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BMW K 1600 GT x Honda GL 1800 Gold Wing

A BMW é a nova sensação, mas a Gold Wing já mudou lá fora. Uma coisa é certa: as duas colocam o piloto nas alturas

Por Eduardo Viotti | fotos: Christian Castanho
Atualizado em 9 nov 2016, 11h54 - Publicado em 20 out 2011, 16h12
BMW K 1600 GT x Honda GL 1800 Gold Wing

Estas seis-cilindros são o suprassumo entre os veículos de duas rodas. Reúnem os últimos avanços em design, aerodinâmica, projeto de engenharia e eletrônica. Figuram entre as motos mais caras e são, de longe, o máximo em conforto e segurança. Prepare- se, portanto, para voar acima das nuvens no mundo motociclístico.

A BMW K 1600 GT ainda é novidade no mercado mundial, pois começou a ser comercializada no fim do primeiro semestre. A Honda GL 1800 Gold Wing que está à venda no país (pelo menos até finalizarmos esta edição) é, por outro lado, o modelo que acaba de ser substituído nos mercados europeus. Sua versão 2012 não traz grandes mudanças técnicas, mas um face-lift e novos equipamentos e acessórios.

A marca alemã tem elevado apreço pelos motores de seis cilindros em linha, que fizeram a fama de grande parte de seus carros – os bávaros orgulham-se ao dizer que fizeram (e fazem) alguns dos melhores seis em-linha automotivos.

Munida dessa tradição, a BMW Motorrad (motocicleta, em alemão) criou uma máquina de duas rodas simplesmente sensacional. Seu motor tem o ronco borbulhante de uma Ferrari ou Lambo, exalado através de seis bocas nas duas ponteiras traseiras. O som é alto, rouco, e você quer ouvi-lo. Ninguém fica impassível a esse ronco agressivo, inusitado em uma moto visualmente tão austera: nem o auditório da rua, nem – muito menos – o piloto.

Para completar, o torque e a potência são bem distribuídos (e bem aproveitados pela caixa de mudanças), as vibrações são baixíssimas e o desempenho é simplesmente brilhante. O motor é muito inclinado para a frente. A ideia é acomodar-se ao chassi, baixando o centro de gravidade e diminuindo a altura da moto. A largura é a menor possível a um seis-em-linha: somente 55,5 cm – entre um cilindro e outro há uma parede metálica de 5 mm, apenas.

Havia tempos eu não me deixava empolgar tanto por uma motocicleta. A nota média de 9,6 é a mais alta que já outorguei nesses quase seis anos em que avalio motos para QUATRO RODAS MOTO (apenas para constar, a segunda maior foi 9,4 para a naked Honda CB 1300 Superfour ABS).

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Ela é uma touring espaçosa, confortável e segura – com a pegada e a excitação na pilotagem de uma moto superesporte. Ela faz com essa classe de motos algo próximo do que o Porsche Panamera Turbo S V8 fez com os sedãs velozes no mundo encarroçado.

A BMW K 1600 GT é espetacular. O que não tira poder de sedução da gigante da Honda, monumento à exuberância motociclística. A Gold Wing é um mito, tem tradição. Confiabilidade, espaço e conforto são seus dotes. Ganha fácil da alemã em certos quesitos.

É muito mais confortável depois de horas viajando, mais segura (é a única a ter airbag), tem mais equipamentos de conforto (rádio PX e som com MP3) e espaço para bagagens que a K 1600 GT.

Na verdade, o comparativo teria sido mais preciso se, em lugar da versão GT, a BMW tivesse disponibilizado para o teste a versão GTL, que tem uma poltrona para o garupa incorporada ao bauleto traseiro, semelhante à da Gold Wing. A GT, como você vê nas fotos, tem apenas as malas laterais, extremamente práticas pela facilidade de remoção (as da GL 1800 são fixas) e transporte como bagagem de mão. Sem elas, a K 1600 é uma moto esguia, fácil de acelerar e agradável em percursos cur tos, desde que não haja tráfego pesado.

A descrição das características das duas motos é extensa e ocuparia grande parte da reportagem, tal a riqueza de detalhes de ambas. A engenharia das seis-cilindros do mercado é também muito sofisticada. O projeto ciclístico mais ousado e moderno é o da BMW, com suspensão ao estilo double wishbone (duplo A) ou Telelever na frente.

