O auge da Aston Martin já passou – esse período ocorreu nos anos 60, época em que o DB6 podia ser adquirido zero-km nas lojas da marca.
Mas o brilho daquele clássico lendário ainda ofusca os olhos da concorrência em sua última leitura, o DB11. Para enfrentar os novos tempos, o esportivo da atualidade conta com uma arma secreta que jamais equipou os carros do agente secreto James Bond: um motor fornecido pela AMG.
Em uma inusitada parceria entre a empresa britânica e a Mercedes-Benz, esse inglês passou a contar com um V8 4.0 de 510 cv e 68,8 mkgf.
A carroceria cupê 2+2 tem a missão de marcar o início de uma era dentro da empresa, que quer recuperar o status de marca dos sonhos – e voltar a ser uma alternativa de compra sedutora nos mercados que mais consomem superesportivos.
Ou seja, bater de frente com Bentley Continental GT, Jaguar F-Type e McLaren 650S.
Comercialmente havia um bônus para a inglesa: até então tratava-se do único logotipo independente entre as grandes.
Mini e Rolls-Royce pertencem à BMW, Jaguar e Land Rover estão nas mãos da indiana Tata, e Bentley tem sangue VW. Mas isso não significa que a Aston pretenda se manter purista para competir.
Tanto é que recorreu ao motor alemão para evitar a extinção que já atingiu fabricantes conterrâneos.
No processo de osmose que resulta da sua participação de 5% do capital da Aston, a Mercedes-Benz começou por ceder a plataforma eletrônica para o novo DB11.
A grife AMG torna o esportivo mais competente e divertido de guiar, possivelmente até mais interessante que os tradicionais V12 que a empresa utiliza.
Visualmente, o time de designers preservou a icônica grade do radiador e o capô que “abraça” o motor. Entre as novidades estão a adoção da tecnologia led nos faróis (full-led) e cornering lights (facho de luz dinâmico que aponta para as curvas seguindo o movimento do volante).
Em comparação com o DB11 V12, as diferenças são poucas: há uma grade frontal e máscaras escurecidas, além de duas entradas de ar a menos.
Cadê o porta-luvas?
Por dentro, as diferenças estão nos detalhes, com cores e acabamentos distintos nos painéis de porta e console central.
Na estrutura, as colunas dianteiras permanecem excessivamente largas, os retrovisores continuam pequenos demais e falta espaço para armazenar objetos no interior – o carro não tem nem porta-luvas.
Na eletrônica, é possível reconhecer alguns elementos oriundos da Mercedes, como a tecnologia e os comandos do sistema de entretenimento.
O tamanho da tela da central multimídia agrada com suas 12 polegadas, bem como o quadro de instrumentos (que tem 8 polegadas).
O motor V8, compartilhado com o AMG GT e toda a linha 63 do grupo alemão, traz vantagens mecânicas notáveis em relação ao tradicional V12.
Menos cilindros significam menos peso – esse propulsor tem 100 kg. Levando-se em conta os periféricos do trem de força, o DB11 V8 tem 115 kg a menos que o DB11 V12.
A diferença na balança também influenciou a distribuição de peso entre os eixos: 49% está na frente e 51%, atrás. Curiosamente, é o inverso da versão com 12 cilindros.
Ao volante, o comportamento dinâmico também mudou com o uso de amortecedores mais rígidos. Isso favoreceu a precisão nas manobras, com menos rolamento da carroceria em curvas.
Tanto peso a menos também é uma clara vantagem na sensação de agilidade em uso esportivo.
A transmissão ZF (também alemã), com as mesmas relações de velocidade do V12, é rápida, mesmo sem ser a melhor caixa do segmento. Por questão de custo, não houve avanço nesse item.
Mas, para dar conta do desempenho extra, os freios evoluíram. Permanecem com discos de cerâmica, mas utilizam pinças maiores.
Para diferenciar as sensações entre os AMG e o Aston, a britânica promoveu ajustes das turbinas para soar diferente – a sonoridade é menos grave em baixos regimes e mais eloquente a médias e altas rotações.
Mas o DB11 V8 não é só feito de sensações. Na pista também houve alteração nos números: precisa de 4 segundos para ir de 0 a 100 km/h ante 3,9 s do V12.
No entanto, ambos ultrapassam os 300 km/h. Nos Estados Unidos, o Aston Martin DB11 V8 está à venda a partir de US$ 200.000.
Veredicto
O DB11 com motor AMG é melhor que o V12 original. Aumentou eficiência, tornou o carro mais dinâmico e, melhor, até conteve o preço.
Ficha técnica
- Preço: US$ 200.000
- Motor: gas., diant., longit., V8, 3.982 cm3; 48V, biturbo, 510 cv a 6.000 rpm, 68,8 mkgf entre 2.000 e 5.000 rpm
- Câmbio: aut., 8 m, tração traseira
- Suspensão: duplo triângulo sobreposto (D) e multibraço (T)
- Freios: disco vent. (diant. e tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 255/40 R20 (diant.), 295/35 R20 (tras.)
- Dimensões: comprimento, 475 cm; largura, 195 cm; altura, 129 cm; entre-eixos, 280,5 cm; peso, 1.705 kg; porta-malas, 270 l
- Desempenho*: 0 a 100 km/h em 4 s, velocidade máxima: 301 km/h
*Dados de fábrica