Compromisso é a palavra de ordem na indústria automotiva. É, aliás, o seu maior desafio. Performance, consumo, emissões, conforto, nível de equipamentos, segurança, design, preço, custo de manutenção… Em geral, quem equilibra melhor esses (e muitos outros) itens, vira campeão de vendas.
No caso do A1, porém, a Audi pesou a mão na esportividade. Ou seja, se você está atrás de um foguete de bolso, este é um prato cheio. Mas se você regulou o seu radar atrás de um hatch compacto para uso diário na cidade, prepare-se para um desempenho de tirar o fôlego – e uma suspensão dura a ponto de fazer faltar o ar.
Montado sobre a plataforma do Polo europeu, o A1 recebeu um facelift no ano passado. Mudaram, basicamente, os para-choques dianteiro e traseiro. À frente, os novos faróis chamam a atenção pelo efeito dramático proporcionado pela linha de led que o contorna, uma assinatura visual dos veículos Audi.
Na traseira, as lanternas também são de led e dão um falso ar de novidade, afinal o formato é o mesmo, com alteração somente no layout interno.
A cabine recebe bem seus quatro ocupantes – o banco traseiro tem lugar para apenas duas pessoas. Por conta disso, elas viajam com espaço de sobra na altura dos ombros, mas convidados com mais de 1,75 metro de altura ficarão com a cabeça muito rente ao teto.
Pior, mesmo os mais baixinhos terão dificuldades em acomodar suas pernas, pois a distância entre o encosto do banco dianteiro e o assento do traseiro é bem reduzida.
Na frente, os bancos também jogam contra pilotos mais corpulentos. Após dirigir o A1 para a seção de fotos desta matéria, o designer Fabio Paiva (1,85 m, 98 kg) disse: “O banco do motorista tem abas de apoio no assento e no encosto, mas o conjunto é muito estreito. Como eu escorregava nas curvas, me senti inseguro para acelerar mais”.
Pobre Fabio, perdeu o que o A1 tem de melhor: performance de esportivo.
O motor 1.8 turbo de 192 cv e 25,5 mkgf a apenas 1.250 rpm trabalha em excelente sintonia com o câmbio de dupla embreagem e sete marchas S tronic – o mesmo DSG aplicado no Golf, rebatizado na Audi. Entenda como excelente sintonia um desempenho empolgante, com acelerações vigorosas e retomadas instantâneas.
Quer um exemplo? Na estrada, você acaba ficando atrás de um caminhão lento, rodando a 80 km/h. Quando a ultrapassagem é possível, você afunda o pé no acelerador e apenas 4,5 segundos depois está novamente rodando no limite de 120 km/h, já bem distante do caminhão, preparado para mais um bote letal.
No ambiente rodoviário, com asfalto liso, tudo bem. O problema acontece justamente no ambiente para o qual o A1 foi concebido: a cidade. Em São Paulo, onde apenas as grandes vias não se assemelham à superfície lunar, este Audi é uma tortura.
O ajuste firme da suspensão atrelado à elevada pressão dos pneus (45 nos dianteiros e 39 nos traseiros) dá ao piloto apenas duas opções: andar em ritmo muito reduzido ou correr o risco de pegar um buraco e sacrificar uma roda. Qualquer que seja a escolha, uma coisa é certa: o desconforto vai lhe acompanhar.
Na lateral da porta do motorista, a etiqueta com indicações de calibragem mostra a possibilidade de usar pressões de calibragem menores, mas recomenda a leitura do manual. Como o porta-luvas do carro cedido para teste estava vazio, contatamos a Audi.
“As pressões menores só são permitidas para rodagem em baixas velocidades. Se o dono do A1 se incomodar em recalibrar toda vez que for pegar uma estrada, por exemplo, não tem jeito, terá que usar as pressões mais altas”, diz Lothar Werninghaus, consultor técnico da marca no Brasil.
Quanto ao pacote de equipamentos, o A1 Ambition 1.8 TFSI (há também o Attraction 1.4 TFSI, por R$ 110.990) é bastante completo. Faróis com xenônio e led, airbags laterais, controle de estabilidade e seletor de modos de condução estão inclusos no preço de R$ 124.990.
Mas pintura metálica, teto solar, piloto automático, chave presencial e sistema de áudio da marca Bose acrescem R$ 16.500 à conta.
Avaliação do editor
Motor e Câmbio – Engates rápidos tanto em marchas ascendentes quanto nas reduções e motor vigoroso em qualquer faixa de rotação.
Dirigibilidade – Em condições ideais de rodagem, o A1 é um carro na mão, sempre com respostas imediatas.
Segurança – Há dispositivos de proteção, mas a suspensão inadequada joga contra e tira a tranquilidade do motorista.
Seu bolso – Bom investimento para quem procura um compacto premium de alta performance.
Conteúdo – A tela do sistema multimídia, sobre o painel, é escamoteável, mas não tem acionamento elétrico.
Vida a bordo – Mesmo para um compacto, o A1 é um tanto apertado. O acesso a alguns comandos é difícil.
Qualidade – Montagem e materiais de boa qualidade por dentro e por fora.
Veredicto QUATRO RODAS
À exceção da dureza da rodagem sobre piso irregular, o A1 é um hatch bastante divertido. Seu desempenho forte permite que se enquadre no conceito de hot hatch
Teste de pista (com gasolina)
ACELERAÇÃO | |
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de 0 a 100 km/h: | 7,5 s |
de 0 a 1000 m: | 27,8 s – 195 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 234 km/h |
RETOMADAS | 3 s |
de 40 a 80 km/h: | 3,7 s |
de 60 a 100 km/h: | 4,5 s |
de 80 a 120 km/h: | |
FRENAGEM | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,6 / 28,4 / 66,5 m |
CONSUMO | |
Urbano: | 10,8 km/l |
Rodoviário: | 16,4 km/l |
RUÍDO INTERNO | |
Neutro / RPM máximo: | 36,3 / 68,5 (dBA) |
80 / 120 km/h: | 66,2 / 70,8 (dBA) |
AFERIÇÃO | |
Velocímetro / real: | 100 / 98,1 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D: | 2.000 rpm |
Volante: | 2,5 voltas |
SEU BOLSO | |
Preço: | R$ 124.990 |
Garantia: | 3 anos |
Concessionárias: | 40 |
Seguro: | n/d |
Motor: | gasolina, diant., transversal, 4 cilindros, 1.798 cm³, 16V, 82,5 x 84,1 mm, 9,6:1, 192 cv a 5.400 rpm, 25,5 mkgf a 1.250 rpm |
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Câmbio: | automatizado, dupla embreagem, sete marchas, tração dianteira |
Direção: | elétrico |
Suspensão: | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) |
Pneus: | 215/40 R17 |
Peso: | 1.140 kg |
Peso/potência: | 5,94 kg/cv |
Peso/torque: | 44,7 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 397,3 cm; largura, 174,6 cm; altura, 142,2 cm; entre-eixos, 246,9 cm; porta-malas, 270 l; tanque de combustível, 45 l |
Equipamentos de série: | airbags frontais e laterais, ar-condicionado, controle de estabilidade (ESP), rodas de liga leve aro 17, central multimídia, direção elétrica, sensor de estacionamento, câmera de ré, Isofix, rádio com viva-voz Bluetooth, faróis e lanternas com led, faróis de xenônio, alarme, assistente de partida em ladeira, seletor de modo de condução |