Publicado originalmente em julho de 2004
Desde meados dos anos 90, quando modelos como Quantum, Royale e Tempra SW saíam das lojas com cheiro de novas, os simpatizantes das peruas viveram tempos magros. É verdade que em 1998 a Fiat lançou a Marea Weekend, que conviveu por algum tempo com a já defasada irmã do Santana.
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Aproveitando-se dessa entressafra, as minivans cresceram, multiplicaram-se e ocuparam as vagas deixadas pelas station wagons.
Mas isso faz parte do passado. Quem procura espaço para bagagem, bom desempenho e não abre mão da posição e do prazer de dirigir proporcionado por um automóvel já tem opções.
A Peugeot 307 SW, lançada na metade do ano passado, a recém-chegada Toyota Fielder e a veterana Marea Weekend formam um leque suficientemente atraente para provocar a boa angústia da dúvida nos potenciais candidatos.
Tidas como dinossauros a caminho da extinção, as peruas sobreviveram – e tudo indica que terão vida longa – por duas qualidades. A primeira é o porta-malas, um dos pontos fracos das minivans, que privilegiam o espaço interno.
A outra fica evidente ao volante. Enquanto nas minivans o motorista assume uma posição mais passiva, quase contemplativa, as peruas instigam a uma interação maior, propiciando uma atitude mais esportiva e não apenas operacional para seus motoristas.
Neste comparativo as representantes da nova geração – Fielder e 307 SW – desafiam a Marea, que assistiu de perto à invasão das minivans e se mantém na disputa.
3º – Marea Weekend ELX
Pelo retorno que recebemos dos leitores, podemos deduzir, com relação à Weekend, que há uma relação inversamente proporcional entre carros vendidos (155 unidades de janeiro a junho deste ano) e número de admiradores. Ou, então, esse fã clube é composto de uma minoria bastante ruidosa.
É só publicar algo que desagrade à fiel torcida para recebermos mensagens discordantes, em variados níveis de (mau) humor. É provável que a terceira colocação no comparativo não seja bem recebida pela turma da Marea…
Das três, a Weekend é a mais barata. A versão ELX custa 54.280 reais (R$ 133.516 – IPCA 2021). A explicação para isso está em sua cesta mais básica de equipamentos. Dotada de ABS, duplo airbag e banco traseiro bipartido – itens de série nas rivais e opcionais na Fiat –, seu preço sobe para 59.100 reais (R$ 145.372 – IPCA 2021) e ela se torna mais cara que a Fielder, que sai por 57.160 reais (R$ 140.623 – IPCA 2021).
Ainda que tenha preço convidativo, suas vendas não têm correspondido. A Fiat nega que ela esteja na marca do pênalti, mas é certo que esses números não avalizam aposta numa longevidade matusalênica para ela. Ainda mais que a perua Stilo já roda em terras européias desde 2003.
A versão ELX da Weekend vem equipada com motor 1.8 16V de 132 cavalos. Não se trata do motor Powertrain que equipa Stilo e Palio, mas sim daquele que equipava o Brava HGT. Nos testes, sua cavalaria não foi páreo para a Fielder, mas conseguiu se impor diante da Peugeot. Com 11,4 segundos para chegar aos 100 km/h, a Marea praticamente empatou com a 307 SW. Mas, na hora da retomada, nem o coletor de admissão variável ajudou a Fiat a deixar a última colocação.
No dia-a-dia, a Marea é uma perua agradável de dirigir. A suspensão vai bem na cidade e na estrada. O manuseio da alavanca de câmbio não apresenta segredos – só poderia ser um pouco mais suave, é verdade. Seu interior acomoda cinco adultos, mas pode carregar mais bagagem que a Fielder: o porta-malas, que tem capacidade para 500 litros, equiparando-se ao da 307, é 90 litros maior que o da Toyota.
No painel, as formas “mais ousadas” – termo que utilizamos quando a perua estreou por aqui –, já não impressionam. Mas a boa ergonomia está lá, intacta, com os comandos à mão.
2º – Peugeot 307 SW
A 307 assimilou uma boa lição das “inimigas” minivans. Incorporou um de seus pontos fortes, a possibilidade de rearranjar o espaço interno ajustando ou retirando os três bancos individuais da segunda fileira. E não é só isso que coloca a 307 SW em boa posição.
