versões inéditas e mais baratas.
Veredicto
Bom de dirigir, bonito e tecnológico, o Série 3 mudou e reforçou suas principais qualidades.
Ficha técnica
Motor: gasolina, dianteiro, long., 6 cilindros, 2.998 cm3, 374 cv a 5.500 rpm, 51 kgfm a 1.900 rpm
Motor elétrico: 48V, 11 cv
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 225/45 R18 (diant.) e 255/40 R18 (tras.)
Dimensões: compr., 471,4 cm; larg., 182,7 cm; altura, 144 cm; entre-eixos, 285,1 cm; peso, 1.725 kg; porta-malas, 480 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 4,4 s; velocidade máxima de 250 km/h (limitado eletronicamente)
*Dados de fábrica