Audi Q6 e-tron é elétrico revolucionário que se comunica pelas lanternas
Já dirigimos os protótipos do modelo que tem vocação esportiva e lançamento confirmado para 2024 no Brasil
É comum que a imprensa especializada dirija carros pré-série em lançamentos, ou seja, unidades já com acertos finais, mas produzidas antes do primeiro lote que irá para as lojas. Não é comum, porém, que nós, jornalistas, tenhamos acesso a unidades anteriores a essas, os chamados protótipos.
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Mas pode acontecer, e aconteceu: fomos até as Ilhas Faroe, território com cerca de 50.000 habitantes e pertencente à Dinamarca, para dirigir os protótipos do novo Audi Q6 e-tron.
Previsto para ser revelado por completo ainda este ano, o novo SUV elétrico (que fica entre Q4 e Q8 e-tron) inaugura uma nova plataforma de elétricos que a Audi compartilhará com a Porsche, a PPE (Premium Platform Electric). Ele pode ser lançado no Brasil já em 2024.
Por ser um protótipo, muita coisa sobre o Audi Q6 e-tron ainda está em segredo, a começar pela aparência. Embora seja possível ver as principais linhas do modelo, a adesivagem colorida tenta confundir nossos olhos para que nem tudo seja entregue por enquanto.
Apesar disso, fica nítido que ele inaugura uma linguagem de design da Audi, com faróis separados em dois pares e lanternas interligadas, também com uma nova interpretação. Os pneus ganharam traços brancos para esconder suas características, mas um olhar mais atento nos permitiu encontrar suas medidas: 255/45, que calçam as belas rodas de 21 polegadas.
O interior segue desconhecido, já que foi mantido coberto durante todo o contato com o carro. Para dirigir, era permitido levantar apenas o tecido que cobria o quadro de intrumentos, que, por sua vez, só mostrava informações cruciais para a condução. No centro da grande tela havia um adesivo preto escondendo o restante.
Também ficavam à mostra os comandos do câmbio – um botão que se arrasta para cima ou para baixo para selecionar D, R, N, e B (frenagens automáticas – one pedal mode) e outro botão para o P – e o seletor de modos de condução, além de todo o volante e do painel de porta.
O volante é inédito, com a base e o topo achatados, miolo hexagonal e logotipo estampado, com aparência retrô. Já o painel de porta fica responsável por abrigar, além dos comandos de vidros, retrovisores e travas, os botões dos faróis. Não há imagens divulgadas do interior, além da que eu apareço ao volante.
O Q6 e-tron terá duas versões: a de entrada, 55, e a topo de linha e de vocação esportiva, S. Nos protótipos, ambas diferenciavam-se apenas no interior, com a primeira tendo acabamentos mais claros e “simples”, enquanto a segunda tinha bancos mais esportivos e acabamentos escuros e ainda mais caprichados – até onde os olhos conseguiam ver.
As maiores diferenças, porém, ficam para a mecânica e a dirigibilidade de cada uma. A Audi não entrega detalhes (por isso a ausência de ficha técnica ao final do texto), mas estima chegar a 400 cv de potência e a 54,6 kgfm de torque, na versão S, com uma aceleração de 0 a 100 km/h de 4,5 s.
A bateria será de 100 kWh com 12 módulos e permitirá cargas de 10 a 80% em até 30 minutos, a 270 kW, o que significa cerca de 270 km de autonomia em 10 minutos, segundo a fábrica. Por falar em autonomia, a Audi também fala em 600 km de alcance projetado no ciclo WLTP. Este número, porém, é para a versão menos potente, a 55, que não teve dados de desempenho revelados.
Pudemos rodar por cerca de 200 km em um percurso com retas, curvas, subidas e descidas, e enfrentando sol, chuva e neblina, já que a mudança de tempo no local acontece em poucos minutos, a todo tempo: um bom laboratório de testes.
O test-drive foi realizado sempre com um engenheiro da Audi no banco do passageiro, fornecendo informações adicionais e fazendo perguntas e anotações sobre o comportamento do veículo a todo tempo, para que eles pudessem aprimorá-lo. Por tratar-se de protótipos, na imagem interna é possível observar dois botões vermelhos para emergências.
Apesar de todo o aparato, os carros pareciam prontos para ganhar as ruas. Mesmo na versão menos apimentada, o Q6 e-tron deixa clara sua vocação esportiva pela suspensão de ajuste rígido, que passa boa parte das imperfeições de solo para a cabine. Com esse ajuste, o SUV contorna as curvas firme e determinado, sem nenhuma indicação de insegurança. A direção vai pelo mesmo caminho, com relação direta. No modo Comfort, porém, ela parece ser um pouco mais pesada do que deveria.
Por falar em modos de condução, o modelo oferece os modos Off-road, Comfort, Efficiency, Dynamic e Balanced (este, que permite personalizar diversos parâmetros do carro). No Dynamic, na versão S, há uma simulação de ronco de motor, que chega a empolgar, junto ao bom isolamento acústico da cabine. A versão S tem desempenho exemplar, com acelerações fortes e rápidas, enquanto a 55 mostra mais equilíbrio, sem tanta agressividade – longe de ser lenta.
Em ambas, o pedal de freio mostrou-se sensível demais. Um ajuste fino será bem-vindo. Há dois níveis de regeneração da energia, que podem ser controlados pelas aletas atrás do volante. O modo B, do câmbio, permite a condução one pedal, no qual o veículo desacelera até parar completamente quando o motorista libera o acelerador. Útil para cidades.
Além de um primeiro contato com o carro em diversas situações, outro propósito da visita às terras nórdicas foi a apresentação das tecnologias de iluminação que equipam o Q6 e-tron: a segunda geração do OLED.
Com esse sistema, o SUV é capaz de assumir diferentes visuais de acordo com o desejo de seu proprietário, que pode selecionar o estilo, por meio da central multimídia ou do app da marca. São diversos tipos de assinatura luminosa para faróis (nas partes superiores, próximas ao capô) e lanternas. Veja na imagem acima e nas duas abaixo as diferenças na assinatura traseira.
Há nove combinações possíveis, considerando pacotes opcionais, como quando o modelo for equipado com faróis de leds matriciais. Isso é possível graças aos 60 segmentos disponíveis em cada OLED, ou seja, em cada “lâmpada” – ao todo, são 360.
Em um dos modos, a lanterna é composta pelas luzes superiores fixas, que atravessam a tampa do porta-malas, além de três quadrados iluminados formados por pequenos triângulos internos. Neles, as luzes se acendem e apagam de forma sutil, em um efeito brilhante, como um diamante.
As lanternas também podem comunicar-se com os veículos que vierem atrás, como no caso de uma batida iminente, em que a assinatura vira um triângulo central com barras diagonais aos lados – de forma automática, graças a sensores e radares, que detectam as situações críticas. O mesmo alerta se acende quando o veículo está estacionado e ligado, e outro veículo passa em movimento.
O Q6 não quer ser apenas mais um SUV elétrico no mercado. Para isso, ele busca diferenciar-se na pegada esportiva e na alta tecnologia embarcada na iluminação. Tem boas chances.
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