Das três, ela é disparado a mais bonita, tendo na dianteira a mesma cara do irmão e na traseira lanternas triangulares. Mas há um detalhe que fica acima de todos os outros e, de fato, enche os olhos. É o teto, com uma área envidraçada de 1,33 metro quadrado que permite a entrada de luz natural.
Por ser importada da França e sofrer com a alta do dólar, a 307 SW custa 69000 reais (R$ 169.724 – IPCA 2021) – quase 12000 reais a mais que a Fielder. Em termos de equipamentos, as duas estão lado a lado e trazem duplo airbag, discos ventilados nas quatro rodas com ABS e EBD. Aliás, no quesito frenagem, a 307 foi a que se deu melhor nos testes em Limeira, obtendo as melhores marcas do comparativo.
Outro destaque da 307 SW é o interior. A começar pelo computador de bordo, instalado no centro do painel (Weekend e Fielder, nas versões avaliadas, não têm o item nem como opcional). Merecem boa nota a distribuição dos comandos, com tudo à mão, e o ótimo acabamento interno, que utiliza materiais de qualidade e agradáveis ao toque.
Ao volante, a Peugeot agrada àqueles que gostam de curvas mais fortes. O acerto mais duro da suspensão não afronta o conforto da família, mas assusta com batidas secas quando se passa sobre imperfeições do asfalto.
O toque mais esportivo da suspensão não encontra correspondência na alavanca de câmbio, que nas trocas mais apressadas reclama na forma de alguns arranhões. Isso explica o fato de, apesar de contar com o motor 2.0 16V de 138 cavalos, o mais potente do comparativo, a 307 SW ter ficado 1,3 segundo atrás da Fielder ” que precisou de apenas 10,3 segundos no 0 a 100 km/h.
1º – Toyota Fielder
As vendas da Fielder têm surpreendido até a Toyota. Com uma expectativa inicial de 400 carros ao mês, a perua acumulou mais de mil unidades vendidas nos dois primeiros meses de vida. O desempenho nas lojas pode encontrar justificativa na boa impressão causada pelo sedã, um sucesso de vendas desde que foi lançado, em julho de 2002.
Mas também pela boa relação custo/benefício da perua Toyota em relação à concorrência. Foi justamente esse o ponto que fez a Fielder consolidar a liderança neste comparativo. Na versão manual, ela custa 57160 reais e traz um bom pacote de série: ABS, EBD, duplo airbag, direção hidráulica e trio elétrico. A 307 SW também conta com todos esses itens, mas é bem mais cara que a Fielder.
Assim como a SW está para o hatch 307, o interior da Fielder é igualzinho ao do Corolla sedã. Na verdade, só a padronagem dos bancos e, claro, a parte traseira do carro vão diferenciar a perua do sedã. O design, apesar de ser mais conservador que o da Peugeot, é simples e funcional.
Em número de porta-trecos, a Fielder é pródiga como uma minivan. São três no painel (sem contar o porta-luvas), três no console central, sendo que num deles você retira as divisórias para deixar no tamanho que quiser, e mais dois nas portas dianteiras. Em compensação, no porta-malas ela também se aproxima dos monovolumes. Com capacidade para 411 litros, perde para 307 e Marea. Nem os três pequenos compartimentos que ficam abaixo do piso do bagageiro melhoram a situação da Fielder.
Mas é andando que a Fielder abre a distância das concorrentes. Sua suspensão segue a receita do irmão, com uma boa relação entre estabilidade e conforto. O câmbio tem relações bem escalonadas e a alavanca não titubeia nos engates, permitindo trocas mais rápidas que as rivais. Mesmo não sendo titular do motor mais potente ” o 1.8 VVTi da Toyota tem 136 cavalos, contra 138 do 2.0 da Peugeot “, ela impôs um forte ritmo em todas as provas de desempenho.
O ippon da Toyota se deu na hora de medir o consumo: mostrou ser a mais econômica das três peruas, fazendo 8,3 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada, sendo seguida de perto pela 307 neste quesito.
