Criar uma nova geração de um carro requer investimentos altíssimos, que facilmente excedem os bilhões de reais. É por isso que se leva mais de meia década para que um veículo ganhe seu sucessor, dando tempo de o investimento se pagar. Mas alguns aspectos do carro envelhecem mais rápido do que esse prazo, e reestilizações são um meio-termo interessante.
No caso da Chevrolet, é um recurso fundamental: a Spin 2025 já estreou seu facelift e a nova S10 será apresentada este mês. Na virada de 2024 para 2025, será a hora de atualizar os protagonistas da General Motors no Brasil: Onix, Onix Plus e Tracker.
A atual geração de Onix e Onix Plus foi apresentada em 2019, com recepção muito mais positiva, em termos de design, do que seus maiores concorrentes Hyundai HB20 e HB20S. A dupla da Hyundai, entretanto, recebeu o banho de loja em 2022, e já está na hora de uma resposta que virá junto de outros incrementos.
Segundo apuramos, o estilo do Chevrolet Onix 2026 será mais um submetido às diretrizes globais da marca, com elementos semelhantes até aos de modelos bem mais caros como os SUVs full-size dos Estados Unidos e novos carros elétricos. Aqui, nós já revelamos as mudanças tanto do hatch quanto do sedã.
No caso do Chevrolet Tracker 2026, uma boa referência do que vem aí é o SUV médio Trax, vendido tanto na China quanto nos EUA. Na dianteira, a grade terá formato de trapézio bem parecido com o da próxima linha Onix e, claro, com o do Trax, mais uma vez se estendendo ao fim do para-choque.
Ela não será “infinita”, como a dos irmãos mais baratos, mas também crescerá e ficará com aspecto trapezoidal. Isso pode ser disfarçado, entretanto, pelos novos nichos das lanternas auxiliares, com filetes horizontais que dão certa pretensão esportiva ao carro. A gravata do emblema segue no topo, sobre uma fina régua, mas o gosto dos brasileiros por tons em preto brilhante deve tirar espaço dos frisos cromados de antes.
Os faróis do Tracker já são afilados e, portanto, estão na moda. Mesmo assim, a GM prepara mudanças no formato das peças, que lembrarão um bumerangue, mas com traços mais retilíneos. O aspecto retilíneo também vale para os painéis que invadem a grade dianteira vindo dos faróis inferiores. O conjunto, inclusive, será full-led.
Na traseira, o espaço para mudanças é menor, limitando-as à nova assinatura visual nas lanternas e retoques nos difusores. Portanto, nada das lanternas ousadas do Trax, e até o para-choque deve ser mantido, ao contrário do que apostamos no caso de Onix e Onix Plus.
As novidades internas devem seguir quase tudo aplicado na Spin: quadro de instrumentos digital e central multimídia flutuantes, totalizando cerca de 20” em telas unidas sob a mesma moldura. A qualidade de imagem tende a ser bem superior, com funções de conectividade que incluem apps de streaming que rodam nativamente (dispensando uso de Android Auto e Apple CarPlay) e aproveitam o 4G embarcado.
Na verdade, ainda pode ir além: na China, o Chevrolet Tracker RS tem, além das novas telas, painel macio e console central elevado com freio de estacionamento eletrônico, além de freio a disco também nas rodas traseiras.
Motores revigorados
A mudança estética é chamariz para a publicidade, em movimento amplo que inclui de novos comerciais na mídia à própria atenção roubada das pessoas, que notam um carro diferente nas ruas. Essa é a isca que será completada quando o possível comprador descobrir que, além de tudo, os novos Chevrolet nacionais estão mais potentes.
Tal possibilidade decorre da mudança radical da GM, que optara por transição aguda entre seus modelos atuais para os carros elétricos, dispensando híbridos, mas voltou atrás. Os executivos perceberam que isso causaria queda brutal nas vendas em países emergentes, onde a Chevrolet poderia deixar de ser uma marca generalista até que os EVs se tornassem dominantes.
No Brasil, o esforço de eletrificação (agora gradual) começará adaptando os motores existentes às normas de emissão mais rígidas, que valem a partir do ano que vem. É, finalmente, a chegada da injeção direta aos motores 1.0 turbo e 1.2 turbo, cuja ausência em 2019 foi justificada por encarecer a manutenção.
Além de poluir menos, o 1.0 turbo dos Tracker mais barato tem boas chances de se tornar o mais potente do país nessa cilindrada. Hoje são 116 cv e 16,3 kgfm, mas na China a injeção direta já existia e levava-o 1.0 turbo aos 125 cv e 18,3 kgfm.
Isso com gasolina, que também gera 125 cv no Fiat Pulse, por exemplo. Com etanol, o SUV de Betim (MG) rende 130 cv e, portanto, o combustível brasileiro pode ser o tira-teima que renderá mais um trunfo de vendas para a General Motors. No caso do 1.2 turbo, a injeção direta e os novos ajustes têm chances de levá-lo aos 137 cv e 22,4 kgfm, frente aos 133 cv e 21,5 kgfm atuais.