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Na Honda, o passageiro vai melhor, em uma poltrona sensacional, à qual nada sobre duas rodas se compara (a Ultra, da Harley-Davidson, chega bem perto). Tem transmissão por cardã (como a BMW) e marcha a ré elétrica (o motor de arranque invertido), o que ajuda – e faz bastante falta na BMW, que não é fácil de empurrar.

A Gold Wing traz também o piloto automático (cruise-control, presente em ambas), regulagem eletrônica do monobraço da suspensão traseira com memória, como na rival, sistema antifurto com chave codificada e computador de bordo completíssimo.

O seis cilindros boxer da GL é macio, não vibra nada e é forte. Silencioso e sóbrio, quase conservador, privilegia conforto, confiabilidade e durabilidade.

A BMW tem três opções de entrega de potência: Road, Rain e Dynamic. Road é a mais normal, para uso na estrada. A escolha Rain controla a liberação dos 160 cv, para evitar derrapagens sob chuva (também há controle de tração). E a Dynamic abre as comportas de adrenalina tão bem ocultas sob toda aquela austeridade germânica. Se der gás (acelerador eletrônico, ride-by-wire), acelera como uma supersport.

Na pista, os seis cilindros em linha bateram os contrapostos, apesar da menor cilindrada. Mesmo o torque, prerrogativa do deslocamento volumétrico, é um pouquinho mais intenso no motor alemão (são 17,85 mkgf no 1.6 e 17 mkgf no 1.8). A potência é 42,5 cv maior no seis-em-linha, número representativo. A BMW é também mais leve, algo em torno de 70 kg a menos.

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Entre os mimos exclusivos da BMW está o farol adaptativo, em que os leds ficam sempre iluminando o chão à frente da melhor maneira, mesmo que a moto esteja inclinada em uma curva ou adernada em frenagem. Um sistema de pêndulo eletrônico aciona o sistema.

Entre os mostradores de ponteiro (velocímetro e conta-giros) ficam dois painéis de cristal líquido, um deles colorido, com as funções de computador de bordo, piloto automático etc.

Mais ágil, veloz e moderna, tecnológica e dotada de engenharia mais sofisticada, a BMW K 1600 GT fica à frente da Gold Wing que é, entretanto, mais barata, confortável e segura.

Eu, defrontado com a difícil decisão de escolher uma delas, não hesitaria em adotar a alemã. Ela oferece tudo o que o coração de um piloto sóbrio e maduro exige (o que a Gold Wing também faz), mas acelera como o moleque travesso que todo motociclista traz adormecido lá dentro ainda gosta.

BMW K 1600 GT

TOCADA

Inacreditavelmente deliciosa. Você pensa que vai tocar um ônibus e encontra um Porsche: uma superesportiva confortável.

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★★★★★

DIA A DIA

Difícil, e o uso diário nem faz parte da proposta. A menos que você viaje todo dia. Mas é melhor que a Gold Wing, pois as malas saem.

★★★

ESTILO

Touring, bagger, bem atual, carenado. Impressiona pelos detalhes e pelo acabamento.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO

Aguarde novas versões BMW com seis cilindros. O motor é espetacular. Câmbio impecável, de seis marchas, com cardã.

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★★★★★

SEGURANÇA

Quase tanto quanto uma moto pode ser. É estável, visível e freia muito bem. A Honda ganha, ao oferecer o airbag.

★★★★

MERCADO

Recém-chegada, tem o prestígio da marca e o posicionamento pelo alto a ampará-la.

★★★★

HONDA GL 1800 GOLD WING

TOCADA

O conforto supremo é a inspiração do modelo. É forte, mas bem tranquila, e não instiga a acelerar e curvar.

★★★★

DIA A DIA

Não é uma modalidade de uso prevista para o modelo. Talvez para quem more em uma cidade pacata e use Estrada diariamente.

★★

ESTILO

Acaba de mudar no exterior, mas mesmo o da unidade testada reflete a tecnologia e sobriedade adequadas.

★★★★ MOTOR E TRANSMISSÃO

O suave e progressivo motor boxer é uma obra de arte em confiabilidade e maciez. Não tem a agressividade da rival. O câmbio, de 5 marchas, é bom.

★★★★

SEGURANÇA

Absoluta: estável, bons freios, o máximo em equipamentos, inclusive airbag à frente do piloto. É um Titanic. Não havendo icebergs…

★★★★★

MERCADO

Tem o poder dos mitos a garantir-lhe o valor de revenda. Envelhece muito bem e é raro vê-la à venda.

★★★★

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