Ficha técnica – Toyota Corolla Fielder
- Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, Cilindrada: 1794 cm³; Diâmetro x curso: 79 x 91,5 mm; Taxa de compressão: 10,0:1; Potência: 136 cv a 6000 rpm; Torque: 17,5 mkgf a 4200 rpm
- Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira; I 3,16; II. 1,90; III. 1,31; IV. 0.96; V. 0,81; Ré 3,22; Diferencial 4,32; Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha – 2500 rpm
- Dimensões: Comprimento, 445 cm; largura, 170 cm; altura, 153 cm; entreeixos, 260 cm; Peso: 1185kg
- Peso/potência: 8,7 kg/cv
- Peso/torque: 67,7 kg/mkgf
- Volumes: Porta-malas, 411 l; tanque de combustível, 55 l
- Suspensão: Barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos; Dianteira: Independente, tipo McPherson; Traseira: Eixo semi-rígido com braços transversais
- Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD
- Direção: Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica; 3,5 voltas entre batentes
- Rodas e pneus: bliga leve, aro 15; Bridgestone Potenza 195/60 R15
- Principais itens de série: Airbag duplo, ABS, alarme com controle remoto, ar-condicionado integrado frio e quente, brake-light, direção hidráulica, rádio com CD player, vidros, travas e retrovisores elétricos, volante regulável em altura
- Principais itens opcionais: Sensor de estacionamento, farol de neblina, racks no teto
- Garantia: 3 anos sem limite de quilometragem
- Preço: 57.160 reais (R$ 140.623 – IPCA 2021)
Ficha técnica – Peugeot 307 SW
- Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas; Cilindrada: 1997 cm³; Diâmetro x curso: 85 x 88 mm; Taxa de compressão: 10,8:1; Potência: 138 cv a 6000 rpm; Torque: 19,4 mkgf a 4100 rpm
- Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira; I. 3,45; II. 1,86; III. 136; IV. 1,05; V. 0,86; Ré 3,40; Diferencial 4,05; Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha – 2500 rpm
- Carroceria: Dimensões: Comprimento, 442 cm: largura, 176 cm; altura, 154 cm; entreeixos, 271 cm; Peso: 1355kg
- Peso/potência: 9,8 kg/cv
- Peso/torque: 69,8 kg/mkgf
- Volumes: Porta-malas, 520 l; tanque de combustível, 60 l
- Suspensão: Molas helicoidais e amortecedores pressurizados; Dianteira: Independente, tipo McPherson com braços triangulares inferiores; Traseira: Barra de torção com braços longitudinais
- Freios: Disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD
- Direção: Tipo pinhão e cremalheira com assistência hidráulica; 3 voltas entre batentes
- Rodas e pneus: Liga leve, aro 15; Continental Premiun Contact 195/65 R15
- Principais itens de série: Ar-condicionado, ABS, alarme com acionamento a distância, bancos com regulagem de altura, computador de bordo, check control, CD player, duplo airbag, direção hidráulica, retrovisores, travas e vidros elétricos
- Principais itens opcionais: Airbags laterais, espelho fotocromático, sensor de chuva, faróis com acendimento automático
- Garantia: 1 ano sem limite de quilometragem
- Preço: 69.000 reais (R$ 169.724 – IPCA 2021)
Ficha técnica – Fiat Marea ELX
- Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas; Cilindrada: 1746cm³; Diâmetro x curso: 82 x 82,7 mm; Taxa de compressão: 10,3:1; Potência: 132 cv a 6500 mm; Torque: 16,7 mkgf a 4000 mm
- Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira; I 3,91; II 2,24; III. 1,52; IV. 1,16; V. 0,92; Ré 3,91; Diferencial 3,87; Rotação do motor a l00 km/h em 5ª marcha – 2500 rpm
- Carroceria: Dimensões: Comprimento, 449 cm; largura, 174 cm; altura, 153 cm; entreeixos, 254 cm; Peso: 1270kg
- Peso/potência: 9,6 kg/cv
- Peso/torque: 76 kg/mkgf
- Volumes: Porta-malas, 500 l; tanque de combustível, 63 l
- Suspensão: Molas helicoidais e amortecedores pressurizados; Dianteira: Independente, do tipo McPherson com braços triangulares; Traseira: Barra de torção e braços oscilantes longitudinais
- Freios: Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
- Direção: Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica; 3 voltas entre batentes
- Rodas e pneus: Liga leve, aro 15; Pirelli P6000 195/60 R15
- Principais itens de série: Ar-condicionado, brake light, conta-giros, direção hidráulica, faróis de neblina, frisos laterais, pára-choques na cor do veículo, rádio com CD player, retrovisores, travas e vidros elétricos, volante com regulagem de altura
- Principais equipamentos opcionais: ABS, banco traseiro bipartido, bancos em couro, duplo airbag, retrovisor interno eletrocrômico, side bag, regulagem de altura e lombar elétrica do banco do motorista
- Garantia: 1 ano sem limite de quilometragem
- Preço: 54.280 reais (R$ 133.516 – IPCA 2021)