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Novo carro nacional custará R$ 60.000 e promete 20 km/l

Carros muito baratos e com consumo extraordinário, ou o relançamento de antigos sucessos: essas promessas dão audiência e há muita gente explorando mentiras

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 jan 2025, 18h53
Carro barato e econômico brasileiro
Apenas um carro fictício criado por inteligência artificial (Arte/Quatro Rodas)
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Nós adoraríamos dar uma manchete como a que está no título, mas precisamos trabalhar com a verdade. Nem sempre a notícia que publicamos é aquilo que gostaríamos ou algo que daria uma grande repercussão. É preciso estar atento a factoides criados só para chamar atenção nos mecanismos de busca.

É só fazer a busca: tem um monte de site e canal do YouTube dizendo que uma suposta nova geração do Chevrolet Celta está com lançamento confirmado. Mas esse carro não existe, usam fotos do Chevrolet Aveo, que é fabricado na China e vendido em mercados como o México.

novo celta
(Reprodução/Google)

Outros estão revelando uma suposta nova geração do Ford Escort ou partindo para títulos mais genéricos como “Uma nova opção de SUV subcompacto no mercado brasileiro”. O motivo? Ter audiência a qualquer custo. Mas meu objetivo aqui é chamar a atenção para tudo isso.

É curioso ver esses sites distorcendo a realidade. É fato que existe uma nova geração do Chevrolet Monza à venda na China e que, graças ao seu sistema híbrido leve, faz até 21 km/l no ciclo chinês, que é bastante otimista. Mas há quem já tenha descoberto o preço e a data de lançamento no Brasil:

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“Por R$ 43 mil: Novo Chevrolet Monza 2024 chega a indústria automotiva e desafia reinado do Corolla e Sentra!”

O mesmo site republicou a mesma notícia SEIS VEZES e ainda foi copiado. Em outro lugar esse título apareceu assim:

“Chevrolet faz o que ninguém podia acreditar e confirma retorno triunfal de seu principal carro por 43 mil”

novo monza
(Reprodução/Google)

Esses títulos, por incrível que pareça, não são de sites dedicados a automóveis. Na verdade, são de sites que vivem justamente disso: distorcer notícias de veículos sérios em tom alarmista para atrair uma audiência efêmera dos mecanismos de busca. Muitos deles, inclusive, publicam a mesma coisa várias vezes, com alguma regularidade, para espremer ao máximo esse potencial de audiência.

Outro caminho usado por esses sites é o de reciclar novas leis. Toda hora aparece algo sobre a “nova lei dos faróis”. Todo mundo tem medo de tomar multa à toa, mas essa lei, a 14.071/2020, está prestes de completar quatro anos em vigor.

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Lei dos faróis
(Reprodução/Google)

O mesmo vale para a lei de cadeirinhas infantis, estabelecida em 2021 e que ainda é apresentada como novidade com alguma regularidade. Também exploram a lei da película nos vidros e a “ nova lei dos retrovisores” que “pode pesar no bolso do motorista”, mas é apenas legislação para o tamanho dos retrovisores de carros produzidos a partir do último mês de janeiro e que não é retroativa. Impacta a vida do fabricante, mas não a do consumidor.

“Nova lei dos retrovisores já está em vigor e vale em todas as ruas do Brasil” era a segunda “notícia” mais lida no Google Discovery no Brasil em 29/11/2024. Não é a novidade prometida nem se trata de algo tão urgente, mas ao menos as leis realmente existem. 

lei da cadeirinha
(Reprodução/Quatro Rodas)
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Mentira é a história sobre a CNH para carros automáticos: dizem que já está aprovada e prestes a entrar em vigor, mas ainda há muitos trâmites na Câmara dos Deputados e no Senado Federal pela frente até que isso torne-se realidade.

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Ainda tem a Inteligência Artificial, que foi o que usamos para criar o carro fictício que ilustra este texto, e também é uma ferramenta usada na criação de imagens ou vídeos daquelas que seriam novas encarnações de carros do passado. Nessas, sobrou até para o Renha Formigão, uma obscura picape fora-de-série criada no Rio de Janeiro nos anos 80.

Formigão
(Reprodução/Google)
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“Volkswagen surpreende e anuncia seu modelo Formigão, uma releitura da Picape Brasileira que fez sucesso e caiu nas graças dos motoristas”, diz o enorme título recente. É para rir: o Formigão não era um Volkswagen (só usava o chassi VW), não fez sucesso e tampouco caiu nas graças dos motoristas. O maior feito do Formigão original foi antecipar o estilo da Tesla Cybertruck.

Não há problema nenhum em imaginar como seria. Errado é apresentar isso como algo verdadeiro, que já foi confirmado, que já tem data para acontecer. O que dirão a quem está aguardando pela volta do Celta?

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