Após cerca de dois anos importando o Range Rover Evoque, a Land Rover celebrou bem à brasileira o retorno da produção do SUV na fábrica de Itatiaia (RJ). Confiante na recuperação econômica do Brasil nos próximos anos, a britânica não apenas retomou a montagem local do Evoque, como também adiantou uma desejada parceria para “atualizar” o passado.
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Em parceria com a Weg — fabricante brasileira de motores elétricos — a Land Rover deverá ampliar os serviços de sua clínica de restauração, oferecendo a conversão de modelos clássicos em elétricos. O primeiro carro apto à mudança será o Defender. O desejo é de que, ainda na primeira metade do ano que vem, os clientes possam levar suas unidades do jipão para a transformação.
O projeto será conduzido por mão-de-obra treinada e com acesso a recursos exclusivos, mas sua viabilidade dependerá de testes, que começarão em janeiro com um Defender 110 convertido para avaliação. Fontes ouvidas por QUATRO RODAS em visita à planta de Itatiaia estimam preço na casa de R$ 120.000 pela mudança.
Torque de sobra
Além da restauração do jipe com acesso a componentes originais e exclusivos, os Defender elétricos usarão um conjunto da catarinense Weg feito para micro-ônibus e pequenos caminhões. Ainda que a potência seja de apenas 110 cv, o torque será de generosos 52,9 kgfm, ampliando as possibilidades de uso do carro.
As baterias do conjunto darão uma autonomia de 200 km ao Defender 110, que irá de 0 a 100 km/h em cerca de 12 segundos, segundo a marca. A capacidade de carga do clássico mais do que dobrará, chegando aos 2.034 kg (incluindo passageiros).
Como as pesadas baterias ficarão próximas ao solo, o Defender 110 terá seu ângulo de ataque reduzido, ao passo que o centro de gravidade mais baixo deverá melhorar o seu problema crônico de rolagem da carroceria.
Mercado quente
Por mais que os carros elétricos sejam “inimigos” da maioria dos saudosos, o chamado restomod vem ganhando espaço entre os antigomobilistas. A ideia é preservar a estética do carro ao mesmo tempo que o motor elétrico simplifica a manutenção e oferece ganhos de performance e confiabilidade.
Tão pequenos que cabem até em uma mochila, os motores elétricos também começaram a ser vendidos à parte, como fez a Ford com a unidade de potência do Mustang Mach-E. A montadora americana também fez um restomod da F-100, adicionando ousadias que a Land Rover não fará, como uma central multimídia que é a mesma da nova Ranger.
Futuro tecnológico
A Land Rover preparou um evento de gala no qual exibiu a primeira unidade do Ranger Rover Evoque montada no Brasil após a retomada.
O SUV será finalizado na cidade fluminense junto ao Discovery Sport. Por mais que cerca de 90% das peças venham do Reino Unido, o motor é brasileiro: o Ingenium 2.0 turboflex com 250cv e 37,2 kgfm é montado aqui.
O Evoque SE, de entrada, parte dos R$ 377.950, incluindo novo design de rodas, teto solar panorâmico, sistema de som premium e novo sistema de multimídia. O topo de linha R-Dynamic HSE acrescenta couro Windsor, controle de cruzeiro adaptativo e inovações como a função Capô Transparente.
Menos é mais
A polêmica em torno do design do novo Range Rover não intimidou a JLR, que seguirá buscando a tendência cada vez mais comum do “luxo moderno”, no qual opulência e ostentação dão lugar à sobriedade, tecnologia e sustentabilidade.
“Menos é mais. (Teremos) produtos muito mais limpos, com cores mais claras e poucas opções (…). E nada de desconto”, disse François Dossa, executivo da Land Rover na matriz britânica.
Dossa ressaltou bem a inspiração no modelo de negócios da grife francesa Hermès, que mantém seus produtos altamente exclusivos mas vem recorrendo a compostos mais sustentáveis. “A Hermès lançou uma bolsa de cogumelo inacreditável. (…) Estamos trabalhando, no Brasil, com eucalipto”, completou.
O futuro da Land Rover será mais minimalista, ao contrário dos concorrentes que, na palavra do executivo, tem excessos de funções e recursos. Ao mesmo tempo, porém, a marca quer ser vista como uma “empresa de tecnologia”, ao contrário do papel evidente de fabricante de carros.
Frédéric Drouin, presidente da JLR na América Latina e Caribe, ainda citou o exemplo da Tesla, ressaltando que a semelhança entre as duas teria a ver só com o modo de avaliação dos investidores. Nesse caso, o valor de mercado de uma companhia (assim como a paciência dos acionistas) mudaria, em fenômeno semelhante ao que permitiu a empresa de Elon Musk se tornar a fabricante mais valiosa do mundo.