A Bugatti rouba a cena no Salão de Genebra deste ano, que vai até o dia 17 de março, ao apresentar o novo carro mais caro do mundo.
É o Bugatti La Voiture Noire (O Carro Preto, em francês), inspirado no modelo Type 57 SC Atlantic, um dos carros mais notáveis da História da marca.
O design do Bugatti Atlantic se tornou ícone na indústria e inspirou diversos modelos de marcas diferentes. Em 1995, por exemplo, a americana Chrysler apresentou um conceito chamado Chrysler Atlantic.
Segundo a Bugatti, além do La Voiture Noire, o novíssimo Chiron traz sinais da influência do Type 57 SC Atlantic.
No caso do Voiture Noire, a inspiração é explícita. Sua frente é longa, seus para-lamas ressaltados, a carroceria possui um friso longitudinal e há seis saídas de escapamento na traseira.
O Voiture Noire é equipado com motor W16 8.0, do Bugatti Divo, que rende 1.500 cv e 163,3 kgfm de torque.
Seu nome veio do apelido do mais famoso dos exemplares do Type 57 original, produzidos nos anos de 1930.
Fabricado mais precisamente entre os anos de 1936 e 1938, o Atlantic teve apenas quatro exemplares produzidos.
O primeiro, dono do chassi número 57.374, foi vendido ao banqueiro inglês Victor Rothschild.
O segundo, chassi 57.453, ficou com Jean Bugatti, filho do fundador da marca Ettore Bugatti, que estava no controle dos negócios desde o início da década de 30.
O terceiro, chassi 57.473, pertenceu ao comerciante francês Jacques Holzschuh. E o quarto, 57.591, foi entregue ao colecionador inglês Brition R. B. Pope.
Três desses modelos estão atualmente nas mãos de colecionadores.
O quarto carro tem uma história particularmente trágica e ao mesmo tempo curiosa. Ele foi completamente destruído em um acidente em que o motorista morreu.
Décadas depois, porém, esse Bugatti ressurgiu após passar por uma complexa restauração e hoje pertence ao estilista norte-americano Ralph Lauren, colecionador de fama reconhecida.
Em 2013, esse Bugatti venceu o famoso Concorso d’Eleganza Villa d’Este realizado em Cernobbio, às margens do Lago Como, na Itália.
O segundo modelo que tinha a cor preta – e por isso foi apelidado de La Voiture Noire – teve o paradeiro desconhecido.
Jean Bugatti usava esse carro para seu lazer e também em eventos da fábrica ou particulares que reuniam amigos do empresário, pilotos e clientes.
Seu sumiço é um mistério até mesmo para a fábrica.
Não se sabe se ele foi vendido ou se foi guardado em algum lugar desconhecido para ficar à salvo do exército alemão que invadiu a região francesa da Alsácia, onde se localiza a fábrica da Bugatti, durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial.
A fábrica de Molshein foi sede da Bugatti desde a fundação em 1909 até o fechamento da fábrica no início dos anos de 1960, quando a marca foi vendida para a rival Hispano Suiza (que fechou em 1968).
Quando a marca foi relançada, em 1982, pelas mãos do italiano Romano Artioli, a sede da empresa foi estabelecida em Modena, na Itália.
A empresa de Artioli durou até 1995 e a marca foi comprada pela VW em 1998, que decidiu regressar a Molsheim, adquirindo também o Chateau Saint Jean, que pertenceu à família Bugatti e construindo ao lado a atual fábrica dos hipercarros.
O preço do novo La Voiture Noire apresentado em Genebra é de 11 milhões de euros o que equivale a R$ 46,97 milhões (com o euro cotado a R$ 4,27), sem impostos.
Com o prêmio da mega-sena acumulado para o concurso 2131 em R$ 80 milhões daria para comprar o novo Bugatti. Mas a única unidade produzida já foi vendida. O proprietário seria o ex-presidente do Grupo Volkswagen, Ferdinand Piech.