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VW Gol e Fiat Uno: coronavírus ameaça os 2 carros mais populares do Brasil

Crise gerada pela covid-19 congelou projetos dos sucessores dos respectivos compactos e deixou grande ponto de interrogação acerca do futuro deles

Por Leonardo Felix
4 jul 2020, 07h00
VW Gol e Fiat Uno
(Arte/Quatro Rodas)

Executivos dos principais fabricantes automotivos instalados no Brasil já avisaram que a crise do coronavírus gerará um rombo bilionário no setor. A Volkswagen, por exemplo, estima um prejuízo na casa dos R$ 40 bilhões.

Quem mais deve sofrer são os projetos ainda em estágio embrionário de desenvolvimento. Por quê?

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Porque investimentos como o de VW Nivus, VW Tarek, novos SUVs da FCA, nova família de compactos da PSA e Toyota Corolla Cross já estão provisionados.

Simplesmente não dá mais para voltar atrás, em especial porque as adaptações nas respectivas fábricas já começaram. O jeito é colocar os veículos no mercado e torcer para que tragam o retorno esperado nas vendas, ajudando a estancar a sangria.

gol
Atual geração do Gol está na área desde 2008 e já passou por três reestilizações (Divulgação/Volkswagen)

No entanto, projetos que ainda dependem de aprovação da matriz ou de aporte financeiro se encontram congelados. Há boas chances de que muitos deles subam no telhado.

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Entre eles estão as novas gerações daqueles que são, nada mais nada menos, os dois automóveis mais vendidos na história da indústria automotiva nacional: Volkswagen Gol e Fiat Uno.

Fiat Uno
“Novo” Uno está na ativa desde 2010 e já recebeu dois facelifts (Divulgação/Fiat)

Não estamos exagerando: até o final do ano passado, o Gol fora responsável por quase 6,5 milhões de unidades comercializadas em todos o país, contra 3,3 milhões de exemplares do Uno.

Ambos superam as 3 milhões de unidades do VW Fusca, as 2,9 milhões do Fiat Palio e a 1,7 milhão do Chevrolet Celta, modelos mais próximos de ambos no ranking.

VW A0 SUV IN
Projeto A0 SUV da VW, que prevê o substituto do Gol, pode não sair do papel (Reprodução/Volkswagen)
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No caso do Gol, QUATRO RODAS vinha assuntando bem de perto a evolução do desenvolvimento de seu sucessor, projeto conhecido internamente como A0 SUV, VW246, Polo SUV ou… Novo Gol.

Com lançamento inicialmente previsto para o primeiro semestre de 2022, o modelo vinha sendo projetado para substituir Gol, Fox e Up! de uma só vez.

Sua plataforma seria a MQB A0 de Polo, Nivus, Virtus e T-Cross, porém com simplificações e dimensões reduzidas. Já havia, inclusive, um acordo fechado com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté para produção do A0 SUV naquela fábrica.

farol full led Volkswagen Golf 2020 geração 8 (12)
Faróis do A0 SUV terão formato inspirado no Golf, incluindo os filetes de led “puxadinhos” nas laterais (Divulgação/Volkswagen)

O estilo seria de um hatch altinho e com vão livre generoso do solo, como um Renault Kwid, só que mais comprido e largo. O visual teria dianteira inspirada na oitava geração do Golf.

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Com a crise do coronavírus, o andamento do projeto está congelado pelo menos até agosto, quando a VW decidirá sobre sua continuidade ou não.

Grade Fiat Strada
Novo Uno se inspiraria na Strada em termos visuais, juntando elementos do atual Uno e do Argo na plataforma (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Já o grupo FCA discutia no ano passado se iria criar ou não uma nova geração para o hatch Uno. A ideia seria substituir de uma vez o atual hatch e também o Mobi, diretamente dele derivado e que nunca vingou.

Assim como a nova Strada, o novo Uno muito provavelmente usaria uma plataforma com elementos do Argo e também do atual Uno. Sua chegada não ocorreria antes de 2023.

Sobre ele, as informações são ainda mais obscuras: o projeto simplesmente deixou de ser discutido internamente, o que dá indícios para acreditar que tenha sido abortado (e não apenas congelado).

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Sendo assim, o que esperar? A morte de Gol e Uno, dois projetos que remetem aos anos de 2008 e 2010, respectivamente? Ou uma sobrevida das atuais gerações?

O caso do Gol parece ser mais fácil: o modelo ainda vende relativamente bem e tem apelo entre frotistas. Caso a VW o equipe com controle eletrônico de estabilidade, ele ficará pronto para mais alguns anos de existência.

Quanto ao Uno, este recentemente foi relegado à condição de coadjuvante pela Fiat, com uma gama de versões muito enxuta e participação modesta nos emplacamentos.

Para recuperar relevância, certamente terá de passar por uma reformulação de pacotes e motorização, talvez até visual. Mas também tende a ter sua vida útil esticada até onde a corda permitir.

Ou seja: na ausência de Gol e Uno novos, as marcas farão de tudo para conseguir vender os modelos veteranos por mais alguns bons anos. A ver até onde o fôlego de ambos os permite chegar